Com
a chegada dos navegadores portugueses e espanhóis ao continente americano,
muitas espécies de plantas foram descobertas, entre elas as pimentas. As
pimentas do gênero Capsicum já eram utilizadas pelos nativos e
mostraram-se mais picantes (pungentes) que a pimenta-do-reino ou
pimenta-negra, do gênero Piper, cuja busca foi, possivelmente, uma das
razões das viagens que culminaram com o descobrimento do Novo Mundo.
Diversos
relatos de exploradores do Brasil-colônia demonstram que a pimenta era
amplamente cultivada e representava um item significativo na dieta das
populações indígenas. Ainda hoje, a importância das pimentas continua grande,
seja na culinária, nas crenças, na medicina alopática ou natural e inclusive
como arma de defesa. São remédios para artrites (pomadas a base de
capsaicina), dores musculares (emplastro ‘Sabiá’), dor de dente, má digestão,
dor de cabeça e gastrite. A capsaicina, responsável pela pungência das
pimentas, é a única substância que, usada externamente no corpo, gera
endorfinas internamente que promovem uma sensação de bem-estar, acionando o
potencial imunológico.
Os
índios Caetés foram os primeiros brasileiros a usar a pimenta como arma, sem
imaginar que séculos depois a oleorresina de pimenta em aerossol ou em
espuma, os famosos ‘pepper spray’ e ‘pepper foam’, seriam utilizados pela
polícia moderna.
É
igualmente substancial a contribuição histórica brasileira na dispersão
destas plantas pelo mundo, eficientemente feita pelos navegadores portugueses
e pelos povos que eram transportados em suas embarcações. As rotas de
navegação no período 1492-1600 permitiram que as espécies picantes e doces de
pimentas viajassem o mundo. As pimentas foram então, introduzidas na África,
Europa e posteriormente na Ásia.
Cinco
séculos depois do descobrimento das Américas, as pimentas passaram a dominar
o comércio das especiarias picantes, sendo de relevância tanto em países de
clima tropical como temperado. Atualmente, a China e a Índia tem mais de
1.000.000 hectares cultivados com Capsicum, e os tailandeses e os
coreanos-do-sul, tidos como os maiores consumidores de pimenta do mundo,
comem de 5 a 8 gramas por pessoa/dia.
O
cultivo de pimentas ocorre praticamente em todas as regiões do país e é um
dos melhores exemplos de agricultura familiar e de integração pequeno
agricultor-agroindústria. As pimentas (doces e picantes), além de serem
consumidas frescas, podem ser processadas e utilizadas em diversas linhas de
produtos na indústria de alimentos. A área anual cultivada é de cerca de dois
mil ha e os principais estados produtores são Minas Gerais, Goiás, São Paulo,
Ceará e Rio Grande do Sul. A produtividade média depende do tipo de pimenta
cultivada, variando de 10 a 30 t/ha. A crescente demanda do mercado, estimado
em 80 milhões de reais ao ano, tem impulsionado o aumento da área cultivada e
o estabelecimento de agroindústrias, tornando o agronegócio de pimentas
(doces e picantes) um dos mais importantes do país. Além do mercado interno,
parte da produção brasileira de pimentas é exportada em diferentes formas,
como páprica, pasta, desidratada e conservas ornamentais.