Embrapa Hortaliças
Sistemas de Produção, 1 - 2ª Edição
ISSN xxxx-xxxx Versão Eletrônica
Dez./2006
Cultivo de Tomate para Industrialização
Autores

Sumário


Apresentação

Importância econômica
Composição nutricional
Clima
Solos
Adubação
Deficiências nutricionais
Cultivares
Produção de mudas
Plantio
Irrigação
Plantas daninhas
Doenças
Pragas
Colheita e pós-colheita
Processamento
Produção de sementes
Coeficientes técnicos
Referências
Glossário


Autores
Expediente

Plantio

Detalhes sobre escolha da área e preparo do solo, veja o item solos.

Atualmente, quase todas as áreas cultivadas com tomateiro destinado ao processamento industrial são plantadas com mudas produzidas em bandejas e transplantadas com auxílio de máquinas ou até mesmo manualmente, dispensando-se o uso de canteiros.

Para esse sistema, utiliza-se primeiramente um equipamento distribuidor de fertilizante dotado de sulcadores, distribuídos com espaçamento correspondente ao do sistema de distribuição de mudas da transplantadeira mecânica. No ato da distribuição do fertilizante, promove-se, então, o sulcamento e a fertilização, aplicando-se o fertilizante imediatamente atrás do sulcador.

Na operação de transplante, o sistema de distribuição de mudas dispõe de um sulcador que é regulado para coincidir com a linha anteriormente fertilizada, visando promover a incorporação do fertilizante no solo e evitar o contato direto das raízes das mudas com o fertilizante.

Métodos de plantio

O sistema de transplante tem como vantagens: menor gasto de sementes; menor tempo de permanência da planta no campo; redução das despesas com irrigações e pulverizações; e redução dos níveis de infecção precoce por Geminivírus e Tospovírus (ver capítulo de doenças). Em razão do alto custo do transplante manual – que é muito trabalhoso e demorado, exigindo de oito a dez dias-homens/ha –, este sistema somente se viabilizou com a introdução das máquinas transplantadeiras (Figura 1). Entretanto, a produção de mudas tem de ser feita sob rigoroso controle sanitário para evitar que elas sejam foco de disseminação de pragas e doenças.

Foto: Acervo da Embrapa Hortaliças
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Fig. 1 - Transplante mecanizado de mudas.

A introdução do sistema de transplante de mudas viabilizou, ainda, a utilização de cultivares híbridas, cujas sementes têm custo muito superior ao das cultivares de polinização aberta. O modelo de transplantadeira atualmente comercializado no Brasil tem capacidade para transplantar cerca de 120 mil mudas/dia, correspondendo ao plantio de quatro hectares de lavoura, empregando mudas produzidas em bandejas.

No transplante, utilizam-se fileiras simples, distanciadas de 1,0 a 1,2 m, com cinco plantas por metro linear, o que corresponde a uma população variável de 42 mil a 50 mil plantas/ha. Atualmente, com a utilização de cultivares híbridas mais vigorosas, existe a tendência de se utilizar, na Região Centro-Oeste, populações de 30 mil a 35 mil plantas por hectare; porém, em algumas regiões, vêm sendo utilizadas menos de 30 mil plantas por hectare.

Com transplantadeira mecânica e fileira simples, o espaçamento é de 1,0 m entre linhas e três plantas por metro linear, resultando em uma população de 30 mil plantas/ha. Com fileiras duplas, o espaçamento mais utilizado é o de 1,2 m entre as fileiras duplas e 0,7 m entre as linhas de cada fileira dupla.

Plantios adensados dificultam os tratos culturais e propiciam o aumento da umidade na superfície do solo, o que favorece o ataque de fungos causadores de podridões.

Plantio direto na palha

Esse sistema consiste em efetuar o plantio das sementes ou o transplantio das mudas sem realizar o preparo do solo com aração e gradagem, mantendo a palha da cultura anterior (Figura 2). A presença da palha protege a terra contra o impacto da chuva ou da irrigação por aspersão, favorece o controle de plantas daninhas e cria um ambiente favorável ao bom desenvolvimento do sistema radicular do tomateiro.

Foto: Vanderlei Barbosa
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Fig. 2 - Cultura de tomate utilizando o
sistema de plantio direto na palha.

Recentemente, o transplantio de mudas de tomateiro direto na palha vem sendo avaliado e introduzido na Região Centro-Oeste. Esse sistema tem como principais vantagens a melhor conservação do solo e o menor uso de máquinas na lavoura.

Nas regiões onde o tomateiro é cultivado em solos de cerrado, existe a dificuldade de implantação de culturas para a produção de palha visando à cobertura do solo. Entre as alternativas de sucessão, pode-se usar o arroz ou o milho, visando à produção de grão, ou o milheto, apenas para a produção de palhada. Como o tomateiro é plantado no período de março a meados de junho, as espécies anteriormente mencionadas são boas alternativas.

O milheto é semeado aproximadamente 55 dias antes do transplantio, utilizando-se 20 kg de sementes por hectare. O semeio pode ser feito a lanço, incorporando as sementes com uma grade niveladora.

A aplicação do herbicida visando à dessecação é feita aproximadamente 45 dias após a germinação e 10 dias antes do transplantio. O tombamento da palha do milheto pode ser feito com grade leve fechada, rolo faca ou pneu deitado, antes ou após a dessecação.

A adubação para o tomateiro é feita na profundidade de 7 a 12 cm, para evitar que as raízes das mudas entrem em contato direto com o fertilizante. Essa operação é realizada com uma adubadeira adaptada com um disco de corte e um sulcador denominado "botinha", que atua como um pequeno subsolador que trabalha à profundidade de aproximadamente 20 cm. Imediatamente atrás do sulcador, é colocada a saída de fertilizante. O número de distribuidores de fertilizantes colocados na barra de ferramentas da adubadeira e a distância entre eles deve ser igual ao número de distribuidores de mudas e a distância entre eles, para que haja coincidência das linhas e não ocorra deficiência de nutrientes em função do desvio entre as linhas de adubação e de transplante.

O maior aproveitamento da produção em função da redução das perdas por podridões e a bonificação recebida pela alta qualidade da matéria-prima têm incentivado o uso dessa técnica.

Semeadura direta

No caso de plantio por semeadura direta em fileiras simples, deve-se fazer uma ou duas gradagens e, logo a seguir, as operações de encanteiramento, sulcagem, adubação e semeadura. Quando os solos são do tipo leve e bem drenados, pode-se dispensar o levantamento de canteiros, principalmente quando se dispõe de sulcadores bem adaptados para fazer uma boa operação de amontoa. Se o plantio for em fileiras duplas, utiliza-se o rotoencanteiradorEncanteirador dotado de enxada rotativa e, sobre os canteiros, é feita a semeadura com semeadeira-adubadeira. Esse processo dispensa outra gradagem.

A adaptação de um distribuidor de adubo entre o trator e o rotoencanteirador possibilita aplicação e incorporação do fertilizante na mesma operação. O rotoencanteirador exige grande potência do trator e o trabalho é realizado em marcha reduzida, resultando em baixo desempenho. Além do elevado consumo de energia, as enxadas rotativas pulverizam o solo, destruindo sua estrutura. Adaptando-se dois sulcadores laterais a uma distribuidora de adubos, faz-se simultaneamente a adubação, incorporação do adubo e levantamento dos canteiros. Em seguida, passa-se o rotoencanteirador, regulado para triturar apenas a camada superior do canteiro. Dessa forma, o encanteirador não pulveriza o solo, auxilia na incorporação e na melhoria da distribuição do adubo e exige menor potência do trator.

 

 

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