Os solos utilizados para o cultivo de pimenta devem ser profundos, leves, drenados (com bom escoamento de água, não sujeitos a encharcamento), preferencialmente férteis, com pH entre 5,5 a 7,0. Devem ser evitados solos salinos ou com elevada salinidade, uma vez que as pimentas, assim como pimentão, são moderadamente sensíveis. Altas concentrações de sais no solo podem ser de origem natural ou resultantes do uso excessivo de fertilizantes, localização inadequada de fertilizantes ou ainda do uso de água de irrigação com altas concentrações de sais. A salinidade do solo, medida por meio da condutividade elétrica produzida por sais solúveis do solo a 25oC, deve estar abaixo de 3,5 cS/m de condutividade elétrica, pois a partir deste valor a produtividade começa a diminuir.
Do ponto de vista sanitário, recomenda-se que sejam evitadas áreas que tenham sido cultivadas nos últimos 3-4 anos com outras plantas da família das Solanáceas (como batata, tomate, berinjela, pimenta, jiló, fumo, Physalis) ou Cucurbitáceas (como abóbora, moranga, pepino, melão e melancia). Áreas com cultivos anteriores de gramíneas (milho, sorgo, arroz, trigo, aveia), leguminosas (feijão, soja) ou aliáceas (cebola, alho), são as mais indicadas.
O preparo consiste de limpeza da área, aração a uma profundidade de 30 cm, seguida de gradagem de nivelamento. Logo após a primeira gradagem faz-se a calagem de acordo com a análise de solo. Uma segunda gradagem é feita para incorporar o calcário ao solo e adequá-lo a sulcagem. O plantio pode ser feito em canteiros, mas o mais comum é o plantio em sulcos, que devem ter 30 a 40 cm de largura e 20 a 25 cm de profundidade. A distância entre os sulcos deve ser de 80 cm e devem ter uma declividade de 0,2% a 0,5% para facilitar o escoamento da água sem causar erosão. Após a incorporação de matéria orgânica (uma semana antes do plantio) e dos fertilizantes (um dia antes do plantio), o sulco ficará com a forma de ‘U’.
Em épocas chuvosas, recomenda-se a construção de canteiros com 20-25 cm de altura e 0,8-1,0 m de largura, para facilitar a drenagem e reduzir riscos de contaminação com murcha-de-fitóftora (Phytophhtora capsici). Se o plantio for feito em uma área pequena, os canteiros podem ser levantados com o auxílio de uma enxada.
A dose de calcário a ser aplicada, caso seja necessário, pode ser calculada com base na elevação da saturação de bases de um valor considerado adequado para cada lavoura. Para o cálculo é necessário que se tenha em mãos os resultados da análise e o valor de saturação de bases indicado para a espécie vegetal em questão. Adota-se a sequinte fórmula:
Dose de calcário (t ha-1) = (V2 - V1)T/PRNT
onde onde V2 é a saturação por bases desejada (70% a 80% para a pimenteira), V1 é a saturação de bases atual do solo [(Ca+2 + Mg+2 + K+) x 100/T], T é a capacidade de troca de cátions potencial do solo [Ca+2 + Mg+2 + K + (H+Al)], e
PRNT = poder relativo de neutralização total do cálcario a ser aplicado.