Embrapa Hortaliças
Sistemas de Produção, 2
ISSN 1678-880x Versão Eletrônica
Nov./2007
Pimenta (Capsicum spp.)
Autores

Sumário

Apresentação
Importância econômica
Botânica
Clima
Solos
Adubação
Cultivares
Produção de mudas
Plantio
Tratos culturais
Irrigação
Plantas daninhas
Doenças
Pragas
Colheita
Comercialização

Consumo
Processamento
Produção de sementes
Coeficientes técnicos
Referências
Glossário

Agrotóxicos



Expediente

Plantas daninhas

 

A interferência das plantas daninhas reduz a produtividade e qualidade dos frutos. Portanto, é necessário controlar as plantas daninhas, pelo menos durante o período crítico (cerca de dois terços do ciclo da cultura), ou seja, até que a cultura cubra suficientemente a superfície do solo, e não sofra mais interferência negativa delas. A necessidade de controle depende do grau de infestação e agressividade das plantas daninhas.

As plantas daninhas interferem diretamente no desenvolvimento da pimenta, competindo por água, nutrientes, luz e liberando substâncias aleloquímicas, que afetam a germinação e o crescimento da pimenteira. O grau de competição que uma planta sofre depende da cultura (espécie, variedade/cultivar, densidade e espaçamento de plantio) e da população de plantas daninhas (espécie, densidade, distribuição e duração do período de competição). Esses fatores podem ser modificados pelas condições edáficas (tipo, textura, fertilidade e umidade do solo), climáticas e práticas culturais (rotação e consórcio de cultivos).

O espaçamento e a densidade de plantio são fatores importantes no balanço competitivo, pois influenciam a precocidade e a intensidade do sombreamento promovido pela cultura. Plantios mais densos dificultam o desenvolvimento das plantas daninhas, as quais têm que competir mais intensamente com a cultura na utilização dos fatores de produção.

Após o PCI até o final do ciclo (Figura 1, fases G-I), as plantas daninhas não interferem significativamente na produtividade, mas podem amadurecer e aumentar o banco de sementes no solo, bem como servir de hospedeiros de insetos-pragas, fitopatógenos e nematóides, além de dificultar e onerar a colheita. Com a introdução da mosca-branca, que utiliza as plantas daninhas como hospedeiros, fonte de alimento e reprodução, a incidência de viroses na cultura tem crescido muito, reforçando a necessidade de adotar programas de manejo integrado de plantas daninhas.

 

 

ANVISA: Sistema de Informações sobre Agrotóxicos. <http://www4.anvisa.gov.br/AGROISA/asp/frm_pesquisa_agrotoxico.asp>.

 

As técnicas de manejo integrado de plantas daninhas são prevenção, erradicação e controle.

A prevenção consiste em se evitar a introdução e/ou disseminação de sementes ou qualquer propágulo vegetativo de plantas daninhas em áreas não infestadas (Figura 1, fases C-I). As medidas de prevenção e controle devem ser eficientes de forma a prevenir o aumento do banco de sementes ou propágulos vegetativos no solo, evitando que plantas daninhas cresçam e amadureçam suas sementes em áreas limítrofes, além de hospedarem insetos-praga e patógenos, são fontes para outras infestações dentro ou fora das áreas cultivadas. As plantas daninhas podem ser distribuídas pelo vento, água, máquinas e implementos, matéria orgânica, animais e por meio do plantio de mudas com torrão e lotes de sementes de hortaliças que contenham misturas de sementes de plantas daninhas. Fundamentalmente, a introdução e a disseminação das plantas daninhas nas áreas agrícolas são evitadas quando os mecanismos de disseminação delas são rigorosamente observados.

Erradicação é a eliminação de todas as estruturas de propagação de uma planta daninha de determinada área. Ela é, normalmente, usada em áreas pequenas e recentemente infestadas. Inspeções dos campos devem ser realizadas regularmente (Figura 1, fases C-I) para identificar focos iniciais e adotar medidas de controle dirigido de forma a erradicá-las. Muitas vezes a remoção mecânica é recomendada para eliminar plantas daninhas tolerantes ou resistentes a determinados herbicidas. O produtor deve ficar atento ao aparecimento de espécies novas (como por exemplo: a parasita Cuscuta spp.), devendo eliminá-las antes que produzam e disseminem suas sementes.

 

Controle é a supressão das plantas daninhas até um limiar de dano econômico, ou seja, até atingir um nível de controle onde a planta daninha remanescente não interfira significativamente na produtividade biológica da cultura (Figura 1, fases C-F). Esta é a prática de manejo mais comumente usada quando a planta daninha já está estabelecida. O controle e pode ser feito por meio de métodos culturais, mecânicos, químico (manejo direto, dirigido não seletivo) ou de forma integrada (Figura 1). A eficiência do controle dependerá do grau de infestação e agressividade das espécies de plantas daninhas, época do controle, estágio de desenvolvimento das plantas, condições climáticas, tipo de solo, disponibilidade de herbicidas, de mão-de-obra e de equipamentos e conhecimento da interação entre as plantas de pimenta e das plantas daninhas.

Preferencialmente, deve-se lançar mão dos métodos culturais e mecânicos, tais como: rotação de culturas, o uso de espaçamento e densidade adequados, coberturas orgânica e/ou inorgânicas do solo, solarização, cultivos e capinas.

O controle químico seletivo não é recomendado para a cultura de pimenta, em razão da falta de registro de herbicidas junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento[1].

O preparo do solo e a irrigação estimulam a germinação e desenvolvimento das plantas daninhas (Figura 1, fases C-E). Recomenda-se fazer o preparo do solo duas a três semanas antes do transplantio para permitir a germinação, crescimento e o controle pós-emergente das plantas daninhas (4 a 6 folhas definitivas) na área, por meio da aplicação de herbicidas de manejo não seletivos de ação de contato, como diquate e paraquate, ou sistêmica, como glifosato, realizada antes do transplantio das mudas de pimenta. O preparo do solo deve ser bem feito, livre de torrões e de resíduos dos restos culturais (Figura 1, fase C) facilitando, desse modo, o controle das plantas daninhas, proporcionando o estabelecimento e o crescimento vigoroso das mudas de pimenta.

O cultivo mecânico para controlar as plantas daninhas pode ser usado sozinho ou juntamente com os herbicidas de manejo e não seletivos. O cultivo é mais eficiente quando as plantas daninhas estão ainda pequenas, com 4 a 8 folhas definitivas. Nesse estádio as plantas daninhas podem ser removidas facilmente sem causar dano à cultura (Figura 1, fases E-F). A eficiência do controle mecânico sobre as plantas daninhas perenes é baixa, podendo aumentar o problema se os propágulos vegetativos forem removidos para locais não infestados.

O produtor de pimenta procura, sempre que possível, cultivar áreas sob rotação de culturas, evitando aquelas previamente utilizadas com solanáceas. A rotação adequada de culturas é importante para o manejo de plantas daninhas, pois as práticas culturais provocam mudanças na população de plantas, havendo a cada ano uma nova relação de interferência entre as diferentes espécies. Numa comunidade mista de plantas existe sempre um balanço competitivo entre as espécies, predominando as mais agressivas e adaptadas ao sistema de cultivos sucessivos ou de rotação.

Em virtude de não existir um método de controle que, aplicado isoladamente, proporcione resultados satisfatórios, capaz de prevenir o crescimento e a reprodução de todas as plantas daninhas, reduções substanciais nos níveis de infestação só poderão ser alcançadas com a integração das técnicas de manejo, entre as quais são empregados diferentes métodos de controle. Portanto, deve ser utilizado o manejo anual planejado, persistente e que empregue, fundamentalmente, diversas medidas integradas de controle e erradicação associadas a preventivas (Figura 1). Inclui ações que antecedem as primeiras operações de preparo do solo (Fase C) a partir do primeiro ciclo cultural (Fases A-I), por meio do levantamento, identificação e mapeamento das plantas daninhas presentes na gleba (Fase A), planejamento e escolha das técnicas de manejo possíveis de usar durante os ciclos culturais (Fase B), preparo do solo (Fase C), do plantio (Fase D), colheita (Fase H), período pós-cultivo (Fase I) e ações que visem o ciclo cultural subsequente (Fase J).

 

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