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Cultivo
de tomate para industrialização
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Início |
Deficiências nutricionais |
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Importância econômica |
A falta ou insuficiência de nutrientes debilita e atrasa o desenvolvimento das plantas, que passam a apresentar sintomas de deficiência nutricional. Os principais sintomas de deficiência nutricional, fatores associados e medidas de correção são relacionados a seguir. Nitrogênio: A exigência deste elemento é maior nos primeiros estádios de crescimento. Na sua falta ou insuficiência, o crescimento da planta é retardado e as folhas mais velhas tornam-se verde-amareladas (Figura 1). Se a falta do nutriente for prolongada, toda a planta apresentará este sintoma. Em casos mais severos ocorre redução do tamanho dos folíolos e as nervuras principais apresentarão uma coloração púrpura, contrastando com um verde-pálido das folhas. Os botões florais amarelecem e caem. As condições que predispõem à deficiência são: insuficiência de fertilizante nitrogenado, baixo nível de matéria orgânica no solo, elevado nível de mateira orgânica não decomposta no solo, deficiência de molibdênio(Mo), compactação do solo, intensa lixiviação e seca prolongada. A correção se faz pela aplicação de nitrogênio, preferencialmente na forma nítrica, em cobertura ou foliar. Fósforo: A deficiência de fósforo é observada com freqüência em solos de baixa fertilidade e nos que possuem elevada taxa de absorsão desse nutriente, como os solos de cerrados. A taxa de crescimento das plantas é reduzida desde os primeiros estádios de desenvolvimento (Figura 2). As folhas mais velhas adquirem coloração arroxeada, devido ao acúmulo do pigmento antocianina (Figura 3). Em estádios de desenvolvimento mais tardios, as folhas apresentam áreas roxo-amarronzadas que evoluem para necroses. Estas folhas caem prematuramente e a planta retarda sua frutificação. Baixo nível de fósforo na solução do solo, solos muito ácidos ou alcalinos, tipo e quantidade de argila predominante no solo, teor de umidade do solo, modo de aplicação dos fertilizantes, compactação do solo e temperaturas baixas na fase de emergência das plantas afetam a absorção de fósforo pelo tomateiro. Devido a pequena movimentação do fósforo no solo e a baixa solubilidade dos adubos fosfatados, a correção deve ser feita preventivamente com a aplicação de adubo fosfatado, antes do plantio. Potássio: É o nutriente mais extraído pelo tomateiro. A deficiência de potássio torna lento o crescimento das plantas; as folhas novas afilam e as velhas apresentam amarelecimento das bordas, que vão se tornando amarronzadas e posteriormente se necrosam (Figura 4). O amarelecimento geralmente progride das bordas para o centro das folhas. Ocasionalmente verifica-se o aparecimento de áreas alaranjadas e brilhantes. A falta de firmeza dos frutos, em muito casos, é também devida a deficiência de potássio. Baixo nível de potássio, solos arenosos com elevada taxa de lixiviação, calagem excessiva e altos níveis de cálcio, magnésio e amônia no solo afetam a disponibilidade de potássio. A correção pode ser feita com a adubação em cobertura de sulfato ou cloreto de potássio, seguida de irrigação. Cálcio: O sintoma característico da deficiência de cálcio se inicia com a flacidez dos tecidos da extremidade dos frutos, que evolui para uma necrose deprimida, seca e negra (Figura 5). O sintoma é conhecido como podridão estilar ou "fundo-preto". Em condições em que ocorre períodos curtos de deficiência, principalmente quando ocorre mudanças bruscas de condições climáticas, observam-se tecidos necrosados no interior dos frutos, cujo sintoma é conhecido como coração preto (Figura 6). Eventualmente verificam-se, em condições de campo, deformações das folhas novas e morte dos pontos de crescimento. Geralmente, qualquer fator que diminua o suprimento de cálcio ou interfira na sua translocação para o fruto pode provocar deficiência. Assim, fatores como irregularidade no fornecimento de água, altos níveis de salinidade, uso de cultivares sensíveis, altos teores de nitrogênio, enxofre, magnésio, potássio, cloro e sódio na solução do solo, pH baixo, utilização de altas doses de adubos potássicos e nitrogenados, principalmente as fórmulas amoniacais, e altas taxas de crescimento e transpiração contribuem para o aparecimento do sintoma. Previne-se a deficiência de cálcio com a aplicação adequada de corretivos e com a adoção de um manejo eficiente da irrigação, evitando que a planta sofra estresse hídrico, principalmente nas fases de florescimento e crescimento dos frutos. Sob condições de falta de água, as plantas emitem mais raízes. Esse recurso biológico pode ser usado para regularizar a absorção de água e, consequentemente, promover um fornecimento de cálcio mais constante ao tomateiro. Na prática, promove-se um estresse hídrico suave durante o estádio de pré-floração, estando úmida a camada subsuperficial do solo. Para isso, após o desbaste ou após o pegamento das mudas (10 a 15 dias após o transplante), faz-se uma irrigação pesada (em torno de 25 mm) e somente se reinicia a irrigação depois de 5 a 7 dias, dependendo das condições climáticas e da drenagem do solo. Para evitar déficit excessivo de água, deve-se observar a turgescência das plantas, que não devem apresentar murcha nos períodos mais frescos do dia (período matutino). A correção da deficiência é feita com pulverização foliar de cloreto de cálcio a 0,6%, dirigida às inflorescências. Magnésio: A deficiência de magnésio é bastante comum em plantações de tomate e se caracteriza por uma descoloração das margens dos folíolos mais velhos, que progride em direção a área internerval, permanecendo verdes as nervuras (Figura 7). Quando a deficiência é mais severa, as áreas amarelas vão escurecendo, tornando-se posteriormente necrosadas. Sintomas causados por infecção de vírus podem ser confundidos com deficiência de magnésio. Solos ácidos, arenosos, com alto índice de lixiviação e altos níveis de cálcio, potássio e amônio afetam a disponibilidade de magnésio. Previne-se a deficiência com a aplicação adequada de calcário dolomítico ou de sulfato de magnésio (30kg/ha) no solo, antes do plantio. A correção pode ser feita com pulverização foliar de sulfato de magnésio a 1,5%. A aplicação foliar conjunta de uréia favorece a absorção de magnésio. Enxofre: Os sintomas de deficiência de enxofre são semelhantes aos de nitrogênio, ou seja, as folhas apresentam coloração verde-amarelada. Entretanto, neste caso, as folhas novas são as primeiras a serem afetadas. As plantas deficientes geralmente apresentam o caule lenhoso, duro e de pequeno diâmetro. As condições que promovem a deficiência de enxofre são as mesmas relatadas para o nitrogênio, acrescidas de excessivo uso de "adubos concentrados", normalmente sem enxofre. Não há necessidade de adubação específica para fornecimento de enxofre. Em casos especiais, a utilização de gesso agrícola, na dosagem de 800 kg/ha, aplicado antes do plantio, juntamente com a calagem, ou a aplicação de sulfato de potássio ou de magnésio, no plantio, previnem a deficiência. Boro: Na deficiência de boro, as folhas novas do tomateiro tornam-se bronzeadas, ocorrendo em seguida morte das gemas e das folhas. O pecíolo torna-se quebradiço e a planta murcha nas horas mais quentes do dia, devido aos danos provocados ao sistema radicular. Sintomas de clorose e deformação das folhas novas (Figura 8) são muitas vezes confundidos com o sintoma da virose "Topo-amarelo". Os frutos apresentam manchas necróticas de coloração marrom, principalmente perto do pedúnculo, e não desenvolvem totalmente a cor vermelha. As paredes do fruto tornam-se assimetricamente deprimidas e os lóculos se abrem (Figura 9). As condições que predispõem a deficiência de boro são: calagem excessiva, solos arenosos e elevado índice de precipitação pluviométrica. A prevenção da deficiência se faz com a aplicação de bórax na adubação de plantio (30 kg/ha). A correção durante o cultivo pode ser feita com pulverização foliar de bórax a 0,25%. Molibdênio: Os sintomas de deficiência de molibdênio expressam-se em condições de carência de nitrogênio, apresentando um amarelecimento das folhas mais velhas e possíveis necroses marginais com acúmulo de nitrato. Solos com pH abaixo de 5,0 predispõem a deficiência desse nutriente. A correção se faz com a calagem e a aplicacão de 1 a 2 kg/ha de molibdato de amônio no solo, ou com pulverização foliar a 0,3%. Não se deve fazer mais de uma aplicação de molibdato no solo, já que os níveis tóxicos são facilmente atingidos. Zinco: Os sintomas de deficiência de zinco manifestam-se nas partes mais novas da planta, com o encurtamento dos entrenós, ligeira clorose das folhas e redução do tamanho e deformação das folhas (Figura 10). Excesso de calagem, elevado índice de lixiviação e alta concentração de fósforo no solo favorecem a deficiência. A prevenção se faz com a aplicação de sulfato de zinco, na dosagem de 30 kg/ha, juntamente com a adubação de plantio. A correção pode ser feita com pulverização foliar de sulfato de zinco, na dosagem de 15 g/L de água. |
Figuras |
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1 - Clorose por deficiência de nitrogênio. |
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2 - Menor crescimento de plantas devido à deficiência de fósforo. Semeio fora da linha de adubação. |
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3 . Folhas arroxeadas devido à deficiência de fósforo. |
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4 . Queima das bordas das folhas, deficiência de Potássio. |
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5 . Podridão estilar ou fundo-preto, causado por deficiência de Cálcio. |
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6 . Necrose interna do fruto ou coração-preto, deficiência de Cálcio. |
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7 . Folíolos com descoloração da área internerval, permanecendo verdes as nervuras, deficiência de Magnésio |
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8 . Lóculos abertos, sintoma de deficiência de Boro. |
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9 . Ponteiros necrosados, deficiência de Boro. |
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10 . Folíolos pequenos, deficiência de Zinco. |
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