Embrapa Hortaliças
Sistema de Produção, 1
ISSN ___ Versão Eletrônica
Jan/2003
Cultivo de tomate para industrialização
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Colheita e transporte

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Expediente

 

O período necessário para maturação dos frutos depende da cultivar, do clima da região, do estado nutricional e da quantidade de água disponível para as plantas. Plantas submetidas a estresses tendem a reduzir o ciclo. A maioria das cultivares plantadas no Brasil são colhidas com aproximadamente 110 a 120 dias após a germinação ou 90 a 100 dias do transplante (Figura 1).

 


Colheita manual de tomate

 

A colheita manual (Figura 2) é geralmente feita em duas etapas. A primeira, quando 70% a 80% de frutos estão maduros e a segunda, cerca de dez a quinze dias após a primeira colheita.

 

É possível realizar a colheita em uma única etapa, utilizando-se cultivares de maturação concentrada, desde que o período de maturação coincida com dias quentes e não ocorra excesso de fornecimento de nitrogênio. Pode-se também acelerar a maturação dos frutos reduzindo as irrigações após transcorridos aproximadamente 90 dias da germinação, e/ou quando cerca de 20% dos frutos encontram-se maduros. A decisão de fazer uma segunda colheita irá depender do preço do tomate e da quantidade de frutos a serem colhidos nessa etapa, levando-se sempre em conta que os custos da segunda colheita são maiores e que a qualidade do produto é inferior.

 

Se a lavoura estiver com maturação muito irregular, não se deve esperar o amadurecimento da maioria dos frutos, pois as pencas inferiores podem apodrecer. Nesse caso, faz-se a primeira colheita antes que se inicie o apodrecimento dos frutos das primeiras pencas. Na segunda colheita, parte dos frutos ainda está verde ou em fase de maturação, exigindo maior vigilância para que não se ultrapassem os limites mínimos de qualidade, principalmente quanto à presença de frutos com escaldadura, amarelados, verdes e podres.

 

Colheitas antecipadas para evitar o apodrecimento de frutos ou para destinar parte da produção para o mercado de fruto in natura têm o inconveniente de causar uma exposição dos frutos remanescentes à radiação solar direta, o que resulta em escaldadura dos mesmos, prejudicando a qualidade.

 

Quando se opta por executar a colheita em única etapa, cada colhedor deve trabalhar com duas caixas, para recolher separadamente os frutos imaturos, que devem ser mantidos à sombra por 5 a 10 dias e, depois, reclassificados.

 

A colheita deve ter início nos carreadores, procedendo-se simultaneamente o deslocamento das ramas dos carreadores para cima dos canteiros (penteamento), deixando livre o carreador para o transito de veículos e de pessoas.

 

Os operários devem ser distribuídos em grupos de cerca de 30 pessoas, comandados por um fiscal encarregado de contabilizar a produção, fazer o controle de qualidade, orientar os operários para não danificarem as plantas e controlar a distribuição da caixaria. As caixas usadas na colheita são do tipo Cruzeiro, com capacidade para 20 a 22kg.

 


Colheita mecanizada

 

Atualmente, a maior parte da colheita vem sendo feita com colheitadeira mecânica. (Figura 3) Os equipamentos atualmente em uso no Brasil são automotrizes que cortam as plantas rente ao solo, sendo a parte aérea recolhida e os frutos destacados por meio de intensa vibração. Essas colhedeiras têm, em média, capacidade para colher cerca 15 toneladas por hora, o que corresponde a aproximadamente 3,0 ha/dia.

 

O uso de cultivares com porte determinado, com maturação concentrada e com frutos firmes contribui para o sucesso da colheita mecanizada. As cultivares mais indicadas para esse tipo de colheita devem apresentar maior capacidade de permanência em campo, folhagem sadia, frutos firmes e baixa percentagem de frutos podres ao atingirem o estádio de maturação.

 

Atenção deve ser dada para a escolha, limpeza da área e preparo do solo, que não pode conter pedras, tocos e outros objetos que possam danificar o equipamento, pois as lâminas de corte trabalham junto à superfície do solo.

 

A colheita mecanizada reduz a qualidade da produção, por causar mais danos aos frutos e resultar em maior acúmulo de impurezas junto ao produto colhido, quando comparado à colheita manual. Além disso, as colhedeiras necessitam de um bom serviço de assistência técnica e manutenção para perfeito funcionamento.

 

Do ponto de vista sanitário o uso da colheita mecanizada é vantajoso, pois diminui o trânsito de pessoal e de caixas nas lavouras, diminuindo a disseminação de pragas e doenças. A colheita mecanizada também favorece a programação da colheita, pois além de depender de um menor número de pessoas, não depende da disponibilidade de caixas de plástico para armazenamento e transporte da produção.

 


Transporte

 

O transporte do tomate nas principais regiões produtoras é feito a granel (figura 4). O transporte a granel facilita a descarga nas fábricas, reduzindo o gasto com mão-de-obra, e os custos de aquisição, transporte e manuseio das caixas. Entretanto, o transporte a granel exige que a cultivar possua frutos menos sujeitos a danos mecânicos para minimizar perdas.

 

Apesar da maior parte da produção de tomate para as indústrias processadoras ser feito a granel, este meio de transporte resulta em perdas para o produtor e para as indústrias. A perda referente ao produtor é decorrente da drenagem do suco, geralmente feita antes da pesagem; e da indústria, é resultante da perda de suco de frutos amassados na água de descarga e nas piscinas.

 

Além da perda quantitativa o transporte a granel também reduz a qualidade da matéria prima, pois os frutos amassados são facilmente contaminados por fungos e bactérias.

 



Destruição dos restos da cultura

 

Imediatamente após a colheita deve-se providenciar a destruição dos restos culturais, por meio de aração, visando impedir a proliferação de pragas e doenças. Porém, antes dessa operação é necessário descompactar polo menos as faixas dos carreadores, usando subsoladores. Na indisponibilidade de equipamentos, enleirar e queimar os restos culturais.

 


Qualidade

 

O tomate destinado ao processamento deverá apresentar coloração vermelho-intenso, uniforme, sem pedúnculo, fisiologicamente desenvolvido, maduro, limpo, com textura da polpa firme e avermelhada, livre de danos mecânicos e fisiológicos e de pragas e doenças. No entanto, a presença de frutos com defeitos é tolerada dentro dos (limites estabelecidos através da portaria nº 278, de 30 de novembro de 1988, do Ministério da Agricultura, da Pecuária e do Abastecimento. (Tabelas 1 e 2).

Além dos cuidados com a qualidade, na primeira colheita devem ser ainda observados os seguintes pontos: não colocar as caixas sobre as plantas, não revolver as plantas em demasia, não permitir que os operários transitem sobre os canteiros e se assentem sobre as plantas

Quando o transporte for feito a granel, o carregamento deve ter início quando existir uma quantidade de caixas cheias que permita completar a carga do caminhão. Essa operação deve ser feita o mais rapidamente possível, para que seja evitada compactação excessiva das camadas inferiores de frutos. O período entre o início do carregamento e a descarga na indústria deve ser o menor possível.

Ao lado da carroceria do caminhão são colocados suportes metálicos removíveis, que servem de sustentação para uma tábua de aproximadamente 60 cm de largura e 2 m de comprimento, onde ficam dois operários que recebem as caixas cheias e as derramam dentro da carroceria. É condenável a colocação de operários dentro da carroceria para esvaziar as caixas, devido aos danos por pisoteio.

Quando se realiza a colheita manual em duas etapas, na segunda colheita, parte dos frutos ainda estão verdes ou em fase de maturação, exigindo maior vigilância para que não se ultrapassem os limites mínimos de qualidade, principalmente quanto à presença de frutos com escaldadura, amarelados, verdes e podres.

 

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Tabela 1. Defeitos apresentados pelas frutos do tomate destinados ao processamento.

 

Defeitos

 

Descrição

GRAVES

 

Verde

 

Tomate imaturo que apresente mais do 50% de sua superfície verde.

 

Bichado ou brocado

 

Tomate com presença de larvas ou seus efeitos (furados).

 

Mofado

 

Tomate apodrecido, devido à ação de fungos.

 

Rachado

 

Tomate com rachadura profunda (lóculo visível), não cicatrizada, expondo os tecidos internos, com perda de líquido.

 

Desintegrado

 

Tomate ou fragmentos em decomposição, devido à excessiva compressão ou ação do agentes microbiológicos.

 

Pequeno

 

Tomate com diâmetro horizontal maior ou igual a 15 mm.

 

Com fundo preto

 

Tomate com podridão apical.

GERAIS:

 

Queimado

 

Tomate com escaldadura provocada pela ação do sol.

 

Descolorido

 

Tomate com a coloração amarela (fisiológico), que jamais atinge o ponto ideal de maturação.

 

Com rachadura superficial

 

Tomate com fenda na película ou atingindo a polpa, mas sem perda de liquido.

 

Lesionados

 

Tomate com ferimentos ou depressões devidos à ação de granizo ou outras causas mecânicas, porém sem contaminação microbiológica.

 

Murcho

 

Tomate sem turgência, enrugado e flácido.

 

Com coração preto

 

Tomate com necrose na polpa ou na placenta.

 

Com pedúnculo

 

Tomate com o pedúnculo aderido.

 

Fonte: Portaria 278 do MAPA

 

Tabela 2. Classificação do tomate para processamento industrial.

Tipo

Exigência mínima de frutos bons (%)

Tolerância máxima de defeitos graves (%)

Prêmio ou desconto sobre o peso (%)

 

Especial

 

50

 

0 a 10

 

+10

 

Standard

 

40

 

10a20

 

0

 

Utilizável I

 

40

 

20a25

 

-5

 

Utilizável II

 

40

 

25a30

 

-10

 

Utilizável III

 

40

 

30 a 35

 

-20

 

Utilizável IV

 

40

 

35 a 40

 

-30

 

Fonte: Portaria n.º 278 do Ministério da Agricultura, Pecuária e do Abastecimento.


Figuras

1 . Cultura em ponto de colheita.

2 . Colheita manual.

3 . Colheita mecanizada

4 . Uma das formas de transporte



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