Embrapa Mandioca e Fruticultura
Sistemas de Produção, 13
ISSN 1678-8796 Versão eletrônica
Jan/2003
Cultivo da Mandioca para o Estado do Pará
Pedro Luiz Pires de Mattos
Eloisa Maria Ramos Cardoso

Início

Importância econômica
Clima
Solos
Adubação
Cultivares
Mudas e sementes
Plantio
Irrigação
Tratos culturais
Plantas daninhas
Doenças
Pragas
Uso de agrotóxicos
Colheita e pós-colheita
Mercado e comercialização
Coeficientes técnicos
Referências bibliográficas
Glossário


Expediente

Solos

Preparo do solo

 


Na escolha da área para o plantio de mandioca deverão ser consideradas as condições de clima e solo favoráveis ao cultivo.
Com relação à topografia, deve-se buscar terrenos planos ou levemente ondulados, com uma declividade máxima de 5%. Deve-se também utilizar práticas conservacionistas do solo, evitando perdas acentuadas do solo e da água por erosão. 

Como o principal produto da mandioca são as raízes, ela necessita de solos profundos e friáveis (soltos), sendo ideais os solos arenosos ou de textura média, por possibilitarem um fácil crescimento das raízes, pela boa drenagem e pela facilidade de colheita. Os solos argilosos são indesejáveis por serem mais compactos que os de textura média, dificultam o crescimento das raízes e apresentam um maior risco de encharcamento, provocando o apodrecimento das raízes, além de que nestes solos verifica-se uma maior dificuldade na colheita, principalmente se ela coincide com a época seca. Os terrenos de baixada, com topografia plana e sujeitos a encharcamentos periódicos, são também inadequados para o cultivo da mandioca, por provocarem um pequeno desenvolvimento das plantas e o apodrecimento das raízes. É importante observar o solo em profundidade, pois a presença de uma camada compactada ou de impedimento imediatamente abaixo da camada arável pode limitar bastante o crescimento das raízes, além de prejudicar a drenagem e a aeração do solo.

A faixa favorável de pH é de 5,5 a 7, sendo 6,5 o ideal, embora a mandioca seja menos afetada pela acidez do solo do que outras culturas. A mandioca produz bem em solos de alta fertilidade, apesar de que rendimentos satisfatórios também são obtidos em solos degradados quimicamente com baixo teor de nutrientes, onde a maioria dos cultivos tropicais não produziria satisfatoriamente. Aumentos consideráveis de produção são conseguidos por meio da calagem e adubação das terras de baixa fertilidade. A aplicação de matéria orgânica (esterco de curral, torta de mamona e adubos verdes) tem grande influência na produção da mandioca. 


Preparo do solo

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Além do controle de plantas daninhas, o preparo do solo visa melhorar as suas condições físicas para a brotação das manivas, crescimento das raízes e das partes vegetativas, pelo aumento da aeração e infiltração de água e redução da resistência do solo ao crescimento radicular. O preparo do solo adequado permite o uso mais eficiente da calagem, adubação e de outras práticas agronômicas. 

Se for necessário desmatamento e destoca mecanizada para a instalação do mandiocal,, deve-se evitar muita movimentação da camada superficial o que desestrutura o solo e remove a matéria orgânica. Em ambos os casos, deve-se deixar faixas de vegetação natural, bem como efetuar o enleiramento em nível (“cortando” as águas) dos restos vegetais que não apresentem valor econômico.

O preparo do solo deve ser o mínimo possível, apenas o suficiente para a instalação da cultura e para o bom desenvolvimento do sistema radicular, segundo as curvas de nível do terreno. A aração quando recomendada, em solos com camada de impedimento, deve chegar no máximo até 30 cm de profundidade seguida de duas gradagens em sentido cruzado, deixando-se o solo bem destorroado para ser sulcado e plantado. Para os plantios em fileiras duplas, deve-se  preparar o solo apenas nas linhas duplas de plantio. No caso de pequenos produtores, o preparo do solo manual restringe-se à limpeza da área, coveamento e plantio.

Vale lembrar que o solo deve ser revolvido o mínimo possível, devendo ser preparado   com umidade suficiente para não levantar poeira e nem aderir aos implementos; além disso, deve-se alternar o tipo de implemento (por exemplo, arado de discos, arado de aiveca etc.) e a profundidade de trabalho, usar máquinas e implementos o menos pesados possíveis, acompanhar as curvas de nível do terreno e deixar o máximo de resíduos vegetais na superfície.

O preparo de área tradicional na agricultura familiar e é do tipo corte-queima, com vistas ao cultivo de culturas alimentares, apresentando inconvenientes como poluição ambiental, erosão, perda de nutrientes, além de tratar-se de um trabalho penoso com grande desgaste físico do agricultor.

Esse sistema só permite bom rendimento no primeiro ano, pois no segundo, a produtividade das culturas diminui, aumenta a infestação de ervas daninhas, e o número de capinas. Com isso o agricultor abandona a área, deixando-a em pousio, derrubando nova capoeira para continuar a produzir alimentos.

Uma alternativa que vem sendo difundida entre os agricultores familiares do nordeste paraense na perspectiva de substituir a queimada, é utilizar a técnica do feijão do abafado como uma das etapas do processo de preparo da área para implantação posterior das culturas do milho e mandioca.

Esse processo começa na primeira quinzena de maio com a broca da vegetação (geralmente capoeira até 10 anos), quando são cortados cipós e árvores finas e abertas trilhas, a fim de permitir o plantio do feijão. Após o plantio é feita a derruba da vegetação, sendo as árvores cortadas a aproximadamente 1,20 m do solo, a fim de facilitar a etapa posterior de destoca.

A superfície do solo fica enriquecida com folhas e galhos finos da capoeira, além dos restos da cultura do feijão colhido geralmente em setembro. No período de setembro a dezembro, o agricultor realiza a retirada da lenha e a destoca, utilizando a chibanca ou o guincho de alavanca. No inicio das chuvas, em janeiro, é implantado o roçado de mandioca e milho com a vantagem de não ter queimado a área, restando uma camada orgânica que impede o desenvolvimento das ervas daninhas, diminuindo o número de capinas e permitindo cultivos sucessivos por vários anos. Neste sistema obtêm-se um volume de madeira equivalente a aproximadamente 140 m3/ha, que pode ser utilizada como lenha na fabricação da farinha de mandioca ou em outras atividades podendo também ser comercializada para outros agricultores.

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