Embrapa Hortaliças
Sistemas de Produção, 1 - 2ª Edição
ISSN xxxx-xxxx Versão Eletrônica
Dez./2006
Cultivo de Tomate para Industrialização
Autores

Sumário


Apresentação

Importância econômica
Composição nutricional
Clima
Solos
Adubação
Deficiências nutricionais
Cultivares
Produção de mudas
Plantio
Irrigação
Plantas daninhas
Doenças
Pragas
Colheita e pós-colheita
Processamento
Produção de sementes
Coeficientes técnicos
Referências
Glossário


Autores
Expediente

Pragas - Traça-do-tomateiro (Tuta absoluta)

Traça-do-tomateiro (Tuta absoluta)

Ocorre durante todo o ano, especialmente no período mais seco, quase desaparecendo em períodos chuvosos. Lavouras irrigadas por aspersão convencional ou por pivô central são menos danificadas do que as irrigadas por sulco. A irrigação por aspersão derruba os ovos, larvas e pupas, reduzindo o potencial de multiplicação do inseto.

Biologia - Os ovos são colocados nas folhas, hastes, flores e frutos. São elípticos, de cor branca, e se tornam amarelados ou marrons. As larvas eclodem três a cinco dias após a postura (Figura 1) e são de cor branca ou verde. Após a eclosão, penetram imediatamente no parênquima foliar, nos frutos ou nos ápices das hastes, onde permanecem por oito a dez dias, quando se transformam em pupas. A fase de pupa dura de sete a dez dias e ocorre principalmente nas folhas ou no solo e, ocasionalmente, nas hastes e frutos. Os adultos (Figura 2) são pequenas mariposas de cor cinza, marrom ou prateada, medem aproximadamente 10 mm de comprimento e podem viver até uma semana. Acasalam-se imediatamente após a emergência, voam e ovipositam predominantemente ao amanhecer e ao entardecer.

Foto: Estebam Sani
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Fig. 1 - Lagarta da traça-do-tomateiro.
Foto: Estebam Sani
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Fig. 2 - Traça-do-tomateiro adulto.

Danos - Os danos são causados pelas larvas, que formam minas nas folhas e se alimentam no interior destas. Podem destruir completamente as folhas (Figura 3 e Figura 4) do tomateiro e tornar imprestáveis os frutos (Figura 5), além de facilitar a contaminação por patógenos.

Foto: Acervo da Embrapa Hortaliças
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Fig. 3 - Danos de
traça-do-tomateiro em folhas.
Foto: Acervo da Embrapa Hortaliças
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Fig. 4 - Planta
severamente atacada.

 

Foto: Acervo da Embrapa Hortaliças
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Fig. 5 - Frutos danificados
por traça-do-tomateiro.

Controle químico - O controle químico é a prática mais utilizada por agricultores. Recomenda-se utilizar os produtos registrados para o controle da praga – consultar o AGROFIT. As pulverizações devem ser iniciadas quando o inseto for constatado na área. No caso específico do Abamectin, sua mistura com óleo mineral na dosagem recomendada torna-o mais eficiente no controle de larvas. Considera-se bom o manejo que, ao final do ciclo, resulte em no máximo 10% de frutos danificados.

A aplicação de inseticidas não é capaz de eliminar todos os insetos presentes nas lavouras. Normalmente, os produtos mais eficientes controlam cerca de 95% da população. Estudos indicaram que o uso constante de um inseticida ou inseticidas de um mesmo grupo químico selecionam populações resistentes.

Num programa de rotação de inseticidas, cada um deve ser utilizado por um período de 28 dias para cobrir aproximadamente uma geração da praga. Inseticidas piretróides e fosforados devem ser utilizados preferencialmente nos períodos de menor atividade de adultos. Com isso, a seleção de populações resistentes ocorrerá apenas em um estágio de vida do inseto, isto é, na fase larval.

Controle biológico - Uma série de inimigos naturais da traça-do-tomateiro é encontrada em sistemas de produção de tomate que utilizam conceitos de manejo integrado de pragas. Em geral, nessas áreas o nível populacional de T. absoluta é relativamente mais baixo durante todo o desenvolvimento da cultura, quando comparado com as áreas onde inseticidas são utilizados indiscriminadamente. Doze espécies de parasitóides das famílias Bethylidae, Braconidae, Chalcididae, Eulophidae, Ichneumonidae, Mymaridae e Trichogrammatidae já foram registradas no Brasil. Entre os predadores podemos citar vespas, formigas, o neuróptero Chrysoperla externa, aranhas e percevejos das famílias Reduviidae, Pentatomidae e Nabidae. Nas áreas em que os inseticidas são usados indiscriminadamente, a ação dos insetos benéficos não tem impacto sobre a população da traça-do-tomateiro.

Inseticidas de amplo espectro como Metamidophos e Parathion metyl tem grande impacto sobre inimigos naturais, principalmente parasitóides e predadores. Em geral, nas áreas onde o controle biológico é praticado, até 60% dos ovos da traça-do-tomateiro podem ser parasitados por Trichogramma pretiosum, o que reduz consideravelmente a população da praga e os frutos danificados. Abamectin é mais seletivo e tem menor impacto sobre esse parasitóide, e até 35% dos ovos da traça-do-tomateiro podem ser parasitados quando esse produto é utilizado. Produtos à base de Deltamethrin reduzem o nível de parasitismo para 20% dos ovos. Em geral, nas plantas tratadas com Cartap nenhum parasitóide pode ser recuperado.

O uso do controle biológico no controle da traça-do-tomateiro é feito com o parasitóide Trichogramma pretiosum em liberações semanais na lavoura, associada a aplicações do inseticida biológico Bacillus thuringiensis ou de inseticidas com alta seletividade, tais como os reguladores de crescimento – Chlorfluazuron, Diflubenzuron, Teflubenzuron, Tebufenozide e Triflumuron (Tabela 1). Essa técnica tem assegurado o controle eficiente e com menor gasto, obtendo-se produções com menos de 2% de frutos danificados. Entretanto, esse método deve ser utilizado preventivamente, ou seja, antes da presença do inseto na área. As liberações de T. pretiosum (450.000 a 1.200.000 indivíduos/ha) devem ser iniciadas entre o 20º e o 30º dia após o transplante e estender-se por pelo menos doze semanas. A grande limitação dessa prática é a pouca disponibilidade do parasitóide. Embora a produção do T. pretiosum seja de baixo custo, atualmente é produzido apenas em laboratórios de pesquisa ou para uso próprio.

Além do uso de T. pretiosum na lavoura, outros agentes de controle biológico são considerados como promissores, como por exemplo a C. externa, que é um predador voraz de ovos e lagartas da traça-do-tomateiro e freqüentemente é observado em grandes populações nas lavouras de tomate e adjacências. Para ampliar a ação dos inimigos naturais sobre a população da traça-do-tomateiro é importante evitar aplicações desnecessárias de inseticidas ou seja, antes de se constatar a presença do inseto.

Controle cultural - As medidas mais eficientes de controle, como a destruição e incorporação dos restos culturais, visam interromper o ciclo biológico do inseto.

 

Tabela 1. Inseticidas registrados no Ministério da Agricultura e do Abastecimento, para o controle da traça-do-tomateiro
Grupo químico
Ingrediente ativo
Nome comercial
Aciluréia Lufenuron Match CE
Aril propil benzil éter Etofenprox Trebon 300 CE
Avermectina Abamectin Vertimec 18 CE
Benoiluréia Chlorfluazuron Atabron 50 CE
Teflubenzuron Nomolt 150
Triflumuron Alsystin 250
Biológico Bacillus thuringiensis Agree, Dipel, Ecotech, Xentari
Derivado da uréia Diflubenzuron Dimilin
Diacilidrazina Tebufenozide Mimic 240 SC
Ditiocarbamato Cartap Cartap BR 500, Thiobel 500
Fosforado Fentoato Elsan
Metamidophos Faro, Hamidop 600, Metafos, Metamidofos Fer, Nocaute, Stron, Tamaron Br
Parathion metyl Mentox 500 CE
Piretróide Betacyfluthrin Bulldock 125, Trebon 300 CE, Turbo
Cyfluthrin Baythroid CE
Cypermethrin Arrivo 200 CE, Cyptrin 205 C, Galgothrin, Ripicord 100
Deltamethrin Decis 25 CE
Esfenvalerate Sumidan 25 CE
Fenpropathrin Danimen 300 C, Meothrin 300
Fenvalerate Belmark 75 CE, Sumicidin 200
Lambdacyalothrin Karate 50 CE
Permethrin Ambush 500 CE, Corsair 500 C, Piredan, Pounce 384 CE, Valon 384 CE
Zetacypermethrin Fury 180 EW
Fonte: Anvisa
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