Embrapa Hortaliças
Sistema de Produção, 1
ISSN ___ Versão Eletrônica
Jan/2003

Cultivo de tomate para industrialização

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Sistemas de plantio

Importância econômica
Composição nutricional
Clima
Solos
Adubação
Deficiências nutricionais
Cultivares
Produção de mudas
Plantio
Irrigação
Plantas daninhas
Doenças
Pragas
Colheita e pós-colheita
Processamento
Produção de sementes
Coeficientes técnicos
Referências bibliográficas
Glossário

Detalhes sobre escolha da área e preparo do solo, Veja o item solos

Atualmente, todas as áreas cultivadas com tomateiro destinado ao processamento industrial são plantadas com mudas produzidas em bandejas e transplantadas com auxílio de máquinas ou até mesmo manualmente, dispensando-se o uso de canteiros.

Para este sistema utiliza-se primeiramente um equipamento distribuidor de fertilizante dotado de sulcadores distribuídos com o mesmo espaçamento correspondente ao sistema de distribuição de mudas da transplantadeira mecânica. No ato da distribuição do fertilizante promove-se então o sulcamento e a fertilização, aplicando-se o fertilizante imediatamente atrás do sulcador.

Na operação de transplante, o sistema de distribuição de mudas dispõe de um sulcador que é regulado para coincidir com a linha anteriormente fertilizada, visando promover a incorporação do fertilizante com o solo, para evitar o contato direto das raízes das mudas com o fertilizante.

No caso de plantio por semeadura direta em fileiras simples, deve-se fazer uma ou duas gradagens e, logo a seguir, as operações de encanteiramento, sulcagem, adubação e semeadura. Quando os solos são do tipo leve e bem drenados, pode-se dispensar o levantamento de canteiros, principalmente quando se dispõem de sulcadores bem adaptados para fazer uma boa operação de amontoa. Se o Plantio for em fileiras duplas, usa-se o rotoencanteirador e, sobre os canteiros, é feita a semeadura com semeadeira-adubadeira. Esse processo dispensa outra gradagem.

A adaptação de um distribuidor de adubo entre o trator e o rotoencanteirador possibilita aplicação e incorporação do fertilizante na mesma operação. O rotoencanteirador exige grande potência do trator e o trabalho é realizado em marcha reduzida, resultando em baixo desempenho. Além do elevado consumo de energia, as enxadas rotativas pulverizam o solo, destruindo sua estrutura. Adaptando-se dois sulcadores laterais a uma distribuidora de adubos, faz-se simultaneamente a adubação, incorporação do adubo e levantamento dos canteiros. Em seguida, passa-se o rotoencanteirador, regulado para triturar apenas a camada superior do canteiro. Dessa forma, o encanteirador não pulveriza o solo, auxilia na incorporação e na melhoria da distribuição do adubo e exige menor potência do trator.

  • Métodos de plantio

Praticamente toso o plantio de tomate para a indústria vem sendo feito por meio de transplante de mudas utilizando-se o preparo convencional do solo ou o plantio direto na palha.

Esse sistema de transplante tem como vantagens o menor gasto de sementes; menor tempo de permanência da planta no campo; redução das despesas com irrigações e pulverizações; e a redução dos níveis de infecção precoce por Geminivírus e Tospovírus. Em razão do alto custo do transplante manual, que é muito trabalhoso e demorado, exigindo de oito a dez dias-homens/ha, este sistema somente se viabilizou com a introdução das máquinas transplantadeiras
(Figura 1). Entretanto, a produção de mudas tem que ser feita sob rigoroso controle sanitário, para evitar que elas sejam focos de disseminação de pragas e doenças.

A introdução do sistema de transplante de mudas viabilizou ainda a utilização de cultivares híbridas, cujas sementes tem custo muito superior ao das cultivares de polinização aberta. O modelo de transplantadeira, atualmente comercializado no Brasil, tem capacidade para transplantar cerca de 120 mil mudas/dia, correspondendo ao plantio de quatro hectares de lavoura, utilizando mudas produzidas em bandejas.

No transplante, utilizam-se fileiras simples, distanciadas de 1,0 a 1,2 m, com cinco plantas por metro linear, o que corresponde a uma população variável de 42 mil a 50 mil plantas/ha. Atualmente, com a utilização de cultivares híbridas mais vigorosas, existe a tendência de se utilizar, na Região Centro-Oeste, populações de 30 mil a 35 mil plantas por hectare, porém em algumas regiões, vêm sendo utilizadas menos de 30 mil plantas por hectare.

Com transplantadeira mecânica e fileira simples, o espaçamento é de 1,0 m entre linhas e três plantas por metro linear, resultando em uma população de 30 mil plantas/ha. Com fileiras duplas, o espaçamento mais utilizado é o de 1,2 m entre as fileiras duplas e 0,7 m entre as linhas de cada fileira dupla.

Plantios adensados dificultam os tratos culturais e propiciam o aumento da umidade na superfície do solo, o que favorece o ataque de fungos causadores de podridões.

  • Plantio direto na palha
Esse sistema consiste em efetuar o plantio das sementes ou o transplantio das mudas sem realizar o preparo físico do solo, mantendo a palha da cultura anterior. (Figura 2). A presença da palha é imprescindível para proteger a terra contra o impacto da chuva ou da irrigação por aspersão, para o controle de plantas daninhas e para a criação de um ambiente favorável ao bom desenvolvimento do sistema radicular do tomateiro.

Recentemente, o transplantio de mudas de tomateiro direto na palha vem sendo avaliado e introduzido na Região Centro-Oeste. Esse sistema tem como principais vantagens a melhor conservação do solo e o menor uso de máquinas na lavoura.

Nas regiões onde o tomateiro é cultivado em solos de cerrado existe a dificuldade de implantação de culturas para a produção de palha visando a cobertura do solo. Entre as alternativas de sucessão, pode-se usar o arroz ou o milho, visando a produção de grão, ou o milheto apenas para a produção de palhada. Como o tomateiro é plantado no período de março a meados de junho, as espécies anteriormente mencionadas são boas alternativas como culturas para formação de palhada.

O milheto para formação da palha é semeado aproximadamente 55 dias antes do transplantio utilizando-se 20 kg de sementes por hectare. O semeio pode ser feito a lanço, incorporando as sementes com uma grade niveladora.

A aplicação do herbicida visando a dessecação é feita aproximadamente 45 dias após a germinação e dez dias antes do transplantio. A rolagem do milheto poderá ser feita com grade leve e fechada, rolo faca ou pneu deitado, antes ou após a dessecação.

A adubação para o tomateiro é feita na profundidade de 7 a 12 cm, para evitar que as raízes das mudas entrem em contato direto com o fertilizante. Essa operação é realizada com uma adubadeira adaptada com um disco de corte e um sulcador denominado "botinha", que atua como um pequeno subsolador, que trabalha à profundidade de aproximadamente 20 cm. Imediatamente atrás do sulcador é colocada a saída de fertilizante. O número de distribuidores de fertilizantes, colocados na barra de ferramentas da adubadeira, e a distância entre eles deve ser igual ao número de distribuidores de mudas e a distância entre eles, para que haja coincidência das linhas e não ocorra deficiência de nutrientes em função do desvio entre as linhas de adubação e de transplante.

O maior aproveitamento da produção em função da redução das perdas por podridões e a bonificação recebida pela alta qualidade da matéria prima têm incentivado o uso dessa técnica.

 

 Figuras

1. Transplante mecanizado de mudas.

2. Cultura de tomate utilizando o sistema de plantio direto na palha.

  

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