Colheita
Seleção
e Classificação
Embalagens
para Pimentas in natura
Conservação
Pós-Colheita
Colheita
As pimentas apresentam diferentes pontos de colheita,
de acordo com cada tipo, região de cultivo e época
do ano. O ciclo da cultura e o período de colheita são
afetados diretamente pelas condições climáticas
e pelos tratos culturais, como adubação, irrigação,
incidência de pragas e doenças, e a adoção
de medidas de controle fitossanitário. De uma maneira geral,
as primeiras colheitas são feitas a partir de 90 dias após
a semeadura para as pimentas mais precoces, como a ‘Murupi’,
e após 120 dias para as mais tardias. O ponto de colheita
ideal das pimentas é determinado visualmente, quando os frutos
atingem o tamanho máximo de crescimento e o formato típico
de cada espécie, com a cor específica demandada pelo
mercado: verde para a pimenta ‘Cambuci’; vermelho para
a ‘Malagueta’; amarela ou vermelha para a pimenta ‘Bode’;
verde-claro para a ‘De Cheiro’; amarela para a ‘Cumari
do Pará’; e amarelo-claro para a ‘Murupi’.
As pimentas são mais difíceis de
serem colhidas quando comparadas com pimentão devido ao menor
tamanho dos frutos e a arquitetura da planta, principalmente aquelas
de menor porte e com maior número de galhos. Para efetuar
a colheita das pimentas com plantas de porte mais baixo, como a
‘Cumari do Pará’ e ‘Malagueta’, é
necessário que os apanhadores fiquem agachados ou curvados,
enquanto para aquelas pimentas com plantas mais altas, como a ‘Bode’,
é possível fazer a colheita em pé, em uma posição
mais confortável. A posição dos frutos das
pimentas, seu tamanho e a resistência do pedúnculo
também interferem na velocidade da colheita. As pimentas
‘Bode’ e ‘Dedo-de-Moça’ possuem frutos
maiores e são mais fáceis de apanhar, sendo possível
colher até 60kg/dia/operário, enquanto as pimentas
‘Malagueta’ e ‘Cumari do Pará’ possuem
frutos menores, o que reduz a velocidade da colheita (aproximadamente
10kg/dia/operário).
As pimentas são colhidas manualmente, arrancando-se
os frutos das plantas com ou sem os pedúnculos, dependendo
do tipo de pimenta e o uso do produto. Cada colhedor utiliza um
recipiente pequeno, como uma lata, prato ou bolsa para recolher
os frutos das plantas. Um recipiente adequado para a colheita das
pimentas pode ser feito a partir de garrafas plásticas de
refrigerante de 2L do tipo ‘PET’, cortando-se o terço
superior da garrafa e colocando-se um cordão em duas extremidades
laterais para pendurar no pescoço. Além de ser um
recipiente barato e fácil de ser feito, o operário
fica com as duas mãos livres para executar a colheita, sendo
possível segurar os ramos e destacar os frutos sem quebrar
a planta. Depois de cheios, estes recipientes são vertidos
em baldes ou latas maiores (5-10L) ou então em caixas localizadas
estrategicamente próximas do local de colheita.
Quando as pimentas são destinadas especificamente
para a indústria de conservas e molhos, podem ser apanhadas
sem o pedúnculo diretamente no campo. Para aquelas pimentas
com maior resistência do pedúnculo, como a ‘Bode’
e a ‘Dedo de Moça’, às vezes é
necessária uma operação adicional no galpão
de beneficiamento para retirar completamente o pedúnculo
dos frutos destinados para conservas. As pimentas mais picantes
(‘ardidas’), como a ‘Malagueta’, causam
irritação e até queimaduras na pele das mãos
dos colhedores devido aos teores mais elevados de capsaicina, o
composto químico responsável pela ardência nas
pimentas. Pessoas com pele muito sensível devem utilizar
luvas ou outro material de proteção na colheita, embora
causem desconforto pelo suor e dificultem a operação.
Existem indicações de alguns produtos que podem aliviar
as queimaduras e irritação causadas pela capsaicina,
como álcool, água sanitária, água ou
leite quentes. Aparentemente, a melhor indicação para
reduzir os efeitos negativos das pimentas mais ardidas ou picantes
é usar óleos vegetais (soja, canola, girassol), azeite
de oliva, banha, manteiga ou margarina ou outros produtos a base
de gordura, por que a capsaicina é uma substância lipossolúvel,
ou seja, solúvel em óleo e outros tipos de gorduras.
Este tratamento não elimina completamente o desconforto das
queimaduras, mas pode reduzir parcialmente a concentração
do composto das mãos. Os colhedores devem sempre se lembrar
de não se coçarem ou tocar partes sensíveis
do corpo, como olhos e boca, enquanto executam a colheita por conta
das queimaduras e pela irritação causadas pelas pimentas,
principalmente pela exposição contínua.
O horário ideal para a colheita das pimentas
é nas horas menos quentes do dia, no início da manhã
e no final da tarde. Quando não é possível
colher tudo nestes dois períodos, deve-se armazenar os frutos
colhidos sempre a sombra, em local arejado e fresco. A exposição
direta ao sol aumenta a respiração e a perda de água,
resultando em murcha e deterioração dos frutos. Deve-se
também evitar a colheita de frutos molhados pela chuva ou
orvalho porque tendem a apodrecer mais rapidamente durante o transporte
e a comercialização. Restos de folhas e galhos também
devem ser eliminados porque podem tendem a fermentar rapidamente,
principalmente quando molhados ou úmidos, e assim aumentar
a temperatura no interior das embalagens e reduzir a durabilidade
pós-colheita dos frutos.
À medida que baldes, caixas e sacos com
as pimentas no campo vão ficando cheios, devem ser transportados
até pequenos galpões ou sob a sombra de árvores
nas margens da plantação. Estes galpões podem
ser construídos de modo simples, com uma cobertura de plástico
preto recoberto com capim ou folhas de palmeira, servindo para proteger
as pimentas do sol direto e da chuva. Posteriormente, os frutos
são acondicionados em sacos plásticos grandes (30kg)
ou caixas plásticas ou de madeira (15kg), ou outro tipo de
embalagem demandado pelo mercado. Para as pimentas destinadas para
a indústria de molhos e conservas, é possível
retirar os pedúnculos dos frutos em galpões ao lado
da lavoura e armazenar as pimentas diretamente em recipientes plásticos
de 50L (‘bombas’ ou ‘bombonas’) com a calda
apropriada, feita a base de vinagre ou outro tipo de álcool
e sal. Este processo reduz problemas de conservação
pós-colheita dos frutos de pimenta colhidos mantidos in natura.
Seleção
e Classificação
Ainda não existe nenhuma norma oficial de
classificação e padronização para as
pimentas no Brasil. Praticamente todas as operações
usuais de beneficiamento são feitas a campo e executadas
simultaneamente pelos colhedores. As pimentas para comercialização
in natura do tipo ‘Dedo-de-Moça’ devem ser colhidas
sempre com o pedúnculo porque melhora a aparência e
os frutos tendem a se conservar melhor, o que não se aplica
àquelas pimentas que possuem frutos que se destacam facilmente
da planta, como ‘Cumari do Pará’, ‘Malagueta’
e ‘Cumari Vermelha (= ‘Passarinho’). Na medida
do possível, o colhedor deve eliminar os frutos doentes,
brocados, murchos, passados, desuniformes e mal-formados e selecionar
na planta somente aqueles bem desenvolvidos e de coloração
típica de cada tipo de pimenta. Para aquelas pimentas com
frutos pequenos, deve-se tomar cuidado para não colher ramos
inteiros com as folhas, evitando-se o contato com o solo para não
sujar e contaminar os frutos. Depois de colhidas, pimentas de frutos
pequenos, como ‘Cumari’, ‘Bode’ e ‘Malagueta’,
devem ser manipuladas com cuidado para evitar danos mecânicos
aos frutos, como cortes, abrasões e outros tipos de ferimentos.
Embalagens
para Pimentas in natura
São usadas diferentes embalagens para a
comercialização de pimentas no Brasil, de acordo com
o tamanho e tipo de fruto, região e demanda do mercado. Na
CEASA de Goiânia-GO, as pimentas ‘Cumari do Pará’,
‘Malagueta’, ‘Bode Vermelha’, ‘Bode
Amarela’ e ‘De Cheiro’ são acondicionadas
em sacos plásticos grandes de 30kg. Na CEAGESP em São
Paulo-SP, as pimentas com frutos maiores, como ‘Cambuci’,
‘Dedo-de-Moça’ e pimenta doce do tipo americana,
são comercializadas em caixas plásticas ou de madeira
do tipo ‘K’ (12-15kg); as pimentas com frutos menores,
como ‘Malagueta’ e ‘Cumari do Pará’
também são acondicionadas em caixas de papelão
(1-2kg) e sacos plásticos (1, 2, 5 ou 10kg). Em todos os
mercados atacadistas, as pimentas também são comercializadas
em quantidades menores, utilizando-se como unidade copos de vidro
ou latas de 250 a 1000ml de capacidade, de acordo com a demanda
do cliente.
No varejo, as pimentas são comercializadas
de diferentes formas, sendo a mais comum a granel, e os consumidores
selecionam manualmente a qualidade e a quantidade a ser comprada.
Nas feiras-livres e mercados menores, a medida adotada é
um copo de vidro ou lata (250-300ml), sendo possível mesclar
diferentes tipos de pimentas por um mesmo preço. Em supermercados
e sacolões, as pimentas também são comercializadas
em sacos plásticos perfurados de 50g do produto ao preço
aproximado de R$ 1,00 (em Brasília, nov/2003), bandejas de
isopor recobertas com filmes de PVC com 50-100g e caixinhas do tipo
PET de 250ml de capacidade. As embalagens com filmes ou sacos plásticos
são as melhores opções de venda porque reduzem
a perda de matéria fresca e mantêm a coloração
do pedúnculo e dos frutos por um período de tempo
maior, principalmente quando mantidas sob refrigeração.
Conservação
Pós-Colheita
Não existem informações disponíveis
sobre a temperatura ideal de armazenamento para cada um dos tipos
de pimenta cultivados no Brasil. As pimentas são frutos tropicais
e por esta razão as temperaturas entre 7oC e 12oC são
as mais indicadas para reduzir a respiração e outros
processos fisiológicos. Os maiores problemas das pimentas
destinadas ao consumo in natura são a rápida perda
de água dos frutos, que resulta em murchamento, e a descoloração
do pedúnculo, que perde sua coloração verde
característica. Estes dois problemas reduzem o valor de mercado
do produto e podem ser motivos de descarte na comercialização.
O armazenamento em temperaturas inferiores a 7oC pode causar injúria
por frio (‘chilling’) nos frutos, formando lesões
deprimidas. Para evitar a perda acentuada de água, é
recomendável deixar os frutos com o pedúnculo e associar
a refrigeração ao uso de embalagens plásticas,
que mantêm a umidade elevada. No caso de usar embalagens plásticas
(sacos de polietileno, filme de PVC ou caixinha tipo PET) e comercializar
as pimentas em temperatura ambiente (23-26oC), deve-se fazer alguns
furos nas embalagens para evitar a condensação de
água no seu interior ou sobre os frutos de pimenta. Nesta
condição pode ocorrer o desenvolvimento de fungos
no pedúnculo e na superfície dos frutos após
2-3 dias, e comprometer a aparência dos frutos.
Os produtos embalados devem ter uma etiqueta ou
rótulo identificador com algumas informações
básicas, como tipo de pimenta, data da embalagem e prazo
de validade, e nome e endereço do embalador. O prazo de validade
varia de acordo com o tipo de pimenta, embalagem utilizada e principalmente
temperatura, sendo 5 dias para pimenta De Cheiro e Bode em sacos
plásticos perfurados mantidos a 23-25oC e até 10 dias
para frutos embalados em filmes de PVC mantidos a 12-15oC.. Em experimentos
conduzidos na Embrapa Hortaliças, as pimentas ‘Malagueta’,
‘De Cheiro’, ‘Cumari do Pará’, ‘Bode
Vermelha’, ‘Bode Amarela’ e ‘Dedo de Moça’
foram conservadas durante 30 dias a 8oC acondicionadas em bandejas
de isopor envoltas por filme de PVC (>90% UR). Na Universidade
Federal de Viçosa, determinou-se que a pimenta ‘Malagueta’
pode ser mantida por até 30 dias a 12oC e 90% UR
As pimentas in natura possuem um mercado relativamente
pequeno quando comparadas com outras hortaliças, principalmente
porque são usadas como temperos, em pequenas quantidades.
Ao mesmo tempo, a demanda é relativamente constante e o mercado
cativo. Por estas razões, é importante oferecer um
produto de alta qualidade ao consumidor, com frutos de tamanho e
coloração padronizados e isento de resíduos
de agrotóxicos.