Embrapa Mandioca e Fruticultura
Sistemas de Produção, 13
ISSN 1678-8796 Versão eletrônica
Jan/2003
Cultivo da Mandioca para o Estado do Pará
Pedro Luiz Pires de Mattos
Eloisa Maria Ramos Cardoso

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Mudas e sementes
Plantio
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Colheita e pós-colheita
Mercado e comercialização
Coeficientes técnicos
Referências bibliográficas
Glossário


Expediente

Doenças


Podridão radicular
Bacteriose
Superalongamento
Viroses

Podridão radicular

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A podridão radicular é um dos fatores  limitantes da produção de mandioca em algumas áreas da Região Norte. A doença é particularmente importante nos ecossistemas da Várzea e Terra Firme dos Estados do Pará, Amazonas e Amapá. Estima-se que,  na Região Amazônica as perdas chegam a ser superiores a 50% na Várzea, podendo atingir até 30% na Terra Firme. Em alguns casos, têm-se observados prejuízos totais, principalmente em plantios conduzidos em áreas constituídas de solos adensados e sujeitos a constantes encharcamentos.

Entre os agentes causadores da podridão radicular destacam-se, como mais importantes, Phytophthora spp, Pythium scleroteichum e Fusarium solani, não somente pela abrangência geográfica, mas principalmente por ocasionarem severas perdas na produção. Entretanto, outros agentes causais como Diplodia sp, Scytalidium lignicola sp e Botriodiplodia sp e Colletotrichum gloeosporioides podem, em muitas áreas favorecidas por um microclima, tornar-se patógenos potencialmente prejudiciais à cultura. Em se tratando de Phytophthora sp, embora alguns estudos mostrem que a sua ocorrência é mais acentuada nos plantios de mandioca em áreas sujeitas a encharcamento, com textura argilosa e de pH neutro ou ligeiramente alcalino, no Pará tem-se observado a ocorrência da doença em solos ácidos e arenosos.  No caso de Fusarium sp, acredita-se que sua sobrevivência está relacionada a solos ácidos e adensados.

Os sintomas da podridão radicular são bastante distintos e dependem fundamentalmente dos agentes causais. Normalmente, Phytophthora sp ataca a cultura na fase adulta, causando podridões “moles”, cuja característica é a presença de odores muito fortes, semelhante ao que se observa em matéria orgânica em decomposição; mostram uma coloração acizentada que se constitui dos micélios ou mesmos esporos do fungo nos tecidos afetados. O aparecimento de sintomas visíveis é mais freqüente em raízes que completaram a sua maturação fisiológica; entretanto, existem casos de manifestação de sintomas na base das hastes jovens ou em plantas recém-germinadas, resultando em murcha e morte total. No caso do Fusarium sp, os sintomas podem ocorrer em qualquer estádio do desenvolvimento da planta e raramente causam danos diretos às raízes. O ataque ocorre no colo da haste, junto ao solo, causando infecções e muitas vezes obstruindo totalmente os tecidos vasculares, impedindo a livre circulação da seiva e, conseqüentemente, provocando podridão indireta das raízes. Ao contrário de Phytophthora sp, os sintomas provocados nas raízes pelo ataque de Fusarium sp são caracterizados por uma podridão de consistência seca e sem o aparente distúrbio dos tecidos.

Quanto às medidas de controle, envolvem a integração do uso de variedades tolerantes, associadas a práticas culturais como a rotação de culturas, manejo físico e químico do solo, sistemas de cultivo e outras. Na Região Norte, trabalhos de pesquisa executados nas várzeas mostraram que o uso de variedade tolerante, associado à rotação de culturas e sistemas de plantio, possibilitou a redução da podridão em cerca de 60%. As variedades consideradas tolerantes à podridão radicular até então conhecidas são:  Zolhudinha, Mãe Joana e  Embrapa 8 (Estado do Amazonas) e  Poti e Mani (Estado do Pará).

Bacteriose

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A bacteriose, causada por Xanthomonas  campestris pv. Manihotis, é uma das principais  doenças da mandioca em várias regiões regiões do País. No Estado do Pará, devido a pequena variação de temperatura diurna e noturna, as condições ambientais são desfavoráveis para que a doença se manifeste de forma severa, ocorrendo de maneira restrita na forma de manchas angulares nas folhas.

Os sintomas da bacteriorse caracterizam-se por manchas angulares, de aparência aquosa, nos folíolos, murcha das folhas e pecíolos, morte descendente e exsudação de goma nas hastes, além de necrose dos feixes vasculares e morte da planta. Os prejuízos causados pela bacteriose variam com as condições climáticas, suscetibilidade ou tolerância dos genótipos, práticas culturais empregadas, épocas de plantio e nível de contaminação do material de plantio. Quanto às condições climáticas, a variação brusca de temperatura entre o período diurno e noturno é o fator mais importante para a manifestação severa da doença. Considera-se a amplitude diária de temperatura superior a l0ºC, mantida durante um período constante acima de 5 dias, condição ideal para o pleno desenvolvimento da doença. Em geral, as perdas de produção podem ser estimadas em 30%; em cultivos implantados com variedades suscetíveis e em locais com condições favoráveis para o desenvolvimento da doença os prejuízos podem ser totais. Por outro lado, em genótipos tolerantes, mesmo com a ocorrência de condições favoráveis, as perdas de produção chegam no máximo a 30%.

A utilização de genótipos resistentes é a medida mais eficiente para o controle da bacteriose; também contribuem práticas culturais como a seleção de material propagativo e a adequação das épocas de plantio. As variedades atualmente em uso nas áreas de ocorrência da bacteriose caracterizam-se por apresentar uma tolerância aceitável à doença. 

Superalongamento

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O superalongamento, causado por Sphaceloma manihoticola, é uma das doenças de origem fúngica mais importantes da cultura da mandioca. No Brasil, a sua ocorrência foi constada pela primeira vez em 1977, na Região Norte, em lavouras implantadas nos Estados do Amazonas e Pará. Atualmente, a doença encontra-se sob controle, não constituindo problema para a mandioca.

Os principais sintomas da doenças caracterizam-se pelo alongamento exagerado das hastes tenras ou em desenvolvimento, provocado pelo ácido giberélico induzido pelo fungo, formando ramas finas com longos entrenós. Em casos severos as plantas afetadas podem ser identificadas pelas lesões típicas de verrugoses nas hastes, pecíolos e nervuras; também é comum observar retorcimento das folhas, desfolhamento e morte dos tecidos. Durante a estação chuvosa, a disseminação da doença é bastante rápida, pois os esporos são facilmente transportados a longa distância pela ação do vento e da chuva. O estabelecimento da doença em uma área anteriormente livre ocorre principalmente por meio de manivas-semente contaminadas.

Os prejuízos causados pelo superalongamento dependem do nível de inóculo inicial, da suscetibilidade das cultivares utilizadas e das condições climáticas. Em cultivar suscetível originada de plantação afetada e com ocorrência de condições ambientais favoráveis ao desenvolvimento da doença as perdas de produção podem atingir até 70%, enquanto que em cultivar tolerante, sob as mesmas condições, a perda no máximo, chegará a 30%.

As medidas de controle ao superalongamento são basicamente a seleção de ramas sadias para o plantio, eliminação de plantas infectadas, uso de cultivares tolerantes ou resistentes e rotação de culturas nas áreas anteriormente afetadas.


Viroses

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Existem três tipos de doenças viróticas na mandioca (mosaico das nervuras, couro de sapo e mosaico comum) que podem  influenciar indiretamente na redução da produtividade da cultura.

O “couro de sapo” tem sido observado de modo muito restrito em algumas lavouras localizadas nos Estados do Amazonas, Pará e Bahia. Atualmente a doença não tem sido observada nas áreas de produção de mandioca, não constituindo problema para a cultura. Entretanto, a doença é considerada como potencialmente importante, pois sua manifestação severa em plantios de mandioca pode inviabilizar economicamente as atividades relacionadas com a produção de matéria-prima. Estima-se que um ataque severo do vírus pode provocar uma redução em torno de 70% na produtividade ou até mesmo perdas totais em genótipo suscetível. O vírus pode também reduzir drasticamente a qualidade do produto, especialmente quanto aos teores de amido nas raízes, cuja redução pode variar de 10 a 80%. Como métodos de controle das viroses são sugeridos a seleção de material de plantio, uso de variedades resistentes e eliminação de plantas afetadas dentro do cultivo.

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