Embrapa Semiárido
Sistemas de Produção, 6
ISSN 1807-0027 Versão Eletrônica
Ago/2010
Sistema de Produção de Melancia

Geraldo Milanez de Rezende
Nivaldo Duarte Costa

Rita de Cássia Souza Dias

Sumário

Apresentação
Socioeconomia
Clima
Solos
Adubação
Cultivares
Produção de mudas
Plantio
Irrigação
Tratos culturais
Plantas daninhas
Doenças
Pragas
Agrotóxicos
Colheita e pós-colheita
Mercado
Custos e rentabilidade
Referências
Literatura recomendada
Glossário

Expediente

Plantio

 

Sistema de plantio

Espaçamento

Para cada região, a época de plantio ocorre em distintos períodos do ano, uma vez que a época mais adequada é aquela em que durante todo o ciclo da cultura ocorrem as condições climáticas favoráveis, dependendo da localização e altitude. A época de plantio mais favorável para a cultura da melancia é que apresenta temperaturas variando de 18 °C a 25 °C. Nesse contexto, nas regiões de clima frio, o plantio da melancia é feito de outubro a fevereiro; nas de clima ameno, de agosto a março, e nas regiões de clima quente, o ano todo, com uso da irrigação. Deve-se evitar, porém, as épocas de chuvas intensas.
As maiores regiões produtoras da cultura encontram-se em condições de baixa altitude, em razão do clima propício, seco e quente, inclusive durante a estação de inverno. Tais regiões possibilitam o plantio de março a julho, época de melhor cotação de preços em função de menor oferta do produto. No Centro-Sul, o plantio durante a primavera-verão, com temperaturas adequadas, porém com pluviosidade excessiva, não produz frutos de boa qualidade. Já a semeadura durante o outono, desde que a temperatura não se torne fator limitante, oferece condições para se obter alta produtividade e boa qualidade de frutos. Em locais altos — acima de 800 m de altitude —, a época de plantio vai de agosto a março. Nos demais meses, as baixas temperaturas são fatores limitantes ao cultivo. Todavia, em locais baixos — abaixo de 400 m —, com invernos suaves, pode-se semear durante todo o ano.
No Nordeste do Brasil o cultivo da melancia ocorre sob condições de sequeiro — período chuvoso — e sob irrigação. O primeiro, é um cultivo tradicional onde a melancia é plantada em consórcio com outras culturas alimentares ou de forma isolada, no período de dezembro a março. Nesta forma de cultivo, os agricultores utilizam sementes retiradas de suas próprias lavouras e tal hábito permitiu a criação da diversidade genética para a cultura da melancia no Nordeste brasileiro. O cultivo em áreas irrigadas no Vale do São Francisco pode ocorrer durante todo o ano, sendo o período de agosto a outubro, o de maior concentração de plantio que também corresponde à época de menor preço no mercado. No período de novembro a março, há uma menor área plantada, por causa dos riscos de perdas na colheita com as chuvas. No entanto, este é o período onde, geralmente, a melancia é comercializada a preços mais elevados.

Sistema de Plantio

Utiliza-se geralmente o plantio em semeadura direta, gastando-se, em média, 0,8 kg a 1 kg de sementes por hectare, semeando-se de 2 cm a 3 cm de profundidade e colocando-se de três a quatro sementes/cova — para as cultivares de frutos compridos e cilíndricos, 10 a 15 sementes/grama, e para as cultivares de frutos globulares, 20 a 24 sementes/grama —. Em pequenas áreas, pode ser usada a adubação de plantio em sistema de covas, com as dimensões de 30 x 30 x 30 cm — comprimento x largura x profundidade —; no caso de grandes áreas, a adubação é feita nos sulcos de plantio.
Para acelerar e uniformizar a germinação pode-se fazer a imersão —embebição — prévia das sementes em água a 30 oC, por 4 horas. No entanto, este procedimento não deve ser realizado com as cultivares triploides, que apresentam baixo vigor das plântulas. Poucos estudos associam tal fato ao fraco desenvolvimento do embrião e à espessura do tegumento da semente como sendo os principais fatores que causam os baixos níveis de germinação. O semeio deve ser feito em solo úmido, para evitar a desidratação das sementes.
Outra forma de cultivo da melancia, principalmente no caso de sementes de maior valor, é o transplantio de mudas produzidas em recipientes próprios, tais como: bandejas de isopor, sacos plásticos ou copinhos de jornal. As cucurbitáceas, em geral, não toleram a formação de mudas de “raízes nuas”. É necessário ter cuidado para não passar do momento exato do transplantio, que não deve exceder o período da emissão da primeira folha definitiva ao início da segunda.
Como vantagens do sistema de produção de mudas, destacam-se a diminuição do gasto com sementes; maior facilidade e economia nas irrigações, bem como no controle de pragas e doenças durante a fase inicial da cultura; e maior garantia na obtenção do número ideal de plantas por hectare. Além disso, as mudas feitas em recipientes podem ser utilizadas em replantios, quando se realiza a semeadura direta.

Espaçamento

A planta de melancia possui considerável grau de capacidade de competição e, na medida em que se aumenta o espaço disponível, aumentam o desenvolvimento e a produção de cada planta, individualmente.
No Brasil, os espaçamentos mais utilizados nos plantios de melancia irrigados por aspersão são de 2 m x 2 m para as cultivares de frutos cilíndricos e de 2 m x 1,5 m para as cultivares com frutos globulares e utilizando-se duas plantas/cova. Nos plantios irrigados por sulco ou por gotejamento, recomenda-se um espaçamento que pode variar de 2,5 m a 3 m x 0,5 m a 1 m, deixando-se apenas uma planta por cova. Plantios durante a estação chuvosa (verão) requerem espaçamentos maiores, considerando-se que as plantas apresentam maior desenvolvimento vegetativo e encurtamento do ciclo. Durante a estação seca, à medida que a temperatura torna-se mais amena, os espaçamentos podem ser mais próximos, considerando-se que o ciclo da cultura aumenta de 15 a 30 dias nessa época. Podem ser usados os espaçamentos 2,5 x 0,7 m; 2,5 x 1 m e 3 x 1 m em épocas mais frias, dependendo da cultivar. Salienta-se que as cultivares de origem americana requerem maior espaçamento que as de origem japonesa.
Para as condições do Vale do São Francisco, recomenda-se o espaçamento de 3 m x 0,6 m a 0,8 m deixando-se uma planta por cova — 4.166 plantas/hectare a 5.555 plantas/hectare — sob condições de irrigação. No entanto, levando-se em consideração que os mercados interno e externo tendem a optar por frutos de menor peso, o espaçamento de 2,5 m x 0,4 m poderá ser indicado em função da maior produção de frutos pequenos, abaixo de 4 kg/fruto.

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