Embrapa Hortaliças
Sistema de Produção, 1
ISSN ___ Versão Eletrônica
Jan/2003
Cultivo de tomate para industrialização
Autores
 Início

Plantas daninhas

Importância econômica
Composição nutricional
Clima
Solos
Adubação
Deficiências nutricionais
Cultivares
Produção de mudas
Plantio
Irrigação
Plantas daninhas
Doenças
Pragas
Colheita e pós-colheita
Processamento
Produção de sementes
Coeficientes técnicos
Referências bibliográficas
Glossário


Expediente


As áreas recém-desbravadas ou previamente exploradas com pastagens são pouco problemáticas em relação ao controle de plantas daninhas na tomaticultura. Em áreas intensamente cultivadas o controle é mais problemático devido a ocorrência e a proliferação de muitas espécies de plantas daninhas, que exercem alta pressão de competição com a cultura.

As plantas daninhas interferem diretamente no desenvolvimento do tomateiro, competindo por água, nutrientes, luz e liberando substâncias aleloquímicas, que afetam a germinação e o crescimento do tomateiro. Deve-se, por isso, evitar o plantio de tomate em áreas infestadas por espécies que possuam estas substâncias inibitórias, como a tiririca, o capim-maçambará, a grama-seda e o feijão-de-porco. Indiretamente, as plantas daninhas interferem como hospedeiras de um número grande de pragas e de patógenos que atacam o tomateiro. 

O tomateiro tem um desenvolvimento vegetativo lento nos primeiros 30 a 45 dias, ocorrendo nesse período maior interferência das plantas daninhas, principalmente em lavouras estabelecidas por semeadura direta. Após este período, e até o final do ciclo, as plantas daninhas não interferem pronunciadamente na produtividade. Entretanto, deve-se procurar manter a lavoura com menor infestação, para reduzir a população de hospedeiras de pragas e doenças e para não dificultar a colheita. Em lavouras formadas a partir de mudas, a competição inicial é menor, uma vez que as mudas são levadas a campo com 4 folhas definitivas.

O número de capinas e o uso de herbicidas dependem do grau de infestação e agressividade das plantas daninhas. 0 controle pode ser cultural, mecânico, químico ou integrado. A escolha e a eficiência de cada um desses métodos depende da natureza e interação das plantas daninhas, da época de execução do controle, das condições climáticas, do tipo de solo, dos tratos culturais, do programa de rotação de culturas, da disponibilidade de herbicidas e da disponibilidade de mão-de-obra e equipamentos. 

Primeiramente, devem-se identificar as espécies de plantas daninhas existentes na área e fazer o mapeamento anual de ocorrência, distribuição e predominância. O mapeamento é fundamental para a escolha dos herbicidas de pré-emergência (Figura 1 fase A). A população de plantas na área é dinâmica, podendo ocorrer mudanças de acordo com as práticas agrícolas usadas.

Quando ocorrer a reinfestação da área no período entre o preparo do solo e o plantio, as plantas daninhas podem ser eliminadas com uma gradagem leve ou com a aplicação combinada de herbicidas de ação de contato e ação residual de pré-emergência, após o plantio (Figura 1, fases C e D). Em áreas com baixa infestação, deve-se aplicar, preferencialmente, herbicidas de pós-emergência (Figura 1, fase F). 

Os herbicidas de diferentes grupos indicados para a cultura do tomateiro estão relacionados na Tabela 1 . A suscetibilidade das principais plantas daninhas aos herbicidas mencionados é apresentada na tabela 12.

Na aplicação de herbicidas o solo não deve conter torrões e deve apresentar teor de umidade próximo da capacidade de campo. Para adequar as doses do herbicida, deve-se conhecer os teores de argila e matéria orgânica do solo. Menores doses são recomendadas para solos com altos teores de areia e/ou baixo teor de matéria orgânica. Não aplicar herbicidas com ventos fortes, para evitar a deriva dos produtos. Uma aplicação eficiente e correta depende ainda da calibração do pulverizador e de cálculos de dosagem. Alguns herbicidas que dispensam a incorporação podem ser aplicados antes ou após o transplante das mudas. Após o transplante, o herbicida deve ser aplicado quando as mudas tiverem recuperado a turgescência. 

Deve-se destinar um conjunto pulverizador exclusivo para a aplicação de herbicidas, dotado de bicos do tipo leque. Caso o equipamento tenha sido usado para aplicar produtos a base de 2,4-D, deve ser rigorosamente lavado com detergente, pois o tomateiro e muito suscetível a esse herbicida.

Em geral, os herbicidas são mais eficientes para determinados tipos de plantas daninhas. Assim, o uso de combinações, sempre que possível, aumenta o espectro de ação. A combinação deve ser cuidadosamente planejada, para obter o máximo de controle e o mínimo de danos à cultura. Deve-se conhecer a suscetibilidade relativa das plantas daninhas e do tomateiro a cada um dos herbicidas (Tabela 2). Em geral, combina-se um herbicida que atue sobre gramíneas com outro que atue sobre plantas de folhas largas. 

O controle das plantas daninhas para ser eficaz deve ser permanente, através da integrarão de práticas culturais que reduzam a quantidade de sementes de plantas daninhas no solo, para reduzir a reinfestação.

A maria-pretinha é uma das plantas daninhas que predomina nas lavouras de tomate. Ela possui hábito de crescimento e fisiologia semelhantes aos do tomateiro, o que dificulta seu controle com herbicidas seletivos para solanáceas. Além disso, devido ao seu período de germinação mais longo, escapa do controle pelos herbicidas que tem ação residual mais curta. As plantas de maria-pretinha frutificam no final do ciclo do tomateiro e produzem grande quantidade de semente. A remoção através do arrancamento manual é sempre recomendável, para não aumentar a reinfestação e evitar a colheita de seus frutos juntamente com o tomate, evitando que o sabor amargo afete a qualidade do produto processado.
 

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Tabela 1. Herbicidas registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e do Abastecimento – MAPA. (Agrofit).

Ação principal do produto nas plantas1

Produto 2

Dose (Kg ou l/ha)

Época ou modo de aplicação 3

Nome comum

Nome comercial

Ingrediente ativo

Formulação

 
 Aplicação isolada
Folhas largas Flazasulfuron Katana
(0,05 – 0,10)
0,2 – 0,7
PÓS

Metribuzin Sencor 480 ou Lexone
(0,48)
1,0
PPI, PRÉ

Gramíneas

Clethodim

Select 240 CE

(0,8 – 0,11)

0,35 – 0,45

PÓS

Fluazitop-P butyl Fusilade 125, 250 EW
(0,19-0,25)
1,5-2,0
PÓS

Napropamide Devrinol 500PM
(2,0-3,0)

4,0-6,0

PPI

Quizalofop – P ethyl Tarza 50 CE
(0,07 – 0,10)
1,5 – 2,0
PÓS

Trifluralin Treflan ou similar
(0,58-1,15)
1,2-2,4
PPI
 Aplicação não seletiva (Manejo plantio direto)
Total, do tipo manejo plantio direto Diquat 

Glyphosate


Paraquat

Reglone 

Roundup ou similar


Gramoxone

(0,3-0,4) 

(0,36-2,16)


(0,3-04)

1,5-2,0 

1,0-6,0


1,5-3,0

PP 

PP


PP

1 Alguns dos produtos têm boa ação em ambos os grupos de plantas. A especificidade de cada um deles encontra-se na Tabela 2.
2 Ler e seguir as instruções dos rótulos. A inclusão ou exclusão de um produto depende da validade de registro dele junto ao MAPA/ SDV/DIPROF.
3 PPI = pré-plantio incorporado ao solo entre 5 e 7 cm; PRÉ = pré-emergência; PÓS = pós-emergência; PP = pós-emergência das plantas daninhas entre o preparo do solo e o plantio ou após o plantio em pós-emergência das plantas daninhas e obrigatoriamente antes da emergência do tomateiro.

 

  

Tabela 2. Suscetibilidade e tolerância das principais plantas daninhas aos herbicidas registrados para a cultura do tomateiro.

 

Nome comum e científico das espécies

 

Herbicida (*)

 

1

 

2

 

3

 

4

 

5

 

6

 

7

 

Amendoim-bravo - Euphorbia heterophylla

 

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T

 

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Ançarinha-branca – Chenopodium album

 

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T

 

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Apaga-fogo – Alternanthera tenella

 

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S

 

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S

 

T

 

Azevém - Lolium multiflorum

 

S

 

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S

 

T

 

Beldroega – Portulaca oleracea

 

M

 

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S

 

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S

 

T

 

Botão-de-ouro – Galinsoga parviflora

 

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S

 

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Capim-amargoso - Digitaria insularis

 

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S

 

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Capim-arroz – Echinochloa crusgalli

 

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S

 

Capim-carrapicho - Cenchrus echinatus

 

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S

 

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S

 

Capim-colchão - Digitaria sanguinalis

 

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Capim-coloninho – Echinochloa colonum

 

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Capim-colonião – Panicum maximum

 

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S

 

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Capim-kikuyo – Pennisetum clandestinum

 

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Capim-marmelada – Brachiaria plantaginea

 

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Capim-maçambará - Sorghum halepense

 

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S

 

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Capim-oferecido – Pennisetum setosum

 

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Capim-pé-de-galinha – Eleusine indica

 

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Capim-rabo-de-raposa – Setaria geniculata

 

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Caruru - Amaranthus hybridus var. paniculatus

 

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Carrapicho-de-carneiro – Acanthospermum hispidum

 

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Carrapicho-rasteiro – Acanthospermum australe

 

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Corda-de-viola – Ipomoea grandifolia

 

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Erva-de-santa-maria – Chenopodium ambrosioides

 

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Falsa-seralha – Emilia sonchifolia

 

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Fedegoso – Sena obtusifolia

 

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Grama-seda – Cynodon dactylon

 

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Guanxuma - Sida rhombifolia

 

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Joá-bravo – Solanum sisymbriifolium

 

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Joá-de-capote – Nicandra physaloides

 

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Maria-pretinha – Solanum americanum

 

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Mentrasto – Ageratum conyzoides

 

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Mentruz – Lepidium virginicum

 

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Mostarda – Sinapis arvensis

 

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Nabiça – Raphanus raphanistrum

 

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Picão-preto – Bidens pilosa

 

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Poaia brancaRichardia brasiliensis

 

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Serralha – Sonchus oleraceus

 

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Tiririca-amarela – Cyperus esculentus

 

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Tiririca-roxa – Cyperus rotundus

 

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M

 

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Trapoeraba – Commelina virginica

 

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Trevo – Oxalis spp.

 

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T

 

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(*) 1 = trifluralin; 2 = napropamide ; 3 = metribuzin; 4 = fluazitop- P; 5 =Clethodim; 6 = Flazasulfuron; e 7 = Quizalofop – P – ethyl . 

(**) T= tolerante; S= suscetível; M= medianamente suscetível; - = informações não disponíveis. 

Fonte: Adaptado de Ahrens (1994); Lorenzi (1994) e Agrofit (2003).

 

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Informações Relacionadas

AGROFIT – www.agricultura.gov.br/ddiv/

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