Sistema
de plantio
Espaçamento
Para cada região,
a época de plantio ocorre em distintos períodos
do ano, uma vez que a época mais adequada é aquela
em que durante todo o ciclo da cultura ocorrem as condições
climáticas favoráveis, dependendo da localização
e altitude. A época de plantio mais favorável para
a cultura da melancia é que apresenta temperaturas variando
de 18 °C a 25 °C. Nesse contexto, nas regiões
de clima frio, o plantio da melancia é feito de outubro
a fevereiro; nas de clima ameno, de agosto a março, e
nas regiões de clima quente, o ano todo, com uso da irrigação.
Deve-se evitar, porém, as épocas de chuvas intensas.
As maiores regiões produtoras da cultura encontram-se em
condições de baixa altitude, em razão do clima
propício, seco e quente, inclusive durante a estação
de inverno. Tais regiões possibilitam o plantio de março
a julho, época de melhor cotação de preços
em função de menor oferta do produto. No Centro-Sul,
o plantio durante a primavera-verão, com temperaturas adequadas,
porém com pluviosidade excessiva, não produz frutos
de boa qualidade. Já a semeadura durante o outono, desde
que a temperatura não se torne fator limitante, oferece
condições para se obter alta produtividade e boa
qualidade de frutos. Em locais altos — acima de 800 m de
altitude —, a época de plantio vai de agosto a março.
Nos demais meses, as baixas temperaturas são fatores limitantes
ao cultivo. Todavia, em locais baixos — abaixo de 400 m —,
com invernos suaves, pode-se semear durante todo o ano.
No Nordeste do Brasil o cultivo da melancia ocorre sob condições
de sequeiro — período chuvoso — e sob irrigação.
O primeiro, é um cultivo tradicional onde a melancia é plantada
em consórcio com outras culturas alimentares ou de forma
isolada, no período de dezembro a março. Nesta forma
de cultivo, os agricultores utilizam sementes retiradas de suas
próprias lavouras e tal hábito permitiu a criação
da diversidade genética para a cultura da melancia no Nordeste
brasileiro. O cultivo em áreas irrigadas no Vale do São
Francisco pode ocorrer durante todo o ano, sendo o período
de agosto a outubro, o de maior concentração de plantio
que também corresponde à época de menor preço
no mercado. No período de novembro a março, há uma
menor área plantada, por causa dos riscos de perdas na colheita
com as chuvas. No entanto, este é o período onde,
geralmente, a melancia é comercializada a preços
mais elevados.
Utiliza-se geralmente
o plantio em semeadura direta, gastando-se, em média,
0,8 kg a 1 kg de sementes por hectare, semeando-se de 2 cm a
3 cm de profundidade e colocando-se de três a quatro sementes/cova — para
as cultivares de frutos compridos e cilíndricos, 10 a
15 sementes/grama, e para as cultivares de frutos globulares,
20 a 24 sementes/grama —. Em pequenas áreas, pode
ser usada a adubação de plantio em sistema de covas,
com as dimensões de 30 x 30 x 30 cm — comprimento
x largura x profundidade —; no caso de grandes áreas,
a adubação é feita nos sulcos de plantio.
Para acelerar e uniformizar a germinação pode-se
fazer a imersão —embebição — prévia
das sementes em água a 30 oC, por 4 horas. No entanto, este
procedimento não deve ser realizado com as cultivares triploides,
que apresentam baixo vigor das plântulas. Poucos estudos
associam tal fato ao fraco desenvolvimento do embrião e à espessura
do tegumento da semente como sendo os principais fatores que causam
os baixos níveis de germinação. O semeio deve
ser feito em solo úmido, para evitar a desidratação
das sementes.
Outra forma de cultivo da melancia, principalmente no caso de sementes
de maior valor, é o transplantio de mudas produzidas em
recipientes próprios, tais como: bandejas de isopor, sacos
plásticos ou copinhos de jornal. As cucurbitáceas,
em geral, não toleram a formação de mudas
de “raízes nuas”. É necessário
ter cuidado para não passar do momento exato do transplantio,
que não deve exceder o período da emissão
da primeira folha definitiva ao início da segunda.
Como vantagens do sistema de produção de mudas, destacam-se
a diminuição do gasto com sementes; maior facilidade
e economia nas irrigações, bem como no controle de
pragas e doenças durante a fase inicial da cultura; e maior
garantia na obtenção do número ideal de plantas
por hectare. Além disso, as mudas feitas em recipientes
podem ser utilizadas em replantios, quando se realiza a semeadura
direta.
A planta de melancia possui considerável grau de capacidade
de competição e, na medida em que se aumenta o espaço
disponível, aumentam o desenvolvimento e a produção
de cada planta, individualmente.
No Brasil, os espaçamentos mais utilizados nos plantios
de melancia irrigados por aspersão são de 2 m x 2
m para as cultivares de frutos cilíndricos e de 2 m x 1,5
m para as cultivares com frutos globulares e utilizando-se duas
plantas/cova. Nos plantios irrigados por sulco ou por gotejamento,
recomenda-se um espaçamento que pode variar de 2,5 m a 3
m x 0,5 m a 1 m, deixando-se apenas uma planta por cova. Plantios
durante a estação chuvosa (verão) requerem
espaçamentos maiores, considerando-se que as plantas apresentam
maior desenvolvimento vegetativo e encurtamento do ciclo. Durante
a estação seca, à medida que a temperatura
torna-se mais amena, os espaçamentos podem ser mais próximos,
considerando-se que o ciclo da cultura aumenta de 15 a 30 dias
nessa época. Podem ser usados os espaçamentos 2,5
x 0,7 m; 2,5 x 1 m e 3 x 1 m em épocas mais frias, dependendo
da cultivar. Salienta-se que as cultivares de origem americana
requerem maior espaçamento que as de origem japonesa.
Para as condições do Vale do São Francisco,
recomenda-se o espaçamento de 3 m x 0,6 m a 0,8 m deixando-se
uma planta por cova — 4.166 plantas/hectare a 5.555 plantas/hectare — sob
condições de irrigação. No entanto,
levando-se em consideração que os mercados interno
e externo tendem a optar por frutos de menor peso, o espaçamento
de 2,5 m x 0,4 m poderá ser indicado em função
da maior produção de frutos pequenos, abaixo de 4
kg/fruto.
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