Embrapa Hortaliças
Sistemas de Produção, 2
ISSN 1678-880x Versão Eletrônica
Nov./2007
Pimenta (Capsicum spp.)
Autores

Sumário

Apresentação
Importância econômica
Botânica
Clima
Solos
Adubação
Cultivares
Produção de mudas
Plantio
Tratos culturais
Irrigação
Plantas daninhas
Doenças
Pragas
Colheita
Comercialização

Consumo
Processamento
Produção de sementes
Coeficientes técnicos
Referências
Glossário

Agrotóxicos



Expediente

Coeficientes técnicos

 

Coeficientes técnicos, custos, rendimentos e rentabilidade

As pimentas do gênero Capsicum destacam-se como importantes produtos do agronegócio brasileiro. Na pauta do comércio internacional de hortaliças, o volume das exportações brasileiras atingiu 8.479 toneladas no valor de US$ 17.344 mil em 2004. Em contrapartida, as importações foram de 641 toneladas no valor de US$ 1.403 mil. Desta forma, as pimentas Capsicum beneficiaram a balança comercial brasileira com um superávit US$ 15.941 mil. Comparando-se com o ano 2000, verifica-se que as exportações aumentaram em volume (22,1%) e em valor (43,0%).

Em razão da elevada capacidade de geração de emprego e renda, principalmente para os pequenos produtores, as pimentas Capsicum posicionam-se dentro da agricultura brasileira como culturas de elevada importância socioeconômica.

Foi levantada a eficiência econômica de diferentes sistemas de produção de pimentas Capsicum praticados por pequenos produtores de diferentes regiões do País. Foram considerados os coeficientes técnicos e os custos de produção das pimentas mais valorizadas pelo agronegócio brasileiro, como ‘Tabasco’, ‘Malagueta’, ‘Dedo-de-Moça’ (ou ‘pimentas vermelhas’, uma denominação regional) e ‘Jalapeño’. As informações foram coletadas por pesquisadores e extensionistas diretamente nas áreas de produção de Piracanjuba-GO (‘Malagueta’); Turuçu-RS (‘Dedo-de-Moça’); Ouvidor-GO (‘Jalapeño’); e Crato-CE (‘Tabasco’). Levando-se em conta as informações sobre os coeficientes técnicos e custos de produção, utilizou-se o método de orçamentação parcial para realização das análises econômicas. Este método, comumente utilizado em análises de perfil, fornece os indicadores econômicos básicos para uma cultura e, em geral, é aplicado em análises estáticas comparativas de culturas ou ciclos de produção (PERRIN et al., 1985; SCOLARI et al., 1985; SNODGRASS; WALLACE, 1993; LAIARD; GLAISTER, 1996; EMBRAPA, 2002; ANDREWS; REGANOLD, 2004).

Os custos de produção de pimenta ‘Tabasco’ e ‘Jalapeño’ foram levantados em 2001. Nestes sistemas operacionalizados por pequenos produtores, os custos de produção por hectare são relativamente baixos, quando comparados aos custos de outras hortaliças. No sistema de produção de pimenta ‘Tabasco’, o item que mais onerou os custos de produção são os insumos (66,11%), principalmente os adubos químicos (33,4%) e as sementes (20%), que em geral são importadas. O sistema de produção de pimenta ‘Jalapeño’ também tem os custos de produção mais onerados pelos insumos (41,2%), apresentando maior peso na composição dos custos operacionais os adubos químicos (19,3%) seguidos pelas mudas, que em geral são adquiridas de produtores especializados.

Os sistemas de produção de pimenta ‘Dedo-de-Moça’ e ‘Malagueta’ foram levantados em 2002. Estes sistemas são conduzidos de maneira simples, com baixo nível tecnológico e os custos variáveis de produção também são baixos, não chegando a R$ 4.000,00. A produção da pimenta ‘Dedo-de-Moça’ tem os custos de produção mais onerados pela mão-de-obra (60,8%). Esta pimenta é utilizada desidratada como pimenta seca do tipo “calabresa”. As pimentas ‘Malagueta’ são muito utilizadas para a confecção de molhos e conservas. Os pimentais são explorados por um período de dois anos. Tanto no primeiro como segundo ano são empregadas tecnologias simples, os sistemas são intensivos em mão-de-obra, sendo este o item que mais onera os custos no segundo ano (53,1%). No primeiro ano, os insumos são o grupo que mais pesa na composição dos custos no primeiro ano de exploração (47,2%). As sementes utilizadas na produção de mudas são colhidas nos pimentais dos próprios produtores.

Os indicadores básicos fornecidos pelas análises econômicas permitem afirmar que todos os sistemas são eficientes do ponto de vista técnico-econonômico. A rentabilidade das pimentas em todos os sistemas foram maior do que 1, indicando que cada unidade monetária (UM) aplicada na cultura retornou ao produtor em valores que variam de 1,72 UM para a pimenta ‘Tabasco’, alcançando até 2,24 UM para a pimenta ‘Malagueta’ no segundo ano. No caso da ‘Malagueta’ cultivada no segundo ano, esta etapa representa a exploração final do pimental e o produtor faz aplicações mínimas de insumos, sendo a mão-de-obra para colheita e acondicionamento o fator mais intensivo. Desta forma, os custos tornam-se mínimos e facilmente diluídos pela produtividade obtida, o que proporciona elevada margem de lucro ao (55,3%) ao produtor. Observa-se pelo ponto de equilíbrio da produção comercial que em todos os sistemas a produtividade apresentou significativa capacidade de diluir os custos variáveis da produção, portanto os sistemas considerados, apesar de empregar tecnologias simples, são todos eficientes do ponto de vista técnico-econômico. Esses sistemas podem se tornar ainda mais lucrativos com a utilização de materiais genéticos mais potentes associados à inovação da base técnica do produtor.

O cultivo de pimentas Capsicum deve ser recomendado para agricultura familiar como alternativa de diversificação da produção. A exploração de pimentas Capsicum, além de representar uma fonte importante de geração de emprego e renda na agricultura, são produtos que agregam valor na forma processada e detém amplas oportunidades de mercado, tanto na forma in natura como processada.

 

 

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