Embrapa Hortaliças
Sistemas de Produção, 1 - 2ª Edição
ISSN xxxx-xxxx Versão Eletrônica
Dez./2006
Cultivo de Tomate para Industrialização
Autores

Sumário


Apresentação

Importância econômica
Composição nutricional
Clima
Solos
Adubação
Deficiências nutricionais
Cultivares
Produção de mudas
Plantio
Irrigação
Plantas daninhas
Doenças
Pragas
Colheita e pós-colheita
Processamento
Produção de sementes
Coeficientes técnicos
Referências
Glossário


Autores
Expediente

Pragas - Mosca branca (Bemisia argentifolii)

Períodos secos e quentes favorecem o desenvolvimento e a dispersão da praga, sendo, por isso, observados maiores picos populacionais na estação seca. São hospedeiros preferenciais da mosca-branca: algodão, brássicas (brócolos, couve-flor, repolho), cucurbitáceas (abobrinha, melão, chuchu, melancia, pepino), leguminosas (feijão, feijão-de-vagem, soja), solanáceas (berinjela, fumo, pimenta, tomate, pimentão), uva e algumas plantas ornamentais como o bico-de-papagaio (Euphorbia pulcherrima). Tem sido detectada também em plantas daninhas como o picão, joá-de-capote, amendoim-bravo e datura.

Biologia - Os adultos da mosca-branca são de coloração amarelo-pálida (Figura 1). Medem de 1 a 2 mm, sendo a fêmea maior que o macho. Quando em repouso, as asas são mantidas levemente separadas, com os lados paralelos, deixando o abdome visível. A longevidade do inseto depende da alimentação e da temperatura. Do estágio de ovo ao de adulto o inseto pode levar de 18 a 19 dias (com temperaturas médias de 32 °C). O ovo, de coloração amarela, apresenta formato de pêra e mede cerca de 0,2 a 0,3 mm. São depositados pelas fêmeas, de maneira irregular, na parte inferior da folha. A duração dessa fase é de seis a quinze dias, dependendo da temperatura. As ninfas são translúcidas e apresentam coloração amarela a amarelo-pálida (Figura 2). - Como vetor de vírus (diferentes espécies de geminivírus), pode causar perdas substanciais na cultura do tomateiro (40% a 70%). Quando o vírus infecta as plantas ainda jovens, essas têm o crescimento paralisado. Nos últimos anos, com o estabelecimento da mosca-branca B. argentifolii no ecossistema do tomate, sintomas generalizados de geminivírus foram observados nos Estados de Minas Gerais, São Paulo, Bahia, Pernambuco (Submédio São Francisco) e no DF. Os sintomas da doença encontram-se descritos em doenças causadas por vírus.

Foto : Acervo da Embrapa Hortaliças
x
Fig. 1 - Adulto de mosca-branca.
Foto : Acervo da Embrapa Hortaliças
x
Fig. 2 - Ninfas de mosca-branca.

Danos - Por sucção direta: ao sugar a seiva das plantas, com a introdução do estilete no tecido vegetal, os insetos (adultos e ninfas) provocam alterações no desenvolvimento vegetativo e reprodutivo da planta, debilitando-a e reduzindo a produtividade e qualidade dos frutos. Em casos de altas densidades populacionais, podem ocorrer perdas de até 50% da produção. Infestações muito intensas ocasionam murcha, queda de folhas e perda de frutos. Em tomate para processamento industrial, ocorre o amadurecimento irregular (Figura 3) dos frutos, provavelmente causado por uma toxina injetada pelo inseto. Isso dificulta o reconhecimento do ponto de colheita dos frutos e reduz a produção e a qualidade da pasta. Internamente os frutos são esbranquiçados, com aspecto esponjoso, ou "isoporizados" (Figura 4) .

Foto: Acervo da Embrapa Hortaliças
x
Foto: Acervo da Embrapa Hortaliças
x
Fig. 3 e 4 - Dano causado por mosca-branca
em frutos de tomate.

Controle cultural - Consiste no emprego de práticas agrícolas rotineiras para criar um agroecossistema menos favorável ao desenvolvimento e à sobrevivência dos insetos.

a) Plantio de mudas sadias — Quanto mais cedo ocorrer a infecção das plantas pelo vírus transmitido pela mosca-branca, mais danos serão observados, com conseqüente redução da produção. Recomenda-se: produzir as mudas longe de campos contaminados pelo geminivírus e da mosca-branca e longe do local definitivo de plantio; proteger a sementeira com plástico, tela ou tecido; proteger as mudas desde a sementeira até os primeiros 30 dias após o transplante, com inseticidas registrados para a cultura; aplicar inseticida nas mudas, antes do transplante; selecionar mudas sadias e vigorosas para o transplante; e não transplantar antes dos 21 dias.

b) Uso de barreiras vivas — O objetivo é impedir ou retardar a entrada de adultos da praga na lavoura. As barreiras devem ser perpendiculares à direção predominante do vento e, quando possível, rodear a lavoura. Podem ser usados sorgo forrageiro, milho ou outra planta similar. Por ocasião do transplante do tomate, essas plantas devem estar com 1,0 m de altura. Se possível, deve-se utilizar para barreira plantas que possam ter outra utilidade, como forrageiras, ou plantas para alimentação humana.

c) Uso de armadilhas — Sua finalidade é atrair e reduzir a população de adultos de mosca-branca. Usam-se lonas, plásticos, potes de plástico, nylon ou etiquetas, de coloração amarela (cor que atrai o inseto), untadas com óleo. As armadilhas devem ser colocadas entre as plantas, na mesma altura das plantas do cultivo.

d) Manutenção da lavoura no limpo — É necessário eliminar as plantas daninhas hospedeiras de viroses antes do plantio e nos primeiros dias do estabelecimento da lavoura.

e) Eliminação de restos culturais — Restos de plantas não colhidas devem ser incorporados ao solo, para impedir a formação de um nicho de sobrevivência para ovos, ninfas e adultos de mosca-branca. É importante que os vizinhos da propriedade façam o mesmo.

f) Plantio de cultivares resistentes — Quando é difícil combater o vetor, a resistência ao vírus é a única opção para controlar o problema. Com tomate, em muitos países, estudos têm mostrado bons resultados com o plantio de cultivares resistentes às viroses.

Controle químico — É o tipo de controle mais generalizado, embora na maioria das vezes feito de forma irracional. Para a eficiência do controle químico, devem ser utilizadas as seguintes medidas:

·         Inseticidas — Os produtos registrados para o controle da mosca-branca estão listados na Tabela 1. Devem-se utilizar as dosagens recomendadas nos rótulos. O emprego de óleos (0,5% a 0,8%), sabões e detergentes neutros (0,5%) com aplicação em alta pressão vem sendo recomendado. Esses produtos reduzem a oviposição de mosca-branca e causam transtornos no desenvolvimento das ninfas, especialmente no primeiro estádio. As ninfas não se alimentam na superfície tratada com óleo e morrem desidratadas.

·         Aplicação de produtos em rotação (espacial ou temporal) — Populações de mosca-branca da espécie B. argentifolii resistentes aos diversos princípios ativos são rapidamente selecionadas quando os produtos são aplicados intensivamente. A rotação entre os diversos grupos químicos (Tabela 1) deve ser utilizada para aumentar a vida útil dos inseticidas. Não é recomendado aplicar um só produto ou aumentar sua dose, pois isso favorece a seleção de populações resistentes. A mistura de inseticidas não é eficiente e não deve ser efetuada, com exceção de misturas registradas.

Controle biológico - Várias espécies de inimigos naturais têm sido identificadas em associação com o complexo de espécies de mosca-branca. No grupo de predadores, foram identificadas dezesseis espécies das ordens Hemiptera, Neuroptera, Coleoptera e Diptera. Entre os parasitóides, identificaram-se 37 espécies de micro-himenópteros. Os parasitóides dos gêneros Encarsia, Eretmocerus e Amitus são os mais comumente encontrados. No grupo de entomopatógenos, várias espécies são citadas, como: Verticillium lecanii, Aschersonia aleyrodis, Paecilomyces fumosoroseus e Beauveria bassiana. A adoção de medidas de controle adequadas – tais como práticas culturais, cultivares resistentes e uso racional de inseticidas – pode favorecer o aumento dos inimigos naturais.

Tabela 1. Inseticidas registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, para o controle da mosca-branca.

Grupo químico

Impacto sobre
mosca-branca

Ingrediente ativo

Produto comercial

Ditiocarbamato

Mortalidade de adultos

Cartap1

Cartap, Thiobel

Fosforado

Mortalidade de adultos e ninfas

Acephate1

Orthene 750BR

Dimethoate

Tiomet 400CE

Metamidophos1

Faro, Hamidop 600, Metafos, Metamidofos Fer, Nocaute, Stron, Tamaron BR

Triazophos1

Hostathion 400

Fosforado + piretróide

Mortalidade de adultos e ninfas

Triazophos + Deltamethrin1

Deltaphos CE

Piretróide

Mortalidade de adultos e ninfas

Betacyfluthrin

Bulldock 125SC

Esfenvalerate

Sumidan 25CE

Fenpropathrin

Danimen 300CE, Meothrin 300

Fenvalerate

Belmarck 75CE, Sumicidin 200

Neonicotinóide

Inibe a alimentação, vôo e movimento de adultos; reduz a oviposição

Acetamiprid1

Sauros PS, Mospilan

Imidacloprid1

Confidor, Provado

Thiamethoxan1

Thiamethoxan 250WG, Actara

Thiacloprid1

Calypso

Piridazinonas

----------------2

Pyridaben1

Sanmite

Piridil éter

Inviabiliza eclosão de ovos; esteriliza fêmeas e pupas; inibe o desenvolvimento de ninfas

Pyriproxyfen1

Cordial 100, Epingle 100, Tiger 100

Tiadiazina

Reduz a produção de ovos das fêmeas; esteriliza ovos; inibe o desenvolvimento de ninfas

Buprofezin1

Applaud

1/ Produto registrado para uso emergencial. Instrução Normativa nº 1, de 12 de janeiro de 1999. SDA, Ministério da Agricultura e do Abastecimento, Diário Oficial de 14 de janeiro de 1999.
2/ Informação sobre o inseticida indisponível no CAB Abstracts até 10/98.

Fonte: Agrofit

 

 

Embrapa. Todos os direitos reservados, conforme Lei n° 9.610.

Topo da página