Efeitos,
funções dos nutrientes e principais sintomas de
deficiência na cultura da melancia
Amostragem
de solo para fins de avaliação de fertilidade
Análise
foliar
Curva
de absorção de nutrientes
Calagem
Adubação
Quantidade
de adubo aplicada
Forma
e época de aplicação do adubo
Efeitos,
funções dos nutrientes e principais sintomas
de deficiência na cultura da melancia |
|
Nitrogênio (N)
O nitrogênio é o elemento formador da estrutura da planta,
sendo constituinte da estrutura de aminoácidos, proteínas,
vitaminas, clorofila, enzimas e coenzimas. É ativador enzimático,
atua nos processos de absorção iônica, fotossíntese,
respiração, sínteses, crescimento vegetativo e herança.
Os sintomas de deficiência surgem nas folhas mais velhas (folhas basais),
produzindo um amarelecimento generalizado, que progride para toda a planta;
há restrição na taxa de crescimento e pegamento de
frutos, que apresentam menor desenvolvimento.
Fósforo (P)
O fósforo é um componente da estrutura dos ésteres
de carboidratos, fosfolipídeos, coenzimas e ácidos
nucleicos. Atua nos processos de armazenamento e transferência
de energia e fixação simbiótica de nitrogênio. É o
elemento que mais influencia no tamanho dos frutos e sua deficiência
inicia-se com um menor desenvolvimento das plantas, seguido de
clorose nas folhas mais velhas que posteriormente necrosam nas
margens. As folhas mais novas enrolam-se e encurvam-se.
Potássio (K)
O potássio atua em processos osmóticos, síntese
de proteínas e na manutenção de sua estabilidade,
abertura e fechamento de estômatos, na permeabilidade da
membrana e no controle do pH. Auxilia na formação
de frutos com altos teores de sólidos solúveis, adocicados,
e resistentes a rachaduras na casca.
A sua deficiência inicia-se com um murchamento das folhas,
seguida de surgimento de clorose nas pontas das folhas mais velhas
que evoluem para necrose. Nas folhas mais velhas, a necrose marginal é uma
indicação universal da deficiência de K. O
desenvolvimento do fruto torna-se irregular ou pelo menos com pequeno
teor de sólidos solúveis, apresentando menor coloração
interna, aroma e sabor. De maneira geral, plantas deficientes em
potássio são mais suscetíveis às doenças
e pragas.
Cálcio (Ca)
Até 90% do total do Ca da planta está localizado
na parede celular, sendo o “cimento” que une as células,
constituindo uma barreira física contra o ataque de patógenos. É indispensável
para a germinação do grão de pólen
e para o crescimento do tubo polínico, o que se deve ao
fato de estar presente na síntese da parede celular ou no
funcionamento da plasmalema.
É
um dos mais importantes nutrientes para as cucurbitáceas,
estando o mesmo associado com a formação de flores
perfeitas, qualidade do fruto, firmeza da polpa, melhorando a condição
para armazenamento, e a produtividade.
O sintoma de deficiência nas folhas novas é a clorose
marginal que evolui para toda a folha, com morte nos pontos de
crescimento. As raízes apresentam crescimento restrito,
ocorrendo prejuízos à absorção dos
demais nutrientes pela planta.
A podridão apical (fundo preto ou podridão estilar)
em melancia é um distúrbio fisiológico atribuído à deficiência
desse nutriente, sendo mais diagnosticada sob condições
de estresse hídrico, alta salinidade e desequilíbrio
por excesso de amônio na solução.
Magnésio (Mg)
É
o átomo central da molécula da clorofila, por isso,
está envolvido no processo de fotossíntese e, consequentemente,
na síntese de amido, proteínas, gorduras e vitaminas. É responsável
pela regulação do pH e do ajuste da turgescência
nas células das plantas. Além disso, 5% a 10% do
Mg está ligado à pectina e serve como elemento estrutural
das paredes celulares. A nutrição com Mg confere
qualidade ao fruto, como por exemplo, doçura, cor, sabor
e maciez. Na deficiência de Mg, há dificuldade de
translocação de carboidratos para a raiz, prejudicando
o desenvolvimento do sistema radicular, que por sua vez reduzirá a
absorção de outros nutrientes. Por ser um nutriente
bastante móvel na planta, os sintomas de deficiência
aparecem inicialmente nas folhas mais velhas que se apresentam
com tamanho reduzido e clorose internerval. Apenas em condições
severas de deficiência, o desenvolvimento dos frutos e a
produção são prejudicados.
Enxofre (S)
O enxofre é componente importante dos aminoácidos,
como a metionina e a cisteína, essenciais para a nutrição
humana. O suprimento de S pode ser considerado favorável
ou desfavorável às plantas, do ponto de vista qualitativo.
Em alguns alimentos, ocasiona um sabor mais acentuado e, em outros,
diminui sua palatabilidade.
Sua deficiência, em geral, causa um amarelecimento dourado
nas folhas mais novas. A clorose inicia-se com um tom verde-claro,
progredindo para verde-amarelado e posteriormente para um amarelo
intenso. Com a evolução da carência, a planta
torna-se completamente clorótica. Há também
a restrição do desenvolvimento da planta.
Boro (B)
É
ativador enzimático e atua nos processos de absorção
iônica, transporte de carboidratos, síntese de lignina,
celulose, ácidos nucleicos e proteínas. Tem importante
função na translocação de açúcares
e no metabolismo de carboidratos, no florescimento, no crescimento
do tubo polínico, nos processos de frutificação,
no metabolismo do N e na atividade de hormônios. Intervém
na absorção e no metabolismo dos cátions,
principalmente do Ca. A translocação de boro na planta é muito
baixa, por isso os sintomas de deficiência manifestam-se
nos pontos de crescimento, áreas de diferenciação
e órgãos com maior expansão celular. O sistema
radicular é a primeira parte da planta a ser afetada pela
carência deste micronutriente. Observa-se uma grande redução
do desenvolvimento da planta, que apresenta folhas pequenas, superbrotamento
e clorose internerval nas folhas mais novas. Com o agravamento
da deficiência, as folhas ficam encarquilhadas e com as margens
necrosadas. Ocorre também a morte da gema apical. Os frutos
tornam-se mais suscetíveis às rachaduras e com manchas
internas na casca.
Zinco (Zn)
É
constituinte de diversas enzimas que atuam nos processos de respiração,
controle hormonal e síntese de proteínas. Afeta a
síntese e conservação de auxinas, hormônios
vegetais envolvidos no crescimento.
Plantas com deficiência de Zn apresentam as folhas mais novas
pequenas e cloróticas, ocorrendo também superbrotamento
e descoloração entre as nervuras.
Cobre (Cu)
Faz parte da estrutura de proteínas, sendo constituinte
de diversas enzimas que atuam nos processos de fotossíntese,
respiração, regulação hormonal, fixação
de N e metabolismo de compostos secundários. É essencial
no balanço de nutrientes que regulam a transpiração
na planta.
Quando deficientes em Cu, as folhas mais novas ficam maiores que
as mais velhas, ocorrendo também, encurvamento das margens
da folha e posterior necrose. Em condições de deficiência
severa, a planta apresenta-se com entrenós mais curtos e
folhas onduladas, que se tornam cloróticas e necróticas.
As ramificações laterais têm crescimento limitado.
Solos
Para o cultivo de cucurbitáceas, de modo geral, recomenda-se
solos profundos, friáveis e bem estruturados. As áreas
de solos aluviais, com fertilidade alta, boa drenagem interna e
não sujeitas à inundação, são
muito recomendadas. Os solos de baixadas úmidas podem, também,
ser utilizados, desde que convenientemente drenados e corrigidos
seus desvios de fertilidade. Fazem-se restrições
aos solos rasos e aos arenosos. Quanto à textura, recomenda-se
como ideal, solos de textura média, com 30% a 35% de argila.
Para o caso específico da melancia, em solos ricos em matéria
orgânica, a cultura suporta melhor as deficiências
hídricas que possam ocorrer. Os solos leves ou de textura
média são preferíveis aos argilosos, desde
que exista a possibilidade de irrigação.
Amostragem
de solo para fins de avaliação de fertilidade |
|
A avaliação da disponibilidade de nutrientes no
solo é feita, em geral, com base na análise de sua
fertilidade. Para se avaliar a fertilidade do solo, deve-se, inicialmente,
fazer a análise química em laboratório, onde é determinado
o valor do pH, os teores dos principais nutrientes exigidos pelas
plantas e os dos elementos que são tóxicos (alumínio
e sódio). Essas informações são importantes
a fim de que se possa fazer uma adubação adequada,
verificar a necessidade de calagem e detectar problemas de salinidade.
As áreas a serem amostradas possuem, muitas vezes, grandes
extensões e, somando-se a isso, a heterogeneidade horizontal
e vertical, naturais do solo, faz com que critérios científicos
necessitem ser seguidos com o maior rigor possível. Desta
forma, apesar de parecer simples, a coleta de amostras de solo
exige conhecimento e deve ser realizada por técnico devidamente
orientado. Por esta razão, para que a análise do
solo represente fielmente as suas condições reais
no campo, é necessário que se faça uma amostragem
muito bem feita da área, procedendo-se da seguinte forma:
1) Inicialmente, divide-se a área da propriedade em subáreas
homogêneas de, no máximo, 10 ha, levando-se em consideração
a topografia (baixada, plana, encosta ou topo), a vegetação
ou cultura, o tipo de solo quanto à cor (amarelo, vermelho,
cinza ou preto), textura (argilosa, média ou arenosa), drenagem,
ao grau de erosão e, finalmente, ao uso (virgem ou cultivado,
adubado ou não).
2) Para cada subárea homogênea coletar, em forma
de ziguezague, no mínimo, 20 amostras simples a uma profundidade
de 0-20 cm, colocando a terra numa vasilha (balde plástico)
limpa. Misturar toda a terra coletada e, da mistura, retirar uma
amostra composta com aproximadamente 0,5 kg de solo e colocá-la
num saco plástico limpo ou numa caixinha de papelão.
Identificar essa amostra e enviá-la para um laboratório.
3) Recomenda-se fazer a amostragem do solo 3 meses antes do plantio
e repetí-la uma vez a cada 3 anos, no mínimo.
4) Não coletar amostras em locais de formigueiro, monturo,
coivara ou próximos a curral, estrada e veredas. Antes da
coleta, limpar a superfície do terreno, caso haja mato ou
resto vegetal. A amostragem é facilitada quando o solo está um
pouco úmido.
As amostras podem ser coletadas com trado, com cano galvanizado
de 3/4 ou de 1 polegada.
Do mesmo modo que a amostragem do solo para fins de avaliação
da fertilidade, a amostragem do tecido vegetal é uma das
etapas mais importantes para aumentar a probabilidade de sucesso
no uso da análise foliar. No entanto, em culturas temporárias,
como a melancia, por causa da demora no retorno dos resultados
da análise da amostra de tecido vegetal enviada ao laboratório,
dificilmente será possível intervir na mesma safra
em tempo hábil. Nesse caso, a análise foliar servirá para
fazer um ajuste no programa de adubação, complementando
as informações obtidas na análise de solo
e no histórico da área cultivada.
A composição das folhas é afetada por diversos
fatores; assim, para que a interpretação dos resultados
não seja prejudicada é essencial a padronização
do processo de amostragem. Na Tabela 1 são apresentadas
os teores de macro e micronutrientes adequados nas folhas, para
a cultura da melancia, encontrados na literatura, o período
de coleta mais indicado, a parte da planta e a quantidade de amostra
a ser coletada.
Após a coleta, deve-se acondicionar as amostras em sacos
de papel, identificando-as e enviando-as, imediatamente, para um
laboratório.
Tabela.
1.Parte da planta a ser coletada, época
de coleta e teores de nutrientes adequados na cultura da
melancia. |
Parte
da planta |
Estádio
de crescimento |
Quantidade
de amostra |
Fonte¹ |
Macronutrientes
(g kg-1) |
N |
P |
K |
Ca |
Mg |
S |
Folha
recém-amadurecida |
Início
do florescimento |
40
folhas/gleba homogênea |
1 |
36 |
4,8 |
27 |
13 |
5 |
1 |
5a
folha
a partir da ponta |
Início
do florescimento ao início da frutificação
pequenos |
40
folhas/gleba homogênea |
2 |
40-55 |
3-8 |
40-50 |
17-30 |
5-8 |
- |
Frutos
pequenos até a colheita |
40
folhas/gleba homogênea |
2 |
40-50 |
2,5-7,0 |
35-45 |
20-32 |
3-8 |
- |
5a.folha
a partir da ponta, excluindo a gema apical |
da metade até
2/3 do ciclo da planta |
15 plantas |
3 |
25-50 |
3-7 |
25-40 |
25-50 |
2-12 |
2-3 |
4 |
25-50 |
2-6 |
20-60 |
10-20 |
3-6 |
3-5 |
|
|
|
|
Micronutrientes
(mg kg-1) |
|
|
|
|
Cu |
Fe |
Zn |
Mn |
B |
Folha
recém-amadurecida |
Início
do florescimento |
40
folhas/gleba homogênea |
1 |
4 |
33 |
15 |
30 |
15 |
5a
folha
a partir da ponta |
Início
do florescimento ao início da frutificação |
40
folhas/gleba homogênea |
2 |
6-20 |
50-300 |
20-50 |
50-250 |
25-60 |
Frutos
pequenos até a colheita |
2 |
5-20 |
50-300 |
20-250 |
40-250 |
25-60 |
5a.folha
a partir da ponta, excluindo a gema apical |
da metade até
2/3 do ciclo da planta |
15 plantas |
3 |
10-15 |
50-300 |
20-60 |
50-200 |
30-80 |
4 |
5-10 |
30-150 |
50-100 |
100-200 |
80-100 |
|
¹Fonte:
1= International Fertilizer Association (2007); 2= Jones
et al. (1991); 3= Trani e Raij (1996); 4= Locascio (1996). |
Curva
de absorção de nutrientes |
|
O conhecimento da
quantidade de nutrientes acumulada na planta (Tabela 2), em cada
estádio de desenvolvimento, fornece informações
importantes que podem auxiliar no programa de adubação
das culturas. Deve-se ter consciência, no entanto, que
as curvas de absorção refletem o que a planta necessita,
e não o que deve ser aplicado, uma vez que se tem que
considerar a eficiência de aproveitamento dos nutrientes,
que é variável segundo as condições
climáticas, o tipo de solo, o sistema de irrigação,
o manejo cultural, entre outros fatores. De modo mais efetivo,
essas curvas auxiliam no programa de adubação,
principalmente na quantidade dos diferentes nutrientes que devem
ser aplicados nos distintos estádios fisiológicos
da cultura.
Segundo Grangeiro et al. (2005), a absorção e acúmulo de
nutrientes na melancia é muito pequena nos primeiros 30 dias após
o transplantio, intensificando-se depois e alcançando a máxima
taxa de acumulação diária entre os 40 e 50 dias. A acumulação
de nutrientes no fruto tende a ser linear entre seu surgimento e a maturação
fisiológica (45 a 65 dias). Isso determina que os nutrientes móveis
no solo e facilmente lixiviáveis, como o nitrogênio e o potássio,
devem ser aplicados em cobertura para estarem disponíveis após
os primeiros 30 dias. A eficiência de absorção dos nutrientes
pela planta diminui a partir dos 50 dias, sendo inadequado a aplicação
de coberturas após esse período.
Tabela
2. Extração,
exportação
e percentagem de exportação de macronutrientes
por melancia da cultivar Micklee em ambiente semiárido. |
Prod.
(t
ha-1) |
|
N |
P |
K |
Ca |
Mg |
-----------------
kg ha-1
------------------- |
20 |
Quantidade total de
nutrientes extraída |
43,9 |
5,2 |
49,3 |
5,3 |
8,2 |
Quantidade de
nutrientes exportada pelo fruto |
29,4 |
4,3 |
36,0 |
1,9 |
4,0 |
% do total
exportada |
67 |
82 |
73 |
36 |
49 |
|
Fonte: Grangeiro et al. (2005). |
A melancia é uma das cucurbitáceas mais exigentes nutricionalmente
e também se destaca por exportar grandes quantidades dos nutrientes
acumulados ao longo do ciclo.
Os nutrientes N, P e K, acumulam-se preferencialmente nos frutos,
enquanto Ca e Mg na parte vegetativa. As quantidades de nutrientes exportadas
pelos frutos, portanto, representam importante componente de perdas de nutrientes
do solo, que deverão ser restituídos, enquanto os nutrientes
contidos na parte aérea podem ser incorporados ao solo dentro de
um programa de reaproveitamento de restos culturais.
Embora haja um comportamento diferente entre as cultivares de
melancia em relação ao pH, considerando o desenvolvimento
da parte aérea e radicular, o cultivo desta olerácea
se desenvolve satisfatoriamente em solos com pH na faixa de 5,5
a 6,8 e saturação por bases de 70%. Em solos ácidos,
a utilização da calagem é essencial para promover
a neutralização do alumínio trocável,
que é um elemento tóxico às plantas, e aumentar
a disponibilidade de fósforo, cálcio, magnésio
e molibdênio. Mesmo em solos que não apresentem problemas
de acidez, mas que contenham teores baixos de cálcio e magnésio,
há necessidade de aplicação de calcário
ou de outra Foto destes elementos, principalmente cálcio,
cuja deficiência pode causar a podridão apical nos
frutos ou “fundo preto”, como é conhecido popularmente
esse distúrbio fisiológico.
O calcário deve ser aplicado a lanço e incorporado
ao solo por meio de gradagem, com antecedência mínima
de 30 dias do plantio. Deve-se lembrar que a reação
do calcário no solo, neutralizando sua acidez, só se
processa na presença de umidade, e será mais lenta
quanto mais grosseira for a granulometria de suas partículas.
Na escolha do calcário, deve-se dar preferência ao
calcário dolomítico, porque, além do cálcio,
possui, também, teores elevados de magnésio.
É
importante, ainda, que o calcário tenha um poder relativo
de neutralização total (PRNT) elevado, igual ou acima
de 80%. A quantidade de calcário, assim como a de fertilizante
a ser aplicada, deve basear-se nos resultados da análise
química do solo.
Com base no resultado da análise química do solo,
o cálculo da quantidade de calcário a ser aplicada
poderá ser feito para a elevação da porcentagem
de saturação por bases para 70% ou 80%, conforme
a equação a seguir:
NC= (V2 – V1)T
100
Sendo:
NC= necessidade de calagem (t/ha);
V2= valor da saturação por bases desejada (%);
V1= valor da saturação por bases inicial do solo (%); (100*SB/T);
T= CTC a pH 7,0= SB + (H+Al) em cmolc/dm3.
A necessidade de calcário também poderá ser
calculada pelo método da neutralização do
Al3+ e da elevação dos teores de Ca2+ + Mg2+:
NC = {[2 x Al + [3 – (Ca + Mg)]x f}
Sendo:
NC= necessidade de calagem (t/ha);
Al= teor de alumínio trocável do solo (cmolc/dm3);
Ca= teor de cálcio trocável do solo (cmolc/dm3);
Mg= teor de magnésio trocável do solo (cmolc/dm3);
f= 100/PRNT;
PRNT= Poder Relativo de Neutralização Total do calcário.
A escolha do método deverá ser baseada em critérios
técnicos, como textura e capacidade tampão do solo.
A aplicação de calcário no solo sem considerar
os resultados da análise de solo, muito comum entre os agricultores,
não é recomendada porque o pH poderá atingir
valores acima de 7 e, consequentemente, ocasionar perda de N por
volatilização, desequilíbrio entre os nutrientes
Ca, Mg e K, reduzindo a absorção do último,
e menor disponibilidade de Cu, Fe, Mn e Zn.
Adubação orgânica: recomenda-se a aplicação
de 10 m3/ha a 20 m3/ha de esterco de curral curtido ou quantidade
equivalente de outros resíduos animais ou vegetais, de acordo
com a disponibilidade desses insumos na propriedade.
Adubação química (ou mineral): as quantidades
de nitrogênio, fósforo e potássio recomendadas
para o cultivo da melancia são apresentadas na Tabela 3.
Tabela
3. Adubação com P2O5 (fósforo)
e K2O (potássio) e N (nitrogênio) baseada
na análise de solo para o Estado de Pernambuco. |
Teores
no solo |
Plantio |
Cobertura |
|
-------------------
kg ha-1.-------------------- |
|
|
Nitrogênio
(N) |
|
(não
analisado) |
30 |
|
90 |
|
|
|
|
|
|
Fósforo
(P2O5) |
|
..........mg
dm-3
de P.............. |
|
|
|
<6 |
120 |
|
- |
6
– 12 |
90 |
|
- |
13
– 25 |
60 |
|
- |
>25 |
30 |
|
- |
|
|
|
|
|
|
Potássio
(K2O) |
|
........cmolc
dm-3
de K........ |
|
|
|
<0,08 |
30 |
|
90 |
0,08
– 0,15 |
30 |
|
60 |
0,16
– 0,30 |
30 |
|
30 |
>30
|
-
|
|
30
|
|
|
Obs.: A aplicação de nitrogênio e potássio
em cobertura deve ser realizada aos 25 dias ápos o
plantio. Se o solo for arenoso, parcelar esta aplicação
em duas vezes, aos 20 e 40 dias após o plantio. |
Fonte: Cavalcanti
(2008) |
Quantidade
de adubo aplicada |
|
Conforme a concentração de nutrientes nos fertilizantes
(Tabela 4) calcula-se as quantidades de adubos necessárias
para atender às doses dos nutrientes que foram recomendadas
para suprir as exigências da planta.
Tabela 4. Garantias mínimas de nutrientes nos principais
fertilizantes utilizados no cultivo da melancia.
Tabela
4. Adubação com P2O5 (fósforo)
e K2O (potássio) e N (nitrogênio) baseada
na análise de solo para o Estado de Pernambuco.. |
Fertilizantes
nitrogenados |
N
total |
N
NO3- |
N
NH4+ |
N
amídico |
K2O |
CaO |
MgO |
P2O5 Solúvel CNA+H2O |
S |
Ureia |
44 |
44 |
- |
44 |
- |
- |
- |
- |
- |
Sulfato
de amônio |
20 |
- |
20 |
- |
- |
- |
- |
- |
22-24 |
Nitrato
de cálcio |
14 |
14 |
1,5 |
- |
- |
18-19 |
0,5-1,5 |
- |
- |
Nitrato
de potássio |
13 |
13 |
- |
- |
14 |
- |
- |
- |
- |
Fertilizantes
Fosfatados |
Total |
Solúvel
Água |
Solúvel
Citrato
Amônio
+ H2O |
Solúvel
Ácido
Cítrico |
CaO |
MgO |
N
NH4+ |
S |
Fosfato
monoamônico (MAP) |
48 |
48 |
48 |
- |
- |
- |
9 |
- |
Fosfato
diamônio (DAP) |
45 |
38 |
45 |
- |
- |
- |
16 |
- |
Superfosfato
simples |
18 |
16 |
18 |
- |
18-20 |
- |
- |
10-12 |
Superfosfato
triplo |
41 |
37 |
41 |
- |
12-14 |
- |
- |
- |
Ácido
fosfórico |
|
|
|
|
|
|
|
|
Fertilizantes
Potássicos |
Total |
Solúvel
Água |
Cloro |
S |
N
NO3- |
MgO
Solúvel Água |
|
Cloreto
de potássio |
58 |
58 |
45-48 |
- |
- |
- |
- |
Sulfato
de potássio |
48 |
48 |
- |
17-18 |
- |
0-1,2 |
- |
|
Fonte: Instituto
da Potassa & Fosfato (1998). |
Exemplo: Aplicar 30 kg ha-1 de N, 30 kg ha-1 de
P2O5 e 30 kg ha-1 de K2O antes do plantio (adubação
de plantio) e 90 kg ha-1 de N e 30 kg ha-1 de K2O
na adubação de cobertura.
Cálculo:
100 kg da fórmula 10-10-10 --------------------------------
10 kg de P2O5
X kg da fórmula 10-10-10 -----------------------------------
30 kg de P2O5
X= 30 x 100 / 10 ? 300 kg ha-1 da fórmula
10-10-10.
Torna-se evidente que os 300 kg dessa fórmula
na adubação de fundação
também vão fornecer as quantidades
de N e K2O exigidas da recomendação.
Para adubação de cobertura, utiliza-se
um fertilizante nitrogenado, como a ureia, e outro
potássico, como o cloreto de potássio,
para fazer os cálculos:
100 kg de ureia -----------------------------------------------------
45 kg de N
X kg de ureia --------------------------------------------------------
90 kg de N
X= 90 x 100 / 45 ? 200 kg ha-1 de ureia.
100 kg de cloreto de potássio -----------------------------------
60 kg de K2O
X de cloreto de potássio ------------------------------------------
30 kg de K2O
X= 30 x 100 / 60 ? 50 kg ha-1 de cloreto de potássio.
Às vezes, o uso de uma mesma quantidade de
uma fórmula “X” não atende
por igual às doses de todos nutrientes recomendados.
Neste caso, procura-se a fórmula que, usada
em determinada quantidade, vai fornecer as quantidades
de nutrientes mais aproximadas daquelas requeridas
ou então, se utiliza os fertilizantes para
formular a mistura na própria fazenda. Dependendo
das condições, pode-se lançar
mão de uma Foto dupla de nutrientes, como
o DAP (fosfato diamônio) na adubação
de fundação, ou o nitrato de potássio
na adubação de cobertura.
Forma
e época de aplicação do adubo |
|
A aplicação dos fertilizantes na adubação
de fundação deve ser feita em sulco, de tal modo
que a semente ou as raízes da muda usada no plantio fiquem
localizadas um pouco acima do adubo. Recomenda-se que os fertilizantes
sejam incorporados ao solo com auxílio de uma enxada, na
operação do fechamento do sulco, antes do plantio.
Na adubação de cobertura, os fertilizantes devem
ser aplicados na época recomendada, em pequenos sulcos,
ao lado das plantas e cobertos com terra para evitar perdas de
nitrogênio por volatilização. Assim como a
semente e o sistema radicular da planta, todos os fertilizantes
devem ser distribuídos onde há umidade no solo para
facilitar sua solubilização.
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