Embrapa Uva e Vinho |
Sistema de Produção de Pêssego de Mesa na Região da Serra Gaúcha |
Início Clima Cultivares Obtenção e plantio da muda Preparo do solo, calagem e adubação Condução,poda e raleio Principais Pragas Doenças fúngicas e bacterianas do pessegueiro Doenças virais do pessegueiro Doenças causadas por nematóides na cultura do pessegueiro Cuidados na aplicação de agrotóxicos Tecnologia de aplicação de agrotóxicos Manejo e pós-colheita de pêssegos Custos e rentabilidade Referências Glossário Expediente Autores |
Escolha da área
O sucesso de um pomar depende muito do seu planejamento inicial. Dentro desse planejamento, a escolha do local e seu preparo, normalmente é negligenciado, principalmente pelo produtor inexperiente.
A topografia influencia na drenagem das águas e na temperatura ambiente. Solos planos e argilosos tendem a ter menor capacidade de drenagem das águas, enquanto que os solos declivosos tendem a não apresentar problemas com encharcamento. A exposição do pomar para o norte permite que as plantas recebam os raios solares por mais tempo e ainda ficam protegidas dos ventos frios do sul.
O preparo da área tem por finalidade assegurar que as mudas de pessegueiro sejam plantadas em condições que possam expressar todo o seu potencial produtivo. Ele consta das operações de roçagem, destocamento, lavração, gradagem, abertura das covas ou sulcamento. Roçagem - Consiste na eliminação da vegetação existente. Esta prática pode ser executada manualmente ou com tratores. Em ambos os casos, não se aconselha a queima da vegetação, apenas retiram-se os arbustos e galhos maiores, sendo o restante incorporado ao solo através de uma ou mais lavrações. Destocamento Caso a área seja coberta por mata ou outra vegetação maior, com sistema radicular mais desenvolvido, aconselha-se executar o destocamento após a roçagem da vegetação. Esta prática tem por objetivo a retirada dos tocos maiores para facilitar os demais trabalhos. Ela é feita com implementos mais pesados tracionados por tratores e eventualmente por animais. Lavração Esta prática visa a mobilização total do solo. A profundidade em que esta mobilização é feita depende do tipo de solo e dos trabalhos nele executados anteriormente. É mais comum fazer a lavração à profundidade de 20 a 25 cm. Gradagem Esta prática visa nivelar o terreno que foi revolvido. Este nivelamento permite a distribuição mais uniforme dos adubos e facilita a demarcação das covas para o plantio. Preparo das covas ou sulcamento As covas são preparadas após o nivelamento do solo, tendo as dimensões de 50 x 50 x 50 cm. Quando a topografia permite, no lugar das covas, faz-se a abertura de sulcos com profundidade de 20 a 25 cm.
Tem como finalidade eliminar prováveis efeitos tóxicos dos elementos que podem ser prejudiciais às plantas, tais como alumínio e manganês, e corrigir os teores de cálcio e magnésio do solo. Para o pessegueiro o pH do solo deve estar próximo de 6,0. No RS e SC utiliza-se o índice SMP como indicador da necessidade de calagem (Tabela 1). Deve-se dar preferência para o uso do calcário dolomítico (com magnésio) misturado em partes iguais com calcítico, sendo que o mesmo deve ser aplicado ao solo, pelo menos, 3 meses antes do plantio, distribuindo em toda área e incorporado ao solo. Tabela 1. Recomendação de calagem para solos do RS e SC.
Fonte: SBCS-NRS / Comissão de Fertilidade do Solo RS/SC
O uso de fertilizantes em pessegueiro é um investimento lucrativo, pois o fertilizante é relativamente barato comparado com o aumento de rendimento e qualidade de frutos que ele proporciona. A quantidade, a época e os tipos de fertilizantes recomendados para um determinado solo se baseia no tipo de solo, presença de plantas de cobertura, tipo de cultura, porta-enxerto, idade das plantas, produtividade do ano anterior e esperada para a próxima safra. Exigências nutricionais e sintomas de deficiência Fósforo:
Solos brasileiros são deficientes em fósforo, com teores médios em torno de 1,0 mg kg-1 (Mehlich 1), que torna necessário utilização de adubos químicos para suprir a deficiência. Os sintomas de deficiência de fósforo ocorrem em folhas maduras, onde é observado redução do tamanho, tornam-se amareladas e ainda podem apresentar limbo com manchas avermelhadas. Potássio:
Na grande maioria dos solos brasileiros o concentração de K é considerada baixa, no entanto, os solos da região da Serra Gaúcha apresentam teores de médio a elevado. Nitrogênio:
O teor de matéria orgânica é o indicador de disponibilidade de N no solo mais utilizado, mas este não tem sido muito eficaz na predição do comportamento das plantas. Cálcio: O cálcio é um elemento pouco móvel na planta, por isso os sintomas de deficiência aparecem nas folhas jovens. Essas folhas normalmente são menores do que as normais, com a superfície entre as nervuras cloróticas, com o aumento da severidade pode acorrer morte das gemas terminais. Os teores de cálcio considerados normais para o pessegueiro varia de 1,6 a 2,6% , sendo que as plantas retiram cerca de 0,2 kg de CaO para produzir 1000 kg de frutos. Magnésio:
Apesar dos teores de Mg2+ da grande maioria dos solos brasileiros serem baixos, ele não tem sido problema sério para a cultura do pessegueiro, pois, como para o cálcio, a utilização de calcário dolomítico para aumentar o pH do solo também aumenta o teor de Mg. Boro:
A grande maioria dos solos do Brasil, cultivados com pessegueiro, possuem baixo teor de boro. Existem três tipos fundamentais de adubação: a de correção, efetuada antes do plantio, a de crescimento, realizada durante a fase de crescimento das mudas (durante os dois a três primeiros anos), e a de manutenção, realizada durante a vida produtiva da planta. A primeira é feita para corrigir a fertilidade do solo para padrões de fertilidade preestabelecido, a segunda é feita para permitir o crescimento inicial das plantas e a terceira é para repor os elementos absorvidos pela planta durante o ano. Adubação de Correção:
Como o nome já diz, é feita para corrigir possíveis carências nutricionais. Nela procura-se corrigir os teores de fósforo, potássio e também boro. Tabela 2. Adubação de correção.
As fontes utilizadas para fósforo são os superfosfatos, enquanto que para o potássio recomenda-se o uso do cloreto de potássio ou sulfato de potássio. Em condições de pH menor que 6,0 há possibilidade de utilização de fosfatos naturais, mas deve-se comparar custo dessa aplicação com a aplicação de um fosfato mais solúvel. Para correção de boro recomenda-se o uso de bórax, ácido bórico e ulexita. Adubação de crescimento:
Esta adubação tem finalidade complementar a adubação de correção e suprir as plantas durante a fase sem produção de frutos. Utiliza-se esterco e/ou fertilizantes químicos à base de nitrogênio e, quando necessário, micronutrientes. A época de realização dessa operação, como o próprio nome diz, é na ocasião do plantio e durante os dois a três primeiros anos. Tabela 3. Adubação nitrogenada de crescimento.
Obs.: Muitos pomares produzem quantidades consideráveis de frutos já no terceiro ano, assim, essa adubação pode ser substituída pela adubação de manutenção. Adubação de manutenção: Tem a finalidade de repor os nutrientes que são exportados na forma de frutos. A recomendação é feita na expectativa da produtividade a ser alcançada, utiliza-se três classes de produtividade que são: < 8, 8 a 20 e > 20 t ha-1. As doses e épocas de aplicações estão nas tabelas 4, 5 e 6. Tabela 4. Doses de fertilizantes aplicados no pessegueiro para atingir produtividade menor que 8 t ha-1.
Tabela 5. Doses de fertilizantes aplicados no pessegueiro para atingir produtividade de 8 a 20 t ha-1.
Tabela 6. Doses de fertilizantes aplicados no pessegueiro para atingir produtividade maior que 20 t ha-1.
Durante os dois primeiros anos de cultivo do pessegueiro a área pode ser cultivada com uma cultura anual nas entrelinhas do pessegueiro, esta cultura intercalar deverá permitir a cobertura do solo enquanto o pessegueiro cresce. A partir do 3o ano do plantio não é mais recomendável a cultura intercalar. Contudo, a utilização da cobertura verde do solo do pomar com gramíneas e/ou leguminosas de outono-inverno é útil ao solo e ao pessegueiro. Entre vários benefícios, esta prática auxilia o controle de ervas daninhas, mantém ou aumenta o teor de matéria orgânica do solo e diminui o estresse hídrico nas primaveras e verões secos. Para atingir esses objetivos sugere-se a seguinte sistemática: Março/abril: fazer a análise do solo e realizar as correções da acidez e fertilidade do solo, necessárias para o pessegueiro e a cultura verde de cobertura do solo. Somam-se as quantidades recomendadas dos fertilizantes para as duas culturas e a incorporação deve ser feita seguindo o seguinte esquema: calagem (se necessária) - adubação orgânica e/ou química - semeadura da cultura para a cobertura verde. Roçada ou dessecamento:
a época para fazer a roçada ou dessecamento da cobertura verde varia de ano para ano. O produtor deve deixar as plantas vegetando durante o maior tempo possível, mas tendo cuidado com a competição entre as plantas de cobertura e o pessegueiro. Na região da Serra Gaúcha é tecnicamente possível manter o solo do pomar coberto até outubro. A roçada ou dessecamento é feita com roçadeira ou herbicida sistêmico (glifosato ou similar). |
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