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Cultivo
de tomate para industrialização |
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Cultivares |
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Importância econômica |
Os recursos genéticos do tomateiro têm sido exaustivamente explorados em todo o mundo. No mercado são encontradas centenas de cultivares com diversas características. No Brasil, as cultivares de polinização aberta foram rapidamente substituídas por híbridos. Em 1998, informações obtidas nas indústrias processadoras indicaram que 45% da área plantada foi ocupada por cultivares híbridas. Em 2002, a quase totalidade de área foi utilizada com híbridos F1. Embora a produção de tomate para processamento nos Estados Unidos seja feita utilizando-se exclusivamente cultivares híbridas, em razão do elevado custo das sementes, produtores de tomate da Califórnia vêm recentemente solicitando que Institutos de Pesquisa, que trabalham com melhoramento de tomate, desenvolvam cultivares de polinização aberta com os mesmos atributos de qualidade de frutos e de resistência a doenças que os modernos híbridos F1. Na escolha de uma cultivar, deve-se levar em consideração as seguintes características:
A maior parte das cultivares listadas nos catálogos das firmas de sementes possuem ciclo de 95 a 125 dias (Tabela 1). Entretanto, o período de cultivo é dependente das condições climáticas, da fertilidade do solo, da intensidade de irrigação, do ataque de pragas e da época de plantio. Plantios realizados de fevereiro a março ou de junho a julho resultam em redução do ciclo da cultura de até quinze dias. Em condições de temperaturas altas, o ciclo é geralmente acelerado, formando-se plantas de menor porte e com maturação mais concentrada de frutos. Alto teor de nitrogênio disponível para a planta resulta no prolongamento do ciclo, retardando a maturação dos frutos e promovendo a formação de novas brotações. O ciclo do tomateiro é também influenciado pelo teor de água disponível no solo. O excesso de umidade prejudica o crescimento radicular por falta de arejamento, promovendo a lixiviação de nutrientes e favorecendo a transformação de amônia em nitrito, que é fitotóxico. Em condições de deficiência de umidade, a absorção de nutrientes é prejudicada, tornando as plantas mais suscetíveis ao ataque de pragas e doenças, com porte reduzido e com maturação precoce, prejudicando a produtividade. Irregularidade no fornecimento de água resulta no desequilíbrio da absorção de nutrientes, especialmente cálcio, resultando em frutos deformados e rachados e no mau desenvolvimento da planta.
É uma das principais características da matéria-prima. Quanto maior o teor de sólidos solúveis (ou ºBrix), maior será o rendimento industrial e menor o gasto de energia no processo de concentração da polpa. Em termos práticos, para cada aumento de um grau Brix na matéria-prima, há um incremento de 20% no rendimento industrial. Obtém-se também a estimativa do rendimento de polpa utilizando-se a fórmula abaixo: P(t/ha de polpa)= [ (produção(t/ha) x 0,95) x ºBrix do suco] / 28 O teor de sólidos solúveis no fruto, além de ser uma característica genética da cultivar, é influenciado pela adubação, temperatura e irrigação. Os valores médios de Brix na matéria-prima recebida pelas indústrias no Brasil têm sido bastante baixos (4,5 ºBrix). Entretanto, existem cultivares que possuem maior potencial genético, apresentando, em determinadas condições, valores próximos de 6,0 ºBrix (Tabela 1).
Algumas cultivares apresentam "ombro verde" devido à maturação tardia da região superior do fruto. Os tecidos nessa região podem ficar endurecidos e amarelados. Para melhor se observar a cor e se avaliar a uniformidade de maturação devem-se fazer cortes transversais na região do ombro e na base do fruto. A ocorrência de escaldadura (queima por sol) e a presença de altas populações de mosca-branca (Bemisia argentifolii) nas áreas de cultivo podem resultar em grande porcentagem de frutos descoloridos. Essa ação, causada pela mosca-branca, se deve à injeção de toxinas por esses insetos, que tornam os tecidos endurecidos, com baixo teor de sólidos solúveis e descoloridos.
A firmeza do fruto confere resistência a danos durante o transporte, que comumente é feito a granel. Os frutos considerados moles são mais sujeitos a deformações e ao rompimento da epiderme, com liberação do suco celular, ocorrendo fermentação e deterioração dos frutos. Além das características genéticas que condicionam a firmeza dos frutos, a nutrição da planta, a disponibilidade de água no solo e o estádio de maturação dos frutos afetam essa característica. Os frutos devem possuir casca espessa e firme, polpa compacta e sem espaços vazios. A firmeza do fruto é influenciada pela resistência da epiderme, textura do pericarpo e do tecido da placenta e da estrutura interna do fruto (relação entre volume do pericarpo e o volume do material locular). Com a predominância do transporte a granel e da colheita mecânica, não se recomenda mais utilizar cultivares que não apresentem frutos firmes, principalmente quando os plantios são feitos em locais com estradas de má qualidade ou distantes da indústria.
Com a utilização da colheita mecanizada, a concentração da maturação dos frutos tornou-se uma característica importante a ser considerada na escolha da cultivar. A concentração de maturação também é influenciada pelas condições climáticas, teor de umidade no solo e época de paralisação da irrigação.
As cultivares devem apresentar tolerância ou resistência ao maior número de doenças possíveis, principalmente as de difícil controle, tais como: murcha-de-fusário, mancha-de-estenfílio, pinta-bacteriana, mancha-bacteriana, murcha-de-verticílio, nematóides, tospovírus, geminivírus, etc. A maioria das cultivares plantadas no Brasil possui resistência pelo menos ao fusário, ao verticílio e aos nematóides. A resistência a nematóides é uma característica bastante importante, principalmente em regiões mais quentes e com solos arenosos. A tolerância à Xanthomonas campestris pv. vesicatoria (mancha-bacteriana) é uma característica bastante desejável. As novas cultivares, embora possuindo resistência à pinta-bacteriana, quando cultivadas sob condições de precipitação pluvial elevada e irrigação por aspersão, sofrem grande desfolhamento por causa do ataque da mancha-bacteriana. Tolerância aos isolados de Xanthomonas campestris pv. Vesicatoria, presentes na Região Centro-Oeste, tem sido observada na cultivar Ohio 8245.
Em algumas cultivares, o pedúnculo não se destaca facilmente da planta por ocasião da colheita devido à ausência de uma camada de abcisão no mesmo. Nessas cultivares, o pedúnculo permanece aderido à planta quando o fruto é destacado, facilitando a operação de colheita manual e evitando o trabalho de remoção dos pedúnculos na linha de processamento. Cultivares com essa característica são denominadas "Jointless" ("sem joelho").
Dependendo do tipo de produto processado a que se destina o tomate, existe certa preferência por determinados formatos de fruto. As cultivares com frutos do tipo periforme e oblongos são as preferidas para produção de frutos pelados inteiros e também para produção de tomate em cubos. Para produção de polpa concentrada o formato não é relevante. A forma dos frutos é importante na caracterização de cultivares. Cultivares com frutos muito pequenos, menores que 3 cm de diâmetro, não são recomendadas, por ocasionarem menor rendimento durante o processo de colheita. É muito difícil encontrar cultivares com todas essas características em níveis ideais. Devem ser escolhidas cultivares que, além dos aspectos agronômicos, atendam às necessidades das distintas linhas de produtos. |
Tabela 1. Características de algumas das principais cultivares a híbridos de tomate para processamento industrial que estão sendo plantados e/ou testadas no Brasil. |
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Cultivares / Híbridos |
Dias para maturação |
ICM* |
Brix |
Resistência a doenças |
Origem |
IPA-6 |
120 a 125 |
1 |
5,0 a 5,5 |
Fol-1 Fol-2 N |
IPA |
Viradoro |
100 a 120 |
2 |
4,4 a 4,8 |
Ve-1 Fol-1 N St VC |
Embrapa/ IPA |
Ap533 |
115 a125 |
2 |
5,0 a 5,5 |
Ve-1 Fol-1 Fol-2 N Pst |
Seminis |
Heinz 9553 |
110 a 120 |
2 |
4,9 a 5,1 |
Ve-1 Fol-1 Fol-2 N St |
Heinz |
Heinz 9665 |
120 a 125 |
1 |
4,9 a 5,1 |
Ve-1 Fol-1 Fol-2 N Pst St |
Heinz |
Heinz 9992 |
100 a 120 |
1 |
5,0 a 5,3 |
Ve-1 Fol-1 Fol-2 N Pst Cmm |
Heinz |
H 7155N |
100 a 110 |
2 |
4,5 a 5,0 |
Ve-1 Fol-1 N |
Heinz |
Hypeel 108 |
120 a 125 |
2 |
5,0 a 5,4 |
Ve-1 Fol-1 Fol-1 N Pst |
Seminis |
Malinta |
110 a 120 |
1 |
4,8 a 5,5 |
Ve-1 Fol-1 |
Sakata |
Calroma |
110 a 120 |
2 |
4,3 a 4,6 |
Ve-1 Fol-1 Fol-2 N Pst |
United Genetics |
RPT1570 |
100 A 115 |
2 |
5,0 a 5,5 |
Ve-1 Fol-1 Fol-2 N Pst |
Rogers |
Calmazano |
120 a 122 |
2 |
4,3 a 4,6 |
Ve-1 Fol-1 Fol-2 N Pst |
United Genetics |
(*) ICM = Índice de concentração de maturação de frutos (1 = alta concentração; 4 = baixa concentração; Ve-1 = Resistência a Verticillium raça 1; Fol-1 = Resistência a Fusarium raça 1; Fol-2= Resistência a Fusarium raça 2; N = Resistência a Nematóides spp.; St = Resistência a Stemphyllum spp.; Pst = Resistência a Pinta-bacteriana (Pseudomonas syringae pv. tomato); Cmm = tolerância a cancro bacteriano (Clavibacter michiganense); VC = Resistência ao vira-cabeça. |
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