A interferência das plantas daninhas reduz a produtividade e qualidade dos frutos. Portanto, é necessário controlar as plantas daninhas, pelo menos durante o período crítico (cerca de dois terços do ciclo da cultura), ou seja, até que a cultura cubra suficientemente a superfície do solo, e não sofra mais interferência negativa delas. A necessidade de controle depende do grau de infestação e agressividade das plantas daninhas.
As plantas daninhas interferem diretamente no desenvolvimento da pimenta, competindo por água, nutrientes, luz e liberando substâncias aleloquímicas, que afetam a germinação e o crescimento da pimenteira. O grau de competição que uma planta sofre depende da cultura (espécie, variedade/cultivar, densidade e espaçamento de plantio) e da população de plantas daninhas (espécie, densidade, distribuição e duração do período de competição). Esses fatores podem ser modificados pelas condições edáficas (tipo, textura, fertilidade e umidade do solo), climáticas e práticas culturais (rotação e consórcio de cultivos).
O espaçamento e a densidade de plantio são fatores importantes no balanço competitivo, pois influenciam a precocidade e a intensidade do sombreamento promovido pela cultura. Plantios mais densos dificultam o desenvolvimento das plantas daninhas, as quais têm que competir mais intensamente com a cultura na utilização dos fatores de produção.
Após o PCI até o final do ciclo (Figura 1, fases G-I), as plantas daninhas não interferem significativamente na produtividade, mas podem amadurecer e aumentar o banco de sementes no solo, bem como servir de hospedeiros de insetos-pragas, fitopatógenos e nematóides, além de dificultar e onerar a colheita. Com a introdução da mosca-branca, que utiliza as plantas daninhas como hospedeiros, fonte de alimento e reprodução, a incidência de viroses na cultura tem crescido muito, reforçando a necessidade de adotar programas de manejo integrado de plantas daninhas.
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Agrotóxicos. <http://www4.anvisa.gov.br/AGROISA/asp/frm_pesquisa_agrotoxico.asp>.
As técnicas de manejo integrado de plantas daninhas são prevenção, erradicação e controle.
A prevenção consiste em se evitar a introdução e/ou disseminação de sementes ou qualquer propágulo vegetativo de plantas daninhas em áreas não infestadas (Figura 1, fases C-I). As medidas de prevenção e controle devem ser eficientes de forma a prevenir o aumento do banco de sementes ou propágulos vegetativos no solo, evitando que plantas daninhas cresçam e amadureçam suas sementes em áreas limítrofes, além de hospedarem insetos-praga e patógenos, são fontes para outras infestações dentro ou fora das áreas cultivadas. As plantas daninhas podem ser distribuídas pelo vento, água, máquinas e implementos, matéria orgânica, animais e por meio do plantio de mudas com torrão e lotes de sementes de hortaliças que contenham misturas de sementes de plantas daninhas. Fundamentalmente, a introdução e a disseminação das plantas daninhas nas áreas agrícolas são evitadas quando os mecanismos de disseminação delas são rigorosamente observados.
Erradicação é a eliminação de todas as estruturas de propagação de uma planta daninha de determinada área. Ela é, normalmente, usada em áreas pequenas e recentemente infestadas. Inspeções dos campos devem ser realizadas regularmente (Figura 1, fases C-I) para identificar focos iniciais e adotar medidas de controle dirigido de forma a erradicá-las. Muitas vezes a remoção mecânica é recomendada para eliminar plantas daninhas tolerantes ou resistentes a determinados herbicidas. O produtor deve ficar atento ao aparecimento de espécies novas (como por exemplo: a parasita Cuscuta spp.), devendo eliminá-las antes que produzam e disseminem suas sementes.
Controle é a supressão das plantas daninhas até um limiar de dano econômico, ou seja, até atingir um nível de controle onde a planta daninha remanescente não interfira significativamente na produtividade biológica da cultura (Figura 1, fases C-F). Esta é a prática de manejo mais comumente usada quando a planta daninha já está estabelecida. O controle e pode ser feito por meio de métodos culturais, mecânicos, químico (manejo direto, dirigido não seletivo) ou de forma integrada (Figura 1). A eficiência do controle dependerá do grau de infestação e agressividade das espécies de plantas daninhas, época do controle, estágio de desenvolvimento das plantas, condições climáticas, tipo de solo, disponibilidade de herbicidas, de mão-de-obra e de equipamentos e conhecimento da interação entre as plantas de pimenta e das plantas daninhas.
Preferencialmente, deve-se lançar mão dos métodos culturais e mecânicos, tais como: rotação de culturas, o uso de espaçamento e densidade adequados, coberturas orgânica e/ou inorgânicas do solo, solarização, cultivos e capinas.
O controle químico seletivo não é recomendado para a cultura de pimenta, em razão da falta de registro de herbicidas junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento[1].
O preparo do solo e a irrigação estimulam a germinação e desenvolvimento das plantas daninhas (Figura 1, fases C-E). Recomenda-se fazer o preparo do solo duas a três semanas antes do transplantio para permitir a germinação, crescimento e o controle pós-emergente das plantas daninhas (4 a 6 folhas definitivas) na área, por meio da aplicação de herbicidas de manejo não seletivos de ação de contato, como diquate e paraquate, ou sistêmica, como glifosato, realizada antes do transplantio das mudas de pimenta. O preparo do solo deve ser bem feito, livre de torrões e de resíduos dos restos culturais (Figura 1, fase C) facilitando, desse modo, o controle das plantas daninhas, proporcionando o estabelecimento e o crescimento vigoroso das mudas de pimenta.
O cultivo mecânico para controlar as plantas daninhas pode ser usado sozinho ou juntamente com os herbicidas de manejo e não seletivos. O cultivo é mais eficiente quando as plantas daninhas estão ainda pequenas, com 4 a 8 folhas definitivas. Nesse estádio as plantas daninhas podem ser removidas facilmente sem causar dano à cultura (Figura 1, fases E-F). A eficiência do controle mecânico sobre as plantas daninhas perenes é baixa, podendo aumentar o problema se os propágulos vegetativos forem removidos para locais não infestados.
O produtor de pimenta procura, sempre que possível, cultivar áreas sob rotação de culturas, evitando aquelas previamente utilizadas com solanáceas. A rotação adequada de culturas é importante para o manejo de plantas daninhas, pois as práticas culturais provocam mudanças na população de plantas, havendo a cada ano uma nova relação de interferência entre as diferentes espécies. Numa comunidade mista de plantas existe sempre um balanço competitivo entre as espécies, predominando as mais agressivas e adaptadas ao sistema de cultivos sucessivos ou de rotação.
Em virtude de não existir um método de controle que, aplicado isoladamente, proporcione resultados satisfatórios, capaz de prevenir o crescimento e a reprodução de todas as plantas daninhas, reduções substanciais nos níveis de infestação só poderão ser alcançadas com a integração das técnicas de manejo, entre as quais são empregados diferentes métodos de controle. Portanto, deve ser utilizado o manejo anual planejado, persistente e que empregue, fundamentalmente, diversas medidas integradas de controle e erradicação associadas a preventivas (Figura 1). Inclui ações que antecedem as primeiras operações de preparo do solo (Fase C) a partir do primeiro ciclo cultural (Fases A-I), por meio do levantamento, identificação e mapeamento das plantas daninhas presentes na gleba (Fase A), planejamento e escolha das técnicas de manejo possíveis de usar durante os ciclos culturais (Fase B), preparo do solo (Fase C), do plantio (Fase D), colheita (Fase H), período pós-cultivo (Fase I) e ações que visem o ciclo cultural subsequente (Fase J).