Preparo
inicial do solo
Desmatamento
Levantamento
da área
Preparo
do solo para implantação do cultivo
Aração
simultânea à subsolagem
Preparo
mínimo ou reduzido do solo
A escolha do solo adequado
para o cultivo da melancia deve atender às exigências de
fertilidade física e química dessa olerácea, para
que a cultura tenha bom desenvolvimento e possa expressar suas características
varietais e o seu potencial produtivo.
A cultura da melancia adapta-se aos mais diversos tipos de solos,
podendo ser de textura arenosa ou média. Solos de textura argilosa
ou muito argilosa devem ser evitados, a exemplo dos Vertissolos que ocorrem
no Submédio do Vale do São Francisco, principalmente por causa
dos problemas de contração e expansão, e a elevada
densidade, tão comuns nesta classe de solos. Os solos de pouca profundidade,
como os Neossolos Litólicos e os mal drenados como os Gleissolos,
além daqueles que apresentam altas concentrações de
sais como os Neossolos e Cambissolos Flúvicos sódicos ou salinos,
e outras substâncias tóxicas, também devem ser evitados.
Terras cultiváveis, aparentemente sem problemas ou com limitações
simples de conservação e de textura média são
as preferenciais. Nos solos de textura arenosa como nos Neossolos Quartzarênicos
e Regossolos, a cultura da melancia se desenvolve de forma adequada, desde
que sejam corrigidas as deficiências nutricionais, principalmente
nos primeiros.
O sistema radicular da melancia é, normalmente, superficial. Entretanto,
quando são realizadas práticas de manejo adequadas para solos
mais compactados e/ou adensados, o sistema radicular da melancia pode atingir
profundidades de até 60 cm. Este maior desenvolvimento em profundidade
contribui para uma melhor exploração e extração
de água e nutrientes podendo, em certos, casos levar à redução
dos custos de produção.
Em termos de fertilidade química, solos que apresentam reação ácida
podem levar ao aparecimento de distúrbios fisiológicos, como
por exemplo, a podridão estilar, que decorre da deficiência
de cátions alcalinos como o cálcio, principalmente, em cultivares
de frutos mais alongados. Entretanto, esta deficiência pode ser corrigida
com o uso de condicionadores do solo, como calcários calcíticos
ou dolom íticos.
O preparo inicial
do solo compreende operações necessárias,
no sentido de criar condições de implantação
de cultivos. Quando se trata de áreas cobertas com vegetação
natural (mata, capoeira, etc.) ou artificial (pastagens, culturas
perenes, semiperenes ou anuais), deverá ser feito o desmatamento
manual ou mecanizado e, se necessário, a movimentação
de terra para tornar a superfície regular e facilmente
trabalhável.
É uma operação que consiste na eliminação
da vegetação existente na área, seja mata
virgem ou suas formas de regeneração, ou, ainda,
culturas perenes e semiperenes, compreendendo as seguintes formas:
a) Desmatamento mecânico - Realizado por meio do uso de tratores,
normalmente de esteiras, equipados com lâminas cortadoras
frontais fixas ou anguláveis, destocadores com aríete
frontal, correntões e rolo faca, entre outros dispositivos. b) Desmatamento manual - Em geral é utilizado em pequenas áreas
com vegetação tipo capoeira, ou onde a vegetação
foi retirada para aproveitamento secundário e os tocos remanescentes
devem ser escavados e eliminados com auxílio de enxadões
e chibancas. Este tipo de desmatamento, também, pode ser
utilizado na eliminação de culturas arbustivas.
Após o desmatamento, deve-se efetuar o levantamento planialtimétrico
da área onde se deseja instalar o cultivo, a fim de estabelecer
as curvas de nível, bem como as estradas, redes de drenagem
superficial e subterrânea, redes de distribuição
do sistema de irrigação, unidades de rega, entre
outros.
Preparo
do solo para implantação do cultivo
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O preparo modifica rapidamente a biologia e a dinâmica dos
nutrientes do solo, sendo dependente do tipo de equipamento usado.
As modificações no perfil do solo e camadas adjacentes
vão depender do tipo e da intensidade de uso do implemento
selecionado. Essa etapa de preparo do solo compreende as operações
de movimentação de solo agrícola, para melhorar
as condições físicas, tais como: estrutura,
aeração e uniformidade de agregados (torrões),
a fim de torná-lo apto para a instalação dos
cultivos. Além das operações básicas,
tais como: aração, gradagem, distribuição
de corretivos e fertilizantes, pode ser incluída, também,
a operação de subsolagem, sempre que for constatada
a compactação e/ou adensamentos em camada subsuperficial.
O preparo da área visa, também, facilitar as operações
posteriores ao plantio como irrigação nos sulcos,
amontoa, movimentação de pessoas e de máquinas
para a realização de práticas culturais. A
enxada rotativa, que possui as lâminas formando um rotor,
distribuídas em um eixo transversal ao sentido de deslocamento
do implemento, de levante hidráulico, normalmente é acionada
pela tomada de potência do trator, sendo mais utilizada no
preparo de solo para hortaliças. Em outras culturas, seu
uso é limitado em virtude de diminuir muito a estabilidade
de agregados no solo.
O preparo do solo pode ser dividido em várias etapas. Depende
do tipo de solo e disponibilidade de máquinas e às
vezes algumas etapas são suprimidas porque não há disponibilidade
de equipamentos ou por questões de economia como é o
caso de se usar gradagem em substituição à aração.
Comumente, as etapas são:
1) Usar a roçadeira para a ceifa de restos de cultura e
ervas de cultivos anteriores. Neste caso, o uso de arado de disco
liso só pode ser efetuado após a secagem do material
vegetativo, o que não é muito recomendado por causa
da degradação da matéria orgânica, o
mais recomendável é o arado de discos recortados,
arados de aivecas ou a grade aradora.
2) Subsolagem da área até atingir a profundidade da camada adensada,
para rompimento de existente camada compactada visando a penetração
da água e o crescimento da raiz em profundidade.
3) Aração em profundidade, com aiveca de preferência, quando
necessário fazer calagem, preferencialmente, com antecedência de
2 meses, incorporando o corretivo no solo com auxílio de gradagem superficial
com grade leve (discos abertos).
4) Aplicar calcário de 2 a 3 meses antes do plantio, a fim de que haja
tempo necessário para neutralizar a acidez do solo com eficácia.
5) Gradagem até destorroamento e nivelamento adequados.
6) Irrigação da área, 3 a 4 dias antes do plantio/transplantio.
7) Sulcamento para plantio/transplantio, normalmente entre as operações
feitas após o plantio/transplantio, para controlar ervas, para diminuir
a compactação e melhorar a aeração e a penetração
da água no solo. Preparo intensivo provoca maior perda da matéria orgânica
do solo, via oxidação e fluxo de dióxido de
carbono (CO2) para a atmosfera, aumentada pela baixa incorporação
de material orgânico durante o pousio e pela manutenção
do solo sem cobertura vegetal.
As operações do preparo do solo em áreas com
declividade devem ser reduzidas ao mínimo e realizadas em
curvas de nível. Uma boa produtividade é conseguida
quando o solo é bem preparado.
A aração visa “cortar”, revolvendo e
tornando o solo mais solto, permeável, aerado, com melhor
condição para o desenvolvimento sistema radicular
da planta. Na aração, grande parte dos restos culturais
remanescentes é enterrada, e deve ser feita com o solo úmido,
próximo à capacidade de campo; é uma operação
necessária, principalmente em solo com textura argilosa
que possua deficiência na drenagem e na penetração
de água. Normalmente, após a aração,
ocorre perda de carbono para a atmosfera em consequência
da exposição e a subsequente oxidação
da matéria orgânica além de aumento no teor
de nitrogênio (N) mineral e na taxa de desnitrificação.
A aração com aiveca (leiva de forma prismática)
proporciona maior volume de solo solto que o arado de disco. O
solo arado com aiveca fica mais irregular na superfície
e com maior área superficial e espaço vazio relativamente
ao solo arado com disco (leiva de forma semicircular), permitindo
diferenciadas taxas de fluxos de CO2 e de vapor de água
para a atmosfera e de arejamento do solo.
Quando o solo com excesso de umidade é arado, há formação
de torrões grandes e duros, que não são facilmente
rompidos pelas operações futuras. Deve-se considerar,
também, que a aração de solo muito seco dificulta
a penetração do arado. Dependendo do solo, para a
obtenção de preparo mais profundo, é recomendada
uma segunda aração após a gradagem e a emergência
inicial de ervas.
A gradagem é feita com grade niveladora de discos ou de
dentes com a finalidade de destorroar e “aplainar” o
solo arado. A função básica da grade é complementar
a aração embora, em algumas situações,
possa substituir o trabalho do arado. As gradagens são feitas,
geralmente, logo após a aração e antes do
sulcamento.
Apesar do predomínio da propagação através
da semeadura direta, via semente e em covas, como é o caso
da melancia, não é necessário que o solo esteja
muito destorroado, pois os torrões de solo ajudam na fixação
das plantas por meio das gavinhas. A superfície do solo
pode apresentar torrões que favorecerão a fixação
das ramas, evitando que ventos fortes provoquem danos à planta
e aos frutos, além de impedir que os frutos mais pesados
afundem muito no solo.
O excesso de operações mecanizadas deixa o solo pulverizado
e suscetível à formação de crosta e à erosão,
além de compactar as camadas mais profundas do perfil do
solo não alcançadas pelos implementos. Foi comprovado
um decréscimo significativo na produtividade da melancia
em consequência da compactação do solo provocada
pelo modo de preparo do terreno. No tratamento em que foi feita
apenas a aração, a produtividade foi 16,23% maior
que no preparo de solo com aração e gradagem.
O sulcamento deve ser feito à profundidade de 20 cm, no
espaçamento de 2 m a 3 m entre as linhas de cultivo (considerando
o hábito de crescimento das cultivares). Quando o sistema
de irrigação for por gotejamento ou aspersão,
essa prática será utilizada como balizamento para
o plantio, servindo de base à realização de
adubação química e orgânica em fundação
(no fundo do sulco), além de elevar o nível da zona
de plantio, drenar o excesso de água e evitar o acúmulo
de água no colo da planta.
Em solos muito compactados, recomenda-se a realização
de uma subsolagem antes da aração, utilizando de
trator de esteira (Figura 1) ou de pneus.
Foto:
José Barbosa dos Anjos. |
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Figura
1.Subsolagem com trator de esteiras. |
A aração (mobilização/revolvimento) é uma
operação que visa à quebra de torrões quando realizada
após uma subsolagem, bem como a incorporação de restos
oriundos da cultura anterior, para incorporação de matéria
orgânica no solo.
Para uma melhor eficiência no preparo de solo com aração,
deve-se dar preferência ao uso de arado com discos recortados (Figura
2). Em solos isentos de tocos e de raízes grossas, esta operação
pode ser realizada com arados de aivecas.
Foto:
José Barbosa dos Anjos. |
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Figura
2.Aração: a) trator de pneus; b)
modelo de disco de arado com perfil recortado. |
Aração
simultânea à subsolagem |
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A aração
simultânea é utilizada quando não há disponibilidade
de tratores com potência suficiente, capaz de efetuar a
subsolagem (descompactação do solo) numa só operação.
A cada percurso do arado, faz-se a subsolagem, com o trator deslocando-se
dentro do sulco deixado pela aração, cujo objetivo é obter
maior penetração das hastes do subsolador e, assim,
sucessivamente. No caso da opção pela aração
combinada com a subsolagem, é necessário dispor
de dois tratores, sendo um equipado com arado e outro com subsolador,
para realizarem o trabalho simultâneo e alternadamente
(Figura 3a). O uso da aração combinada com subsolagem
pode ser dispensado, quando se dispõe de tratores de esteiras,
ou tratores de pneus com potência acima de 140 cv (103,04
kW) para realizar a subsolagem convencional, antes da aração.
A profundidade de subsolagem deve ser de 0,80 m a 1,20 m, seguida
da aração característica do preparo inicial
do solo, de 0,30 m a 0,40 m de profundidade (Figura 3b).
Foto:
José Barbosa dos Anjos. |
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Figura
3.a) Aração combinada com a subsolagem;
b) detalhe da subsolagem. |
O sulcamento faz-se necessário quando se deseja utilizar irrigação
por infiltração (superfície). A operação
consiste em regular o sulcador no espaçamento desejado e sulcar o
terreno a uma profundidade de 20 cm. Os sulcos devem possuir de 0,2% a 0,5%
de declividade e 10 m a 50 m de comprimento, conforme a topografia do terreno,
textura do solo e época do plantio. Mesmo utilizando a irrigação
por aspersão ou localizada (gotejamento), muitos produtores fazem
o sulcamento do terreno para realizar a adubação de plantio
(Figura 4).
Sulcos profundos para a confecção de bancadas, leiras ou camalhões,
elevam a profundidade do perfil de solo explorado pelo sistema radicular
das plantas, sendo uma prática que repercute na drenagem do excesso
de água, principalmente na época chuvosa, bem como permite
a manutenção das leiras fixas entre plantios sucessivos, deixando-se
linhas permanentes de trânsito de pessoas e equipamentos. Em áreas
com muito declive, os camalhões devem ser feitos em curvas de nível.
Em época chuvosa, solos de textura mais argilosa são de difícil
drenagem. Neste caso, o plantio deve ser feito acima da superfície
original do solo, na lateral (borda) do sulco ou no centro dos camalhões.
Foto:
Rita de C. S. Dias. |
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Figura
4.Preparo do solo: a) aração e gradagem;
b) sulcamento para adubação de plantio. |
Preparo
mínimo ou reduzido de solo |
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Preparo mínimo ou cultivo mínimo são práticas
conservacionistas que visam menor mobilização do
solo, de forma que grande parte da área esteja coberta com
resíduo de culturas anteriores, “mulching”,
cobertura viva com plantas espontâneas ou cobertura verde.
Os benefícios desta prática são: menor gasto
de energia, aumento da concentração de matéria
orgânica, melhoria das condições físicas
e químicas do solo, bem como prevenção de
erosão. Essas atividades também promovem o aparecimento
de organismos benéficos ou não à melancia.
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