Embrapa Hortaliças
Sistema de Produção, 1
ISSN ___ Versão Eletrônica
Jan/2003
Cultivo de tomate para industrialização
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Expediente

  • Escolha da área e preparo do solo
 

As propriedades químicas, físicas e biológicas dos solos devem ser consideradas antes da decisão de se efetuar os plantios, devendo-se evitar áreas que tenham possibilidade de encharcamento, com topografia muito irregular e que apresentem manchas ou bancos de areia, cascalho ou pedras. Quanto aos aspectos biológicos, é importante evitar áreas com presença de patógenos. Para isso deve-se recorrer ao histórico dos plantios anteriores, alertando-se para a ocorrência de nematóides formadores de galhas, mofo-branco (Sclerotinia sclerotiorum), murcha-de-estenfilio e murcha- bacteriana. Deve-se também evitar o plantio em áreas próximas às ocupadas com outros cultivos, onde possa ocorrer a reprodução de insetos, tais como mosca-branca, tripes e pulgões, prevenindo-se contra seus danos diretos ou indiretos (vetores de viroses).

 

Quando se pretende utilizar a colheita mecanizada, além de selecionar áreas com topografia regular e de pouco declive, deve-se ter cuidado quanto à existência de pedras, tocos e outros objetos que possam danificar o equipamento.

 

O excesso de restos culturais ou de plantas voluntárias diminui a eficiência dos equipamentos utilizados no preparo do solo, resultando na necessidade de realizar repetidamente algumas operações, tendo como conseqüência o alto movimento de máquinas, elevação dos custos e solos irregularmente preparados. Uma das formas de reduzir o volume dos restos culturais consiste em passar uma grade aradora e aguardar o período de pelo menos quinze dias, para que ocorra a decomposição parcial do material. Outra opção é realizar uma roçagem e o enleiramento dos restos vegetais.

 

Quanto às propriedades físicas do solo deve-se, sempre que possível, escolher áreas com solos leves, ou seja, com boa distribuição das frações granulométricas (areia, silte e argila), profundos e permeáveis.

 

Antes de se iniciar a operação de preparo do solo, deve-se verificar a presença ou não de camadas adensadas do solo. A presença e a profundidade dessas camadas adensadas é detectada por sondagens com penetrômetros ou pela abertura de trincheiras. Deve-se também coletar amostras de solo para análise química. A aplicação de calcário, se necessária, deve ser feita dois meses antes do plantio e no período em que ainda ocorram chuvas. Quando a dosagem de corretivo recomendada for superior a 2 t/ha, a calagem deve ser dividida em duas aplicações, sendo a primeira antes da aração, e a segunda, após a primeira gradagem. Quando o solo apresentar pH acima de 5,0, a correção é complementar e o corretivo pode ser aplicado de uma só vez e incorporado.

 

A salinidade ou a concentração de sais solúveis no solo, avaliada pela condutividade elétrica, deve merecer atenção especial, principalmente em regiões onde a água de irrigação apresenta alta concentração de sais. O solo é considerado salino quando apresenta condutividade elétrica superior a 4 ds.m-1. Irrigação adequada e boa drenagem evitam o acúmulo de sais.

 

Existem várias opções de preparo do solo, e a escolha depende da disponibilidade de equipamentos, da textura, do grau de compactação do solo e do sistema de plantio.

 

Em solos compactados, a primeira operação é a subsolagem ou aração profunda (superior a 30 cm). Para ter ação lateral de quebra da camada adensada, a subsolagem deve ser feita com baixa umidade do solo. No entanto, com solo muito seco pode ocorrer a formação de grandes torrões, dificultando as demais operações de preparo de solo e o plantio. Portanto, algumas vezes, torna-se necessário realizar uma irrigação da camada superficial antes da aração ou da subsolagem. Após a subsolagem, deve-se usar a grade aradora e completar o destorroamento com grade niveladora.

 

A compactação do solo é reduzida por meio do preparo mais profundo do solo, evitando-se, sempre que possível, apenas o uso da grade aradora. Caso a implantação da cultura seja feita por meio de mudas transplantadas, não há necessidade de destorroar excessivamente o terreno, evitando-se desse modo maior compactação do terreno. Com semeadura direta, é indispensável eliminar os torrões e os restos de vegetação, que dificultam a distribuição das sementes e a emergência das plântulas.

 

Atualmente, todas as áreas cultivadas com tomateiro destinado ao processamento industrial, são plantadas com mudas produzidas em bandejas e transplantadas com auxílio de máquinas ou até mesmo manualmente, dispensando o uso de canteiros.

Utilizando-se a colheita mecanizada, o preparo do solo e o plantio devem ser feitos levando-se em conta as exigências técnicas para utilização do equipamento.

 

Correção do solo

 

A utilização racional da calagem e de fertilizantes é de importância fundamental na tomaticultura, uma vez que estes insumos participam em média com 20 a 25% do custo de produção.

 

A acidez elevada afeta a disponibilidade dos nutrientes contidos no solo ou adicionados através da adubação, influenciando a assimilação dos mesmos pelas plantas. Estima-se que a eficiência média na assimilação dos macronutrientes primários e secundários seja de 27% quando o pH é 4,5, e de 80% quando o pH é próximo de 6,0, o que torna a calagem uma prática essencial.

 

A necessidade de calcário, com base na análise do solo, pode ser determinada pelos seguintes métodos:

 

a)Método baseado nos teores de Ca + Mg trocáveis:

 

t/ha de calcário =[(2, 0-(meq Ca + Mg)/dm3)] x 2

 

b) Método baseado nos teores de Al, Ca e Mg trocáveis (recomendado para solos com mais de 20% de argila):

t/ha de calcário = 2, 0 x meq de Al/dm3 + [3 - (meq de Ca + Mg/dm3)]

 

c) Método baseado nos teores de saturação de bases:

 

Onde: T (soma dos ions trocáveis)= Ca + Mg + K + (H + Al) em meg/100 crn3 de solo; V2= 70, que é a % de saturação de base recomendada para o tomateiro; V1 = saturação de bases existente no solo, calculada pela formula: v, = S x 100/ T, onde S (soma de bases trocáveis)= Ca + Mg + K em meq/ 100cm3 de solo.

 A quantidade de calcário determinada com base na análise de solo deve ser corrigida de acordo com a eficiência ou poder relativo de neutralização total (PRNT) do material a ser utilizado. É importante observar a relação entre o preço do calcário e a sua qualidade (PRNT). Deve-se preferir o uso do calcário dolomítico, que fornece simultaneamente cálcio e magnésio.

 

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