Vantagens
da utilização de mudas
Fatores
que influenciam na germinação das sementes, no
estabelecimento e no desenvolvimento das mudas
Plantio
Transplantio
Produção
de mudas de melancia sem sementes
Produção
de mudas de melancia enxertadas
Transplantio
para o Campos
O sistema de produção
de melancia utilizando mudas tem grande importância em cultivos
de melancia sem sementes ou em áreas com problemas de patógenos
de solo que utilizam mudas enxertadas em Cucurbita ssp. Mas no cultivo
de melancia com cultivares de polinização aberta predomina
o semeio direto no campo em praticamente todo o Brasil. Entretanto, mesmo
nesse sistema, a utilização de mudas para reposição
de plantas em covas nas quais não houve germinação, é uma
estratégia interessante para a garantia do estande inicial.
O mercado da melancia sem sementes no Brasil ainda não é uma
realidade por causa da ausência de uma oferta ampla e regular do produto.
Os poucos genótipos disponíveis aos agricultores são
importados. O custo da semente é alto —R$ 0,19 a 0,40/semente — em
relação ao preço das sementes de variedades. São
necessárias condições especiais para uma boa germinação
das sementes e obtenção de uma muda de melancia triploide.
No Brasil, a enxertia na produção comercial de mudas de hortaliças é uma
técnica de uso recente. Entretanto, a mesma vem sendo adotada comumente
por uma parte significativa dos olericultores e produtores de mudas em países
como Japão, Holanda e Espanha, onde a produção de hortaliças
possui caráter mais intensivo. Na Espanha, 95% da melancia cultivada é enxertada
sobre um híbrido interespecífico de Cucurbita maxima x Cucurbita
moschata, de total afinidade com a melancia, para resolver os problemas
de fusariose, agente casual Fusarium oxysporum f. sp. niveum, uma vez que
a resistência a essa enfermidade em algumas cultivares comerciais
não assegurou uma produção normal em solos muito contaminados.
Adicionalmente, esse híbrido oferece resistência a Verticilium,
toler ância a Pythium e a nematoides, bem como confere mais vigor à planta.
Vantagens
da utilização de mudas |
|
A utilização
de mudas de boa qualidade influenciará no sucesso de implantação
de um cultivo considerando, entre outros fatores, um controle
do estande inicial das plantas, o que pode ser dificultado com
o plantio de sementes no local definitivo. A sementeira permite
assegurar um cultivo homogêneo, principalmente por causa
das baixas temperaturas do solo no início do cultivo em
períodos frios.
São vários os métodos de produção
de mudas que podem ser utilizados na cultura da melancia, no entanto,
quaisquer que sejam, deve ser com o sistema de radicular protegido
por um substrato, para evitar danos nas raízes. A escolha
do método dependerá da avaliação da
relação entre o custo e o benefício, da disponibilidade
de materiais e de mão-de-obra necessários para cada
método, do sistema de cultivo a ser usado, da disponibilidade,
qualidade e custo de mudas prontas adquiridas de empresas especializadas,
especialmente de híbridos triploides por causa do alto custo
das sementes e dificuldade de germinação no plantio
convencional.
Outras vantagens estão relacionadas com o maior equilíbrio
entre a parte aérea e o sistema radicular, a economia de
sementes e de defensivos, a ausência de choque de transplantio,
o maior rendimento e aproveitamento de mão-de-obra, a economia
de irrigação, a maior uniformidade da lavoura, o
maior aproveitamento da área pela redução
do ciclo da cultura e o aumento estimado em 20% a 30% na produtividade.
A produção de mudas em bandejas para posterior transplantio é,
atualmente, a principal forma de estabelecimento das lavouras nas
diferentes hortaliças. Muitos produtores têm se especializado
na produção de mudas, que vem se tornando num negócio
rentável. Avanços tecnológicos têm contribuído
para o crescimento deste empreendimento. A disponibilidade de bandejas
de diferentes materiais e tamanho de células, de substratos
artificiais ou naturais prontos para a utilização
bem como a possibilidade de automação de muitas operações — semeadura,
irrigação, adubação, controle fitossanitário
e manejo do ambiente — têm reduzido os custos e aumentado
a qualidade das mudas produzidas.
Fatores
que influenciam na germinação das sementes,
no estabelecimento e no desenvolvimento das mudas |
|
A otimização
dos fatores que influenciam a germinação das sementes,
o estabelecimento, o crescimento e o desenvolvimento das mudas
de melancia começa com a escolha do local de produção
que deve: possuir boa luminosidade, ter disponibilidade de água
de boa qualidade, ser distante de Foto de inóculo de
patógenos, sem a influência de ventos fortes e sem
formação de neblina.
Qualidade da semente – A manutenção da qualidade
da semente de melancia depende do período, da temperatura
e da umidade de armazenamento. A utilização de sementes
de alta qualidade fisiológica propicia não só uma
emergência satisfatória, como também o estabelecimento
de plântulas vigorosas, que garantem o estande mais uniforme
da cultura, a eliminação de operações
de desbaste e a maturação uniforme das plantas.
Água e oxigênio – Quanto ao fornecimento de água,
deve-se evitar estresse na semente e na muda, que pode ser causado
tanto por falta — déficit hídrico — quanto
excesso — anoxia —. Em condições de excesso,
a água ocupa todo espaço poroso do substrato e reduz
a troca gasosa entre raiz e ambiente. Durante o crescimento da
muda, a deficiência de oxigênio reduzirá a própria
absorção de água, causando murcha, afetando
a membrana celular, as relações de água, a
nutrição mineral, a produção e transporte
de reguladores de crescimento, a fotossíntese, a respiração
e o transporte de carboidratos. Enquanto o excesso de água
promoverá lixiviação de nutrientes do substrato,
diminuindo a sua disponibilidade para as plantas.
Irrigação – Qualquer restrição
no suprimento de água afeta a germinação das
sementes, a emergência e o crescimento das plântulas.
A irrigação na sementeira deve ser uniforme e com
gotas pequenas, evitando-se o excesso de água. Grandes gotas
de água podem descobrir as sementes e prejudicar a germinação.
O substrato deve ser mantido com umidade uniforme, evitando-se
excessos ou falta. Para maior uniformidade da germinação,
logo após a semeadura deve-se cobrir a superfície
do substrato com material que reduz a evaporação
e evitam-se danos à superfície causados pela irrigação.
A irrigação deve ser efetuada imediatamente após
a semeadura para maior uniformidade da germinação.
A quantidade de água a ser aplicada em cada irrigação
dependerá do formato do recipiente, do volume, do tamanho
e das partículas do substrato, etc., e a quantidade total
não deve ultrapassar a capacidade de retenção
por promover a lixiviação, que leva os nutrientes
necessários às mudas.
Temperatura e luz – A temperatura influencia todas as atividades
fisiológicas durante a germinação da semente,
o crescimento e o desenvolvimento das plantas, controlando a taxa
das reações químicas. A cultura da melancia é mais
sensível a baixas temperaturas, especialmente durante a
germinação e a emergência. As condições
de clima ameno a quente, de dias longos e de baixa umidade relativa
do ar favorecem o desenvolvimento da cultura e a qualidade dos
frutos de melancia.
A luz do sol em excesso pode causar danos às plântulas
logo após a emergência. Por esta razão, deve-se
promover o sombreamento, por exemplo, usando-se telas sombreadoras
tipo sombrite, que devem ser retiradas tão logo a plântula
esteja estabelecida.
Nutrientes – A cultura da melancia é mais exigente
em nutrição, em relação a outras cucurbitáceas,
em função da obtenção de frutos de
sabor acentuadamente doce. Logo, o estado nutricional ótimo
da muda de melancia é fundamental para o seu crescimento,
desenvolvimento e potencial de produção no campo
após o transplantio.
Recipientes e substratos – O uso de recipientes é um
dos métodos mais recomendados na produção
de mudas de melancia em razão da sensibilidade do sistema
radicular que não suporta danos — consequência
da incapacidade de regeneração das raízes —,
da maior uniformidade das mudas, maior sanidade, menor estresse
durante o transplantio, além da disponibilidade de diferentes
substratos que podem ser produzidos pelo produtor de mudas ou adquiridos
em casas especializadas de produtos agrícolas.
Os recipientes podem ser individuais ou multicelulares e de tamanhos
variados. Os individuais mais utilizados são os tubetes,
sacos plásticos e copos de plástico e de papel de
jornal. Os multicelulares são as bandejas de diversos materiais
como plástico, poliestireno expandido, fibras vegetais prensadas
e resinadas. As bandejas de plástico ou de poliestireno
são de limpeza e desinfestação fáceis,
além de duráveis. Para a produção de
mudas de melancia é recomendável o uso de bandejas
piramidais de isopor — poliestireno expandido — em
torno de 128 células, nas seguintes dimensões: 37,5
cm x 67,5 cm x 9 cm, de largura, comprimento e altura, respectivamente.
Bandejas com células de menor dimensão gastam menos
substrato, mas exigem maior frequência de irrigação.
Diversos materiais podem ser utilizados como substratos. Na maioria
das vezes são utilizados dois ou mais em mistura, objetivando
otimizar o fornecimento de água, oxigênio e nutrientes às
plântulas, além de proporcionar boas características
físico-químicas e facilidade no manuseio durante
a produção e o transplantio das mudas. Os substratos
comerciais mais utilizados são aqueles à base de
fibra de coco, vermiculita, composto orgânico, cascas de árvores
e arroz carbonizadas, que não devem ser molhados durante
o armazenamento e nem estocados por longo tempo. Pode-se utilizar
também no enchimento das bandejas uma mistura contendo terra
vegetal, casca de arroz carbonizada e solo em partes iguais, sendo
a adubação realizada com cerca de 1,2 kg da fórmula
4-14-8 para cada 100 L da mistura, necessitando-se fazer o tratamento
do solo com defensivos disponíveis no mercado para esse
fim.
Os “copos de papel” podem ser feitos de folhas de jornal,
tendo como molde o fundo de uma garrafa ou latinha de formato cilíndrico
e diâmetro de 8 cm. Para confecção, corta-se
uma folha de jornal transversalmente, obtendo-se quatro a cinco
tiras. Marca-se a altura escolhida geralmente de 10 cm a 12 cm,
a partir do fundo, por meio de fita adesiva. As tiras são
enroladas no molde, obedecendo-se a altura e dobrando a ponta do
papel de modo a formar o fundo do copinho, sem utilização
de cola. Finalmente, bate-se o fundo do molde sobre a mesa de trabalho
e retira-se o copinho pronto. Para o enchimento dos copos de papel
jornal, pode ser usada a mistura de 85 L de terra; 15 L de esterco
de curral curtido; 200 g a 300 g de superfosfato simples e 30 g
a 50 g de sulfato de potássio.
A semente, que pode ser desinfestada com uma solução
de hipoclorito de sódio e água — na proporção
de 1:3 —, deve ser colocada no centro da célula contendo
substrato comercial à base de vermiculita e cinzas vegetais
(Figura 1) ou fibra de casca de coco, ou solo mais esterco — para
copos de papel jornal — a uma profundidade de cerca de 2
cm a 4 cm, cobrindo-a com uma camada de 0,5 cm a 0,7 cm do próprio
substrato. Deve-se colocar uma semente em cada célula ou
recipiente para se evitar o desbaste, que exige muita mão
de obra e, também, como forma de reduzir o gasto de sementes,
principalmente quando se utiliza semente de híbridos, que,
geralmente, têm valor elevado.
Após o semeio, principalmente de cultivares comerciais, é importante
a realização de pulverizações preventivas
com fungicidas indicados para a cultura da melancia. O gasto de
sementes varia de acordo com a cultivar de melancia utilizada e
o espaçamento adotado, em função das cultivares
de maior desenvolvimento vegetativo às mais compactas o
número de plantas por hectare varia de 3.333 a 10.000, respectivamente.
Entretanto, a quantidade média por hectare é de 1
kg de sementes. As mudas devem permanecer em ambiente protegido
até o momento do transplantio.
Foto:
Rita de C. S. Dias. |
|
Figura
1. Produção de mudas de melancia
em bandeja de poliestireno, preenchido com substrato à base
de vermiculita e cinzas vegetais. |
A operação de transplantio, que consiste na transferência
da muda do local da sua produção para a área
de cultivo definitivo, é uma etapa fundamental para a sobrevivência
e desempenho da muda. Para se proceder ao transplantio, cuidados
devem ser tomados para evitar ou reduzir o estresse hídrico,
nutricional ou físico durante e após essa operação.
As mudas de melancia devem ser transplantadas cerca de 11 a 13
dias após, ou quando as plantas tiverem no início
da emergência da primeira folha definitiva (Figura 1), preferencialmente,
ao final da tarde, quando a transpiração é menor.
Em seguida, procede-se a irrigação da área.
Produção
de mudas de melancia sem sementes |
|
Para melhorar a germinação das sementes triploides,
deve-se evitar o excesso de umidade do substrato e as bandejas
devem ser mantidas, preferencialmente, em condições
ambientais acima de 90% de umidade relativa do ar e em torno de
26 ºC. Como alternativa, as bandejas podem ser cobertas com
plástico transparente, que auxiliará na formação
de um microclima de elevada umidade, impedindo que o substrato
fique seco até o início da germinação.
Com a emergência das plântulas, segue-se o manejo convencional
de produção de mudas de melancia.
Durante a germinação, é comum observar a aderência
da casca da semente aos cotilédones de algumas plântulas,
podendo resultar em distorção ou morte das mesmas.
Para reduzir esse problema, recomenda-se plantar as sementes com
a região do hilo (de onde emerge a raiz) voltada para a
superfície do solo. Além disso, as cascas que não
caírem durante a germinação, devem ser removidas
manualmente, tendo-se o cuidado de não danificar a plântula.
Com o objetivo de ajustar o método de produção
de mudas de melancia triploides, visando à obtenção
de melhores índices de germinação dos híbridos
sem sementes, realizou-se, na Embrapa Semiárido, um ensaio
com seis cultivares de melancia com diferentes ploidias.
A semeadura foi realizada em bandejas de poliestireno expandido
para 128 mudas, preenchidos com substrato Plantmax e com fibra
de coco. Após preenchimento com os substratos, procedeu-se
uma irrigação leve e efetuou-se o semeio de seis
cultivares de melancia, sendo três diploides — ‘Crimson
Sweet’, ‘800 PVP’ e ‘TopGun’ — e
duas triplóides — ‘Extasy Seedless’ e
híbrido experimental ‘CPATSA’ — e uma
linha tetraploide. Após o semeio, as bandejas foram cobertas
com bolsas plásticas, sendo mantidas em casa-de-vegetação
durante 72 horas, à temperatura 22,5 oC a 30,9 oC, e umidade
relativa do ar variando de 89% a 59%. Somente após a retirada
da cobertura plástica, no quarto dia após o semeio,
voltou-se a irrigar as plântulas com regador.
Apesar das condições de temperatura e umidade não
terem sido constantes e ideais para a germinação
de sementes triploides — em torno de 95% de umidade relativa
do ar e temperatura em torno de 27 oC —, observou-se uma
interação entre genótipos e substrato, sendo
que a fibra de coco promoveu uma melhor germinação
dos genótipos (90%) (Tabela 1).
Provavelmente, por ser muito higroscópico — que tem
a capacidade em absorver água —, absorve melhor a
umidade ambiental e favorece à germinação
das sementes sem necessitar “encharcar” as sementes.
Observou-se que as sementes diploides apresentaram superioridade
na germinação nos dois substratos. Os híbridos
triploides tiveram um incremento na germinação no
substrato fibra de coco de 21,9% e 6,5%. Apesar de não ter
atingido os índices de germinação mais desejáveis
(95-100%), ficou claro que a umidade no substrato utilizado na
produção de mudas, associado à temperatura
tem efeitos importantíssimos na germinação
dos genótipos, como os triploides e tetraploides, e que
estes, na maioria, não suportam as condições
convencionais de produção de mudas das cultivares
de melancia com sementes.
Tabela
1. Germinação de sementes diploides, triploides
e tetraploides de melancia, submetidas a diferentes substratos
na produção de mudas. Petrolina, PE - 2007. |
Genótipos
de melancia
|
Germinação
(%)
|
Substratos
|
Plantmax
|
Fibra
de coco
|
1. Crimson
Sweet
|
93,75
|
96,87
|
2. Topgun
|
100
|
100
|
3. 800 PVP
|
100
|
100
|
4. Extasy
Seedless
|
68,75
|
90,62
|
5. Triploide
Experimental CPATSA
|
78,13
|
84,38
|
6. Tetraploide
CPATSA
|
65,63
|
68,75
|
Média
dos substratos
|
84,37
b¹
|
90,10
a
|
CV (%)
|
8,53
|
¹Dados
seguidos pela mesma letra na linha não diferem entre si
pelo Teste de Tukey ao nível de 1% de probabilidade. Em
relação ao nível de ploidia dos genótipos: 1, 2, 3= diploide;
4 e 5= triploide; 6= tetraploide. |
|
Fonte: Paiva et. al (2007).
|
Produção
de mudas de melancia enxertadas |
|
A enxertia, na olericultura, é uma
técnica empregada para plantas das Famílias Solanaceae
e Cucurbitaceae. Objetiva conferir resistência às
mudas, desta forma, possibilita o cultivo em áreas contaminadas
por patógenos do solo ou confere habilidades em relação
a determinadas condições edafoclimáticas,
resistência à baixa temperatura, à seca,
ao excesso de umidade e aumento da capacidade de absorção
de nutrientes. Quando realizada sobre porta-enxertos apropriados
oferece uma série de vantagens em relação
ao cultivo normal, como redução dos danos causados
por fungos de solo.
A enxertia colabora também para o melhor aproveitamento
de água e nutrientes, para o aumento do vigor da planta
e prolongamento do período de colheita, pois na maioria
das vezes o porta-enxerto possui sistema radicular mais vigoroso
que o da planta enxertada.
De forma geral, um porta-enxerto deve reunir alta resistência
aos principais patógenos do solo, vigor e rusticidade, compatibilidade
com a cultivar enxertada, ótimas condições
morfológicas para a realização da enxertia
(tamanho do hipocótilo, consistência, etc.), e não
afetar desfavoravelmente a qualidade dos frutos.
Para o sucesso da enxertia é importante considerar que o
enxerto e o porta-enxerto se encontrem nos estádios de crescimento
adequados a cada método. Quando o desenvolvimento das plantas
utilizadas como enxerto e porta-enxerto possuírem velocidades
de crescimento diferenciadas, é necessário programar
a semeadura, para que ambas atinjam os respectivos estádios
de crescimento adequados, que dependem da variedade e do método
de enxertia utilizado. Também são necessários
cuidados fitossanitários para prevenir infecções
por patógenos nas feridas produzidas ao enxertar.
A enxertia deve ser realizada quando começa a aparecer a
primeira folha definitiva no porta-enxerto e na variedade, eliminando-se
a mesma do porta-enxerto. Utilizando-se um bisturi, faz-se a incisão,
de mais ou menos 1 cm, no porta-enxerto, em sentido diagonal, de
cima para baixo (Figura 2a), e de baixo para cima, no enxerto (Figura
2b). Para controle fitossanitário preventivo, após
a união das mudas (Figura 2c), aplica-se um fungicida como
profilaxia de infecção nas hastes (Figura 2d). As
mudas devem ser fixadas com clipe de enxertia (Figura 2e) ou parafilme,
e, imediatamente, transferidas para copos plásticos descartáveis,
com pequenos orifícios no fundo do mesmo, contendo substrato
adequado para produção de hortaliças. As mudas
enxertadas devem ser mantidas em local protegido e com sombreamento
(não deve passar de 60%, considerando dias ensolarados).
Entre 10 a 15 dias após a realização da enxertia,
pode-se fazer o desmame, com o auxílio de um bisturi ou
um outro utensílio similar (Figura 2f). Entretanto, antes
desse procedimento deve-se avaliar em algumas mudas enxertadas
se houve a cicatrização no ponto de enxertia. Assim,
o sistema radicular da variedade é cortado e este passa
a ser alimentado apenas pelo do porta-enxerto.
Foto:
Renata Natália C. de Souza (a e d), Rita de Cássia
S. Dias (b e c) e Graziela da S. Barbosa (e e f). |
|
Figura
2.a) Incisão em sentido diagonal para baixo
e b) para cima no porta-enxerto; c) união do enxerto
e porta-enxerto; d) aplicação de fungicida
na região da enxertia e e) fixação
com clipe de enxertia; e f) corte do sistema radicular
do enxerto (desmame). |
Transplantio
para o Campo |
|
Aproximadamente
24 horas após o desmame, as mudas podem ser transplantadas
para o local definitivo (Figura 3) e após uma semana,
retira-se os clipes. Em torno de duas semanas, deve-se eliminar
os ramos do porta-enxerto. O manejo cultural (adubação,
irrigação, capinas, condução de ramos
e tratos fitossanitários) deve ser o mesmo recomendado
para o cultivo convencional de melancia.
Foto:
Rita de C. S. Dias. |
|
Figura
3.Transplantio de muda de melancia enxertada,
cv. BRS Opara, no Campo Experimental de Bebedouro da Embrapa
Semiárido. |
Avaliou-se o desempenho agronômico da cultivar BRS Opara
enxertada por encostia em quatro genótipos de abóbora
(Cucurbita moschata), BGC 186, BGC 217, BGC 830 e BGC 830.1 e em
dois genótipos de melancia forrageira (Citrullus lanatus
variedade citroides): BGCIA 223 e BGCIA 857. As mudas enxertadas
foram transplantadas para o local definitivo no Campo Experimental
de Bebedouro da Embrapa Semiárido. Obteve-se um incremento
médio de produtividade de 40% em relação às
plantas de 'BRS Opara' sem enxertia (23,5 t/ha). O melhor resultado
foi verificado na cv. BRS Opara enxertada em BGCIA 223 (43,1 t/ha).
|