Coeficientes técnicos,
custos, rendimentos e rentabilidade
As pimentas do gênero Capsicum destacam-se como importantes
produtos do agronegócio brasileiro. Na pauta do comércio
internacional de hortaliças, o volume das exportações
brasileiras atingiu 8.479 toneladas no valor de US$ 17.344 mil em
2004. Em contrapartida, as importações foram de 641
toneladas no valor de US$ 1.403 mil. Desta forma, as pimentas Capsicum
beneficiaram a balança comercial brasileira com um superávit
US$ 15.941 mil. Comparando-se com o ano 2000, verifica-se que as
exportações aumentaram em volume (22,1%) e em valor
(43,0%).
Em razão da elevada capacidade de geração
de emprego e renda, principalmente para os pequenos produtores,
as pimentas Capsicum posicionam-se dentro da agricultura brasileira
como culturas de elevada importância socioeconômica.
Foi levantada a eficiência econômica
de diferentes sistemas de produção de pimentas Capsicum
praticados por pequenos produtores de diferentes regiões
do País. Foram considerados os coeficientes técnicos
e os custos de produção das pimentas mais valorizadas
pelo agronegócio brasileiro, como ‘Tabasco’,
‘Malagueta’, ‘Dedo-de-Moça’ (ou ‘pimentas
vermelhas’, uma denominação regional) e ‘Jalapeño’.
As informações foram coletadas por pesquisadores e
extensionistas diretamente nas áreas de produção
de Piracanjuba-GO (‘Malagueta’); Turuçu-RS (‘Dedo-de-Moça’);
Ouvidor-GO (‘Jalapeño’); e Crato-CE (‘Tabasco’).
Levando-se em conta as informações sobre os coeficientes
técnicos e custos de produção, utilizou-se
o método de orçamentação parcial para
realização das análises econômicas. Este
método, comumente utilizado em análises de perfil,
fornece os indicadores econômicos básicos para uma
cultura e, em geral, é aplicado em análises estáticas
comparativas de culturas ou ciclos de produção (PERRIN
et al., 1985; SCOLARI et al., 1985; SNODGRASS;
WALLACE, 1993; LAIARD; GLAISTER, 1996; EMBRAPA, 2002; ANDREWS; REGANOLD,
2004).
Os custos de produção de pimenta
‘Tabasco’ e ‘Jalapeño’ foram levantados
em 2001. Nestes sistemas operacionalizados por pequenos produtores,
os custos de produção por hectare são relativamente
baixos, quando comparados aos custos de outras hortaliças.
No sistema de produção de pimenta ‘Tabasco’,
o item que mais onerou os custos de produção são
os insumos (66,11%), principalmente os adubos químicos (33,4%)
e as sementes (20%), que em geral são importadas. O sistema
de produção de pimenta ‘Jalapeño’
também tem os custos de produção mais onerados
pelos insumos (41,2%), apresentando maior peso na composição
dos custos operacionais os adubos químicos (19,3%) seguidos
pelas mudas, que em geral são adquiridas de produtores especializados.
Os sistemas de produção de pimenta
‘Dedo-de-Moça’ e ‘Malagueta’ foram
levantados em 2002. Estes sistemas são conduzidos de maneira
simples, com baixo nível tecnológico e os custos variáveis
de produção também são baixos, não
chegando a R$ 4.000,00. A produção da pimenta ‘Dedo-de-Moça’
tem os custos de produção mais onerados pela mão-de-obra
(60,8%). Esta pimenta é utilizada desidratada como pimenta
seca do tipo “calabresa”. As pimentas ‘Malagueta’
são muito utilizadas para a confecção de molhos
e conservas. Os pimentais são explorados por um período
de dois anos. Tanto no primeiro como segundo ano são empregadas
tecnologias simples, os sistemas são intensivos em mão-de-obra,
sendo este o item que mais onera os custos no segundo ano (53,1%).
No primeiro ano, os insumos são o grupo que mais pesa na
composição dos custos no primeiro ano de exploração
(47,2%). As sementes utilizadas na produção de mudas
são colhidas nos pimentais dos próprios produtores.
Os indicadores básicos fornecidos pelas
análises econômicas permitem afirmar que todos os sistemas
são eficientes do ponto de vista técnico-econonômico.
A rentabilidade das pimentas em todos os sistemas foram maior do
que 1, indicando que cada unidade monetária (UM) aplicada
na cultura retornou ao produtor em valores que variam de 1,72 UM
para a pimenta ‘Tabasco’, alcançando até
2,24 UM para a pimenta ‘Malagueta’ no segundo ano. No
caso da ‘Malagueta’ cultivada no segundo ano, esta etapa
representa a exploração final do pimental e o produtor
faz aplicações mínimas de insumos, sendo a
mão-de-obra para colheita e acondicionamento o fator mais
intensivo. Desta forma, os custos tornam-se mínimos e facilmente
diluídos pela produtividade obtida, o que proporciona elevada
margem de lucro ao (55,3%) ao produtor. Observa-se pelo ponto de
equilíbrio da produção comercial que em todos
os sistemas a produtividade apresentou significativa capacidade
de diluir os custos variáveis da produção,
portanto os sistemas considerados, apesar de empregar tecnologias
simples, são todos eficientes do ponto de vista técnico-econômico.
Esses sistemas podem se tornar ainda mais lucrativos com a utilização
de materiais genéticos mais potentes associados à
inovação da base técnica do produtor.
O cultivo de pimentas Capsicum deve ser recomendado
para agricultura familiar como alternativa de diversificação
da produção. A exploração de pimentas
Capsicum, além de representar uma fonte importante de geração
de emprego e renda na agricultura, são produtos que agregam
valor na forma processada e detém amplas oportunidades de
mercado, tanto na forma in natura como processada.