Temperatura
do ar
Umidade
relativa do ar
Precipitação
Radiação
solar
Velocidade
do vento
As cucurbitáceas
se adaptam bem às zonas quentes e semiáridas, com alta luminosidade
e temperaturas do ar entre 18 °C a 30°C, não tolerando
temperaturas abaixo de 10 °C. A melhor época para o desenvolvimento
da melancia é durante o período seco, pois nos períodos úmidos
ela é mais suscetível a doenças. Entre as cucurbitáceas,
a melancia é uma das espécies menos tolerantes a baixas
temperaturas, principalmente durante a germinação das sementes
e emergência, sendo uma cultura tipicamente de clima quente. As
cultivares triploides — sem sementes — são mais exigentes
em temperatura do ar que as demais, apresentando maiores problemas de
germinação. Um clima quente e seco favorece a formação
de frutos de melancia com excelentes qualidades organolépticas.
Ao contrário, em condições de umidade relativa do
ar alta e baixa insolação, os frutos formados são
de má qualidade.
O efeito de condições ambientais na determinação
do sexo em melancia foi estudado em condições controladas,
verificando-se que em dias curtos (8h), a temperatura de 27 °C, aumentou-se
a tendência de emissão de flores femininas e dias longos (16h)
com a temperatura de 32 °C houve a inibição desta emissão.
Além disso, os níveis de temperatura do ar também afetam
significativamente o ciclo da melancia. Considerando uma mesma cultivar,
este poderá ser incrementado em torno de 20 dias com a diminuição
da temperatura do ar e radia ção solar incidente.
Há, na literatura,
diferentes informações sobre a faixa de temperatura
do ar ideal para cada fase da cultura da melancia. A faixa que
favorece a germinação das sementes situa-se entre
21,1 °C e 35 °C, sendo os limites de temperaturas mínimas
do ar e do solo iguais a 15 °C e 21,1 °C, respectivamente.
A temperatura média do ar ideal para que ocorra a germinação
está entre 23,8 °C e 29,4 °C. Desta forma, quando
a temperatura do ar situa-se em torno de 20 °C, a germinação
das sementes se completa em 15 dias, enquanto a 30 °C, este
processo ocorre em apenas 5 dias, em média.
O desenvolvimento vegetativo e a floração são
favorecidos por valores de temperatura do ar na faixa de 23 °C
e 28 °C e 20 °C a 21 °C, respectivamente, e paralisados
em temperatura de 11 °C a 13 °C ou inferiores (Tabela 1).
Contudo, não permanecendo por muitos dias sob tais condições
de temperatura, a planta voltará a crescer. A temperatura
do ar ideal para o seu desenvolvimento deve estar em torno de 25 °C.
O crescimento das plantas de melancia é afetado quando as
temperaturas médias do solo atingem valores iguais ou inferiores
a 16,7 °C. Além do anteriormente exposto, a temperatura
também influencia na incidência de doenças.
As temperaturas mais amenas favorecem a incidência de doenças
como fusariose (Fusarium oxysporum f. sp. niveum), cancro das hastes
(Didymella bryoniae), oídio (Shaerotheca fuliginea) e míldio
(Pseudoperonospera cubensis).
Em condições térmicas ótimas, ou seja,
temperaturas do ar noturnas entre 15 e 20 °C e diurnas de 20 °C
a 30 °C, o fruto pode atingir 50% de seu peso final nos primeiros
15 dias após a antese. Atinge a maturação
completa de 30 a 50 dias, dependendo, também, de outros
fatores como as condições de cultivo e cultivar utilizada.
Sob temperatura do ar elevada (acima de 35 °C), a formação
de flores masculinas é estimulada. A associação
de altas temperaturas e ventos provoca elevada taxa de transpiração,
aumentado a pressão interna dos frutos e ocasionando a ruptura
da casca dos frutos nos pontos mais fracos.
A produtividade da cultura depende diretamente da eficiência
da polinização que, em condição natural, é feita
por abelhas. A maior atividade destas ocorre em temperaturas altas — entre
21 °C a 39 ºC —, com ótimo entre 28 °C
e 30 °C. Assim, de forma indireta, a temperatura também
pode afetar a produtividade. Na Tabela 1 são apresentadas
as temperaturas críticas para a melancia em distintas fases
de desenvolvimento.
Tabela 1. Caracterização
das faixas de temperatura do ar para melancia em distintas
fases de desenvolvimento. |
Descrição |
(°C) |
Congelamento |
0 |
Paralisação
vegetativa |
11
- 13 |
Germinação
mínima |
16 |
Floração
ótima |
20
- 21 |
Desenvolvimento
ótimo |
23
- 28 |
Maturação
do fruto |
23
- 28 |
|
Fonte:
INFOAGRO (2010). |
Quando as diferenças de temperatura do ar entre o dia e
a noite são grandes (>10oC), pode ocorrer desequilíbrios
nas plantas como fendas no colo e ramas, bem como, produção
de pólen não viável.
A temperatura do ar elevada, os altos níveis de radiação
solar incidente e a baixa umidade relativa do ar proporcionam,
quando associados, condições climáticas ideais
para uma boa produtividade da cultura e obtenção
de frutos de ótima qualidade, pois aumentam o conteúdo
de açúcares e melhoram o aroma, o sabor e a consistência
dos frutos. Em condições de irrigação
do Vale do São Francisco, com os requerimentos hídricos
satisfeitos, isso é alcançado no cultivo de agosto
a novembro.
Sob clima frio e úmido, as qualidades organolépticas
tornam-se baixas, por causa da redução no teor de
açúcares. Também, deve-se considerar a exposição
do terreno, evitando-se faces atingidas por ventos frios - mais
sujeitas às geadas - e aquelas menos iluminadas.
A umidade relativa do ar ótima para a cultura da melancia,
de forma geral, situa-se entre 60% e 80%, sendo um fator determinante
durante a floração, uma vez que, associada a temperaturas
mais amenas, favorece a uma melhor fertilização das
flores e um maior número de flores femininas.
Valores elevados de umidade relativa favorecem a ocorrência
de doenças fúngicas, resultam em desfolha precoce
das plantas, reduzindo a fotossíntese e afetando diretamente
a produtividade e a qualidade dos frutos, que se tornam aguados
e com baixo teor de açúcares. A alta umidade relativa
do ar, sobretudo quando associadas a temperaturas elevadas, favorecem
ao desenvolvimento de várias doenças, como alternaria
(Alternaria cucumerina), mofo-branco (Sclerotium rolfsií)
e de alguns distúrbios fisiológicos, como é o
caso do rachamento de frutos.
Em condições de irrigação a umidade
relativa do ar é muito importante na determinação
da evapotranspiração.
Quando o cultivo da melancia é realizado sem irrigação,
o ideal é que as chuvas sejam bem distribuídas ao
longo do ciclo da cultura. Embora a melancia possa tolerar pequenos
veranicos, paralisando o seu crescimento, a falta de umidade no
solo durante as fases de floração e frutificação,
diminui a produtividade em decorrência da baixa frutificação
e à redução do tamanho dos frutos.
O excesso de chuvas durante o desenvolvimento da cultura aumenta
a incidência de doenças. No caso de solos mal drenados,
períodos longos de encharcamento prejudicam a respiração
radicular, provocando amarelecimento das plantas seguido de morte.
Nesses casos, também é comum o desenvolvimento de
raízes adventícias ao longo das ramas.
Durante a floração, o excesso de chuvas prejudica
a polinização, danificando as flores e dificultando
a ação dos polinizadores (abelhas). Na maturação,
a qualidade dos frutos e a vida de prateleira dos mesmos podem
ser prejudicadas pelo excesso de chuvas, pois há maior dificuldade
para o controle das pragas e doenças que afetam as plantas
e, consequentemente, a produção. Além disso,
chuvas intensas, sobretudo quando acorrem após um período
de estiagem ou próximo á colheita, contribuem para
a rachadura de frutos.
Dentre os fatores climáticos, a precipitação é determinante
para definição da época de plantio e da forma
de cultivo. No caso dos cultivos sem irrigação, os
meses de maior precipitação devem ser evitados por
causa da dificuldade do controle de pragas e doenças. No
caso dos cultivos irrigados, o semeio pode ser realizado de forma
a sincronizar a colheita fora de épocas com precipitação,
pois afeta, também, a qualidade dos frutos.
A radiação solar (luminosidade) é fundamental,
principalmente sob condições de temperatura do ar
abaixo do ótimo, em que a elevada irradiância ou o
prolongamento do período luminoso promove a formação
de maior área foliar.
Longos fotoperíodos favorecem o crescimento vegetativo e
o florescimento da melancia. Dias longos e noites curtas, ambos
quentes, caracterizam verão quente e seco, que são
considerados ideais para a cultura. É por isso que a região
Nordeste apresenta excelentes condições climáticas
para o cultivo da melancia e a obtenção de frutos
de boa qualidade. Em condições de umidade alta e
baixos índices de radiação solar incidente,
os frutos apresentam-se sem sabor.
Na região da Amazônia, durante o período de
estiagem, quando a fumaça das queimadas se intensifica,
a redução da radiação solar incidente
pode provocar atraso no desenvolvimento das plantas.
Ventos fortes danificam folhas, flores e frutos; nos últimos,
os prejuízos são facilmente perceptíveis pela
diminuição na frutificação e/ou depreciação
do produto. Outro fator negativo, é que as lesões
provocadas pelos ventos expõem a planta às infecções
fúngicas e bacterianas, através de microlesões
ocasionadas pelo atrito das ramas com o solo ou mesmo pelo atrito
de partículas de solo arrastadas pelo vento. Além
disso, ventos fortes e secos intensificam a evapotranspiração,
aumentando a demanda da planta por água.
No manejo cultural da melancia, a predominância de ventos
fortes dificulta a prática cultural do penteamento, que
consiste na condução das ramas a favor das direções
predominantes, como forma de evitar que parte da planta fique dentro
dos sulcos de irrigação, ou na área de circulação
de pessoas e máquinas.
Em regiões onde os ventos fortes são comuns, o preparo
do solo deve ser moderado, evitando-se a pulverização
e sempre que possível, as linhas de cultivo devem ser estabelecidas
de modo que as plantas cresçam paralelamente às direções
predominantes. Também deve ser adotada a confecção
de barreiras vivas, próximo à área de cultivo,
sem que causem sombreamento.
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