Embrapa Uva e Vinho |
Sistema de Produção de Pêssego de Mesa na Região da Serra Gaúcha |
Início Clima Cultivares Obtenção e plantio da muda Preparo do solo, calagem e adubação Condução,poda e raleio Principais Pragas Doenças fúngicas e bacterianas do pessegueiro Doenças virais do pessegueiro Doenças causadas por nematóides na cultura do pessegueiro Cuidados na aplicação de agrotóxicos Tecnologia de aplicação de agrotóxicos Manejo e pós-colheita de pêssegos Custos e rentabilidade Referências Glossário Expediente Autores |
A
qualidade da muda é fator essencial para o estabelecimento de um pomar
produtivo, capaz de produzir frutos de qualidade durante longo tempo e
rentável para o produtor. A escolha de uma muda de baixa qualidade, mesmo
que inicialmente proporcione redução no custo de implantação do pomar,
poderá trazer sérios problemas futuros. Daí a razão da obtenção de
uma muda a partir de viveiristas qualificados e devidamente registrados.
A falta de condições mínimas para a produção de mudas de qualidade implica a opção pela aquisição da muda. Além disso, em função de produzir mudas em escala comercial, o viveirista pode disponibilizar mudas de alto padrão a custo competitivo devidamente fiscalizada por órgãos oficiais. É importante, ainda, considerar que, se a decisão for pela produção de mudas para uso próprio, essas não poderão ser comercializadas, a menos que o produtor efetue seu registro junto à Secretaria da Agricultura. Obtenção
da muda de viveiristas
Caso
a decisão do produtor seja adquirir a muda, é necessário buscá-la junto
a viveiristas idôneos, qualificados e registrados junto à Secretaria
da Agricultura. Normalmente, é feita a encomenda da muda antes da fase
de enxertia, que ocorre a partir de novembro. Essa encomenda é importante
para evitar a falta de mudas ou a aquisição de mudas de baixo padrão
qualitativo.
Embora
o pessegueiro possa ser propagado por diversos métodos, comercialmente,
a obtenção de mudas é totalmente feita pela enxertia da cultivar produtora
sobre um porta-enxerto proveniente de sementes. Produção
do porta-enxerto: No
Rio Grande do Sul, pela proximidade de indústrias processadoras de pêssegos,
predomina a utilização de caroços de cultivares tardias, após seu descarte
pela indústria. A preferência por essas cultivares deve-se ao tempo
mais prolongado para maturação do embrião durante o desenvolvimento
do fruto, já que cultivares muito precoces tendem a apresentar problemas
de germinação e baixo vigor das plântulas. O desempenho dos porta-enxertos
provenientes de cultivares tardias tem sido bom, embora a mistura de
cultivares, quando do plantio dos caroços no viveiro, possa acarretar
desuniformidade das futuras mudas no pomar. Coleta e preparo da semente: As sementes devem ser coletadas, preferencialmente, de plantas matrizes sadias, produtivas e de cultivares tardias ou de meia-estação. Os frutos devem ser maduros, bem formados e sadios, o que favorece a qualidade fisiológica da semente. Após a colheita dos frutos, os caroços são extraídos manualmente (quando estes forem obtidos de cultivares com polpa não-aderente ao caroço) ou com uso de descaroçador (quando de polpa aderente ao caroço). Convém não armazenar caroços com resto de polpa por longo tempo, pois a fermentação pode elevar a temperatura das sementes e aumentar a contaminação com fungos e bactérias, desfavorecendo a qualidade das mesmas. Por isso, é conveniente lavar os caroços logo após a sua extração, retirando os restos de polpa aderidos. Outra maneira de se efetuar a limpeza dos caroços consiste em espalhá-los em camadas com cerca de 20 cm de altura, fazendo duas remoções diárias das camadas de caroços, durante 3 a 7 dias. A seguir, os caroços são submetidos ao tratamento para quebra de dormência. Quebra de dormência: As sementes das espécies frutíferas de clima temperado necessitam de um período de estratificação sob frio úmido, que varia de espécie para espécie e também entre cultivares (dormência fisiológica). Além da dormência fisiológica, as sementes de pessegueiro apresentam dormência física, devido à presença do envoltório duro e impermeável do caroço. Assim, para se obterem mudas de qualidade, torna-se necessária a estratificação das sementes (caroços ou amêndoas) em substrato umedecido sob condições de ambiente frio (5-12 ºC) por algumas semanas, antes da sua semeadura. Há, principalmente, 2 métodos para quebra de dormência: a) estratificação de
caroços - utilizam-se caixas com dimensões em torno de 60 x 40 x
50 cm, apresentando no fundo orifícios com aproximadamente 1 cm de diâmetro,
para drenagem da água de irrigação. Dentro das caixas, os caroços são
colocados em camadas alternadas com o substrato (areia, serragem curtida
e de madeira não-tratada ou solo misturado com areia ou serragem), tratando-se
cada camada com um fungicida (Captan, Tebuconazole) e, em seguida, as
caixas são colocadas em geladeira ou em câmara fria ou, ainda, deixadas
em locais sombreados. O substrato deve ser umedecido periodicamente
e após um período de aproximadamente 60 dias, os caroços são retirados,
procedendo em seguida a quebra do endocarpo (caroço) para obtenção da
amêndoa, com auxílio de um torno manual ou martelo. b) estratificação de amêndoas - esse método é mais rápido e mais eficiente, podendo a quebra de dormência ocorrer com 30 ou 40 dias de estratificação. Inicia-se com a quebra dos caroços e posterior estratificação das amêndoas em camadas umedecidas de algodão, papel de filtro ou vermiculita, contidos em bandejas. As amêndoas devem ser tratadas com fungicidas. Essas bandejas são levadas à geladeira ou câmara fria a 5-10 ºC por 30 a 40 dias, quando estarão aptas à semeadura. Pode-se ainda associar esse método ao tratamento com ácido giberélico (GA3) a 20 mg. L-1, de modo a incrementar o percentual de amêndoas germinadas. As principais desvantagens da estratificação de amêndoas são o custo, já que o material tem que permanecer em um ambiente refrigerado, a dificuldade de armazenamento de grande quantidade de amêndoas e o aumento do risco de contaminação por fungos. Semeadura
e manejo do porta-enxerto: Tão
logo for quebrada a dormência, procede-se à semeadura, a qual pode ser
feita utilizando-se os caroços ou as amêndoas. O método preferencial
é pelo uso de amêndoas, devido à germinação ocorrer em menor tempo e
com uma maior uniformidade do que quando usados caroços. O tratamento
das amêndoas com fungicidas antes da semeadura é recomendável. Produção
da muda enxertada: O
método de enxertia mais utilizado na propagação do pessegueiro é a
borbulhia de gema ativa realizada no período de primavera-verão e
utilizando-se o método de T invertido. Antes da realização da enxertia,
os porta-enxertos, que devem estar com aproximadamente 70 cm de altura
e 6 mm de diâmetro, devem sofrer uma toalete, devendo ser retiradas
as brotações até uma altura de 30-40 cm. Logo após, procede-se à enxertia.
Antes ou durante a enxertia, faz-se o tombamento da copa do porta-enxerto,
a 10 cm do ponto de enxertia. Em torno de 20 a 30 dias após a enxertia,
faz-se o corte definitivo da copa do porta-enxerto e remoção da fita
plástica. Após, efetuam-se os tratos culturais necessários para o
bom desenvolvimento das mudas, como adubações, capinas, controle de
pragas e doenças e irrigações. Em geral, a muda em raiz nua é comercializada
no inverno seguinte.
Após definida a cultivar e a forma de obtenção da muda, bem como efetuado
o preparo preliminar da área do futuro pomar, deve-se proceder uma análise
do solo para as correções de pH e fósforo. Essas correções devem ser
realizadas com, no mínimo, 30 dias antes do plantio das mudas e, de
preferência, em toda a área do pomar. Em solos com baixo teor de matéria
orgânica, pode-se utilizar a aplicação de composto orgânico ou esterco,
conforme análise do solo, 30-60 dias antes do plantio. |
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