Embrapa Hortaliças
Sistemas de Produção, 1 - 2ª Edição
ISSN xxxx-xxxx Versão Eletrônica
Dez./2006
Cultivo de Tomate para Industrialização
Autores

Sumário


Apresentação

Importância econômica
Composição nutricional
Clima
Solos
Adubação
Deficiências nutricionais
Cultivares
Produção de mudas
Plantio
Irrigação
Plantas daninhas
Doenças
Pragas
Colheita e pós-colheita
Processamento
Produção de sementes
Coeficientes técnicos
Referências
Glossário


Autores
Expediente

Produção de sementes

Nos últimos anos a área plantada com híbrido F1 de tomate para processamento tem aumentado significativamente. Entretanto, o Brasil importa a totalidade das sementes híbridas. A produção de sementes das cultivares de polinização aberta plantadas no Brasil é feita por companhias processadoras, instituições de pesquisa e por companhias de sementes. O sistema de produção de sementes de tomate de cultivares de polinização aberta não difere da produção de tomate destinado à indústria processadora. Entretanto, alguns aspectos importantes devem ser observados:

Origem da semente: Utilizar sementes básicas ou fiscalizadas provenientes de firmas idôneas, com comprovada qualidade genética, física, fisiológica e sanitária;

Escolha da área: Preferir regiões com temperaturas amenas e de baixa umidade relativa do ar;

Isolamento: Observar a distância mínima de 20 m entre cultivares;

Espaçamento: Aumentar o espaçamento para 1,50 x 0,20 m, visando facilitar as inspeções de campo e a eliminação das plantas indesejáveis ("roguing");

Produção de sementes híbridas: Atualmente, quase a totalidade das cultivares de tomate destinadas à agroindústria é híbrida. Alguns procedimentos durante a produção de sementes híbridas são descritos a seguir:

·         Progenitores: Realizar a semeadura do progenitor masculino uma a duas semanas antes da do progenitor feminino, garantindo, assim, o fornecimento pleno de pólen por ocasião da abertura das flores a serem polinizadas (progenitor feminino). Em geral, uma planta do progenitor masculino produz pólen suficiente para polinizar cinco a seis plantas do progenitor feminino;

·         Coleta de pólen: O pólen deve ser coletado de flores fechadas (estádio de botão), utilizando um vibrador, e acondicionado em microtubos Eppendorf. Caso haja necessidade de armazenamento do pólen por algumas semanas, os microtubos devem ser acondicionados em recipientes de alumínio contendo sílica gel e armazenados em refrigerador a 5 °C;

·         Polinização: Flores ainda fechadas do progenitor feminino devem ser previamente emasculadas, retirando as anteras com cuidado e com auxílio de pinça. As anteras são polinizadas manualmente, e após são etiquetadas ou recebem um corte nas sépalas para identificação dos cruzamentos e posterior colheita dos frutos polinizados.

Inspeções de campo: Realizar o maior número de vezes possível, e no mínimo três: 1) no estádio de crescimento vegetativo; 2) no início do florescimento; e 3) no período de maturação dos frutos. Observar as características da planta, hábito de crescimento e características de flores e frutos, eliminando-se as plantas atípicas.

"Roguing": Eliminar as plantas com sintomas de doenças transmissíveis por semente e eliminar plantas atípicas (fora do padrão da cultivar). No caso de híbridos, eliminar os frutos não provenientes do cruzamento que estiverem no progenitor feminino.

Colheita: Colher somente frutos bem formados, completamente maduros, sem defeitos graves e sem sintomas de doenças. No caso de híbridos, colher somente os frutos provenientes do cruzamento.

Extração de sementes: Geralmente realizada por equipamentos específicos, que trituram os frutos e separam as sementes da polpa. A Embrapa Hortaliças dispõe de um modelo próprio de extrator, à disposição dos interessados.

Fermentação: Colocar as sementes e o líquido placentário em vasilhames de plástico ou de madeira, por um período de 24 a 48 horas, dependendo da temperatura. A remoção da mucilagem também pode ser feita pela adição de ácido clorídrico comercial a 36%, diluído em água (1:2), utilizando-se a proporção de 30 ml da solução para 400 ml de suco de tomate, durante 30 minutos.

Lavagem: Após a fermentação natural ou tratamento químico, lavar as sementes em água corrente.

Secagem: Secar as sementes em estufas de circulação forçada de ar, à temperatura de 32 °C no início da secagem e a 42 °C no final da secagem, até atingirem a umidade de 6%, adequada para acondicionamento em embalagens impermeáveis.

Beneficiamento: Passar as sementes por máquinas de ar e peneira ou sopradores, eliminando, assim, impurezas, como restos de película e placentas. É interessante retirar os tricomas, que é a pilosidade que envolve o tegumento. Para isso, pode ser utilizado o "desaristador", comumente utilizado para sementes de cenoura.

Tratamento das sementes: Em condições experimentais, a mistura Iprodione + Thiram (Rovrim) e Metalaxyl (Apron), na dosagem de 200g i.a/100 kg de sementes, tem dado um bom controle do tombamento, sem causar fitotoxidez às sementes.

Avaliação da qualidade das sementes: Cada lote de semente deve ser amostrado e submetido aos testes de germinação e pureza exigidos pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Os testes de emergência das plântulas em campo, velocidade de emergência ou o teste de envelhecimento acelerado podem avaliar o vigor das sementes. Neste último, recomenda-se o período de 72 horas em uma temperatura de 42 °C. O teste de sanidade avalia a incidência de microorganismos associados às sementes.

Produtividade: A produtividade ou relação fruto/semente varia de 0,2% a 1,0%, ou seja, para cada tonelada de fruto, obtêm-se 2 a 10 kg de sementes, dependendo da cultivar. Resultados obtidos na Embrapa Hortaliças indicam produtividades variando de 60 a 70 kg/ha (IPA 5, IPA 6) a 200-280 kg/ha (Calmec, Rossol).

 

 

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